A cidade de Madrid parece querer seguir as pisadas de muitas outras capitais mundiais e limitar a circulação automóvel em muitos dos pontos do seu interior. O objetivo de Manuela Carmena, presidente da câmara de Madrid, é impedir que os automóveis tenham acesso a uma boa parte do centro da cidade, limitando a circulação a veículos autorizados de residentes, comerciantes, táxis e de emergência, já em 2018.

Com os automóveis a perderem espaço no interior da cidade, o foco estará numa das principais vias de Madrid, a Gran Vía, que passará a estar mais orientada para a utilização por parte de peões e de ciclistas. A medida foi primeiramente anunciada na rádio Cadena Ser no início de novembro, tendo desde então sido anunciadas outras medidas por parte da autarquia local, como a interdição à entrada de carros particulares movidos a gasóleo na cidade em 2025.

Ensaios “positivos”

Em dezembro, houve já um período experimental de proibição de veículos na Gran Vía, com os resultados a serem apelidados como “muito positivos” por parte dos responsáveis pela mobilidade da autarquia madrilena. O próximo passo, com vista à implementação do plano de limitação de carros naquela via, será dado já este ano com o início de obras que visam facilitar a circulação de pessoas e de transportes alternativos.

Assim, será nivelado o solo, para que não exista uma diferença de alturas entre a estrada e os passeios, o que permitirá o encerramento ao trânsito automóvel quando assim for considerado adequado. A Gran Vía irá assim ser incluída na Zona de Prioridade Residencial (ZPR), ainda que estejam a ser levantadas muitas questões relativamente ao seu impacto, uma vez que aquela via atravessa a cidade praticamente de uma ponta à outra, pelo que a restrição ao trânsito poderá ser variável, mediante as necessidades de cada situação.

Neste mesmo sentido parece ir também a indicação de que existirão vias reversíveis com sinalização luminosa indicativa e medidas para melhorar os transportes públicos.

Oposição contesta

A medida de limitar a circulação de veículo próprio durante nove dias na época das compras de Natal (também por causa do elevado nível de emissões poluentes) acabou por gerar algumas críticas por parte da oposição, com a porta-voz do Partido Popular em Madrid, Esperanza Aguirre, a anunciar mesmo a sua intenção de processar a autarquia pela interdição de circulação na Gran Vía, alegando prejuízos para os comerciantes locais em época habitualmente propícia às compras de Natal.

Em declarações à esRadio, Aguirre apelou à tomada de outras medidas por parte da equipa de Carmena no sentido de reduzir a poluição, como substituir a frota de transportes públicos poluentes, mas teme que essa rota não seja seguida porque, enunciou, “[o encerramento da via] é uma coisa ideológica, há gente que sonha com uma cidade sem carros e não lhes importa nada as pessoas que tenham de levar os filhos ao colégio”.

As medidas serão ainda sujeitas a um período de consulta pública, estando ainda em aberto que tipo de questão será colocada aos cidadãos da capital espanhola.