Um projeto piloto promovido por Galp, Eletricidade dos Açores (EDA) e Nissan e que contou com a adesão de oito entidades permitiu testar a injeção de eletricidade a partir de baterias de veículos elétricos.

O projeto piloto iniciou-se em março de 2020 nas instalações da EDA, na ilha de São Miguel. Juntaram-se ainda ao projeto diversos provedores de serviços e parceiros estratégicos, nomeadamente a Nuvve, o INESC-TEC, a DGEG, a ERSE e o Governo dos Açores, através da Direção Regional de Energia.

Durante as 90 semanas em que o projeto V2G Açores decorreu, as baterias de uma frota de 10 Nissan Leaf e e-NV200 permitiram introduzir na rede elétrica da ilha de São Miguel, nos Açores, energia suficiente para alimentar diariamente 32 residências.

Este foi um dos resultados mais visíveis do projeto piloto que testou com sucesso a tecnologia Vehicle-to-Grid (V2G), que permite que os veículos elétricos deixem de ser apenas consumidores de eletricidade e possam também fornecer energia à rede elétrica quando estão estacionados.

A tecnologia V2G permite otimizar a rentabilidade de uma viatura recorrendo aos longos períodos que passa parada (90% do tempo), e foi desenvolvida com o objetivo de transformar os veículos elétricos em fontes de energia – e de receita -quando não estão em movimento.

“Com uma lógica descentralizada de fluxos bidirecionais, a tecnologia V2G permite que um carro elétrico carregue a sua bateria quando o preço da energia elétrica é mais barato e que descarregue a energia dessa mesma bateria para a rede elétrica ou para autoconsumo, quando o preço da energia é mais caro”, aponta a Galp.

Projeto nos Açores envolveu frota de dez veículos elétricos

Foi utilizada uma frota de 10 veículos elétricos da EDA que, somando um total de 43 mil horas de operação da tecnologia V2G, permitiu a injeção de mais de 100 MWh na rede elétrica e evitar a emissão de 15,2 toneladas de CO2 para a atmosfera.

“Tendo também como objetivo reunir informação e aumentar o know-how para a criação de um enquadramento legal/regulatório que permita passar de uma fase piloto da tecnologia V2G para uma fase de mercado – abrindo assim portas a novos modelos de negócio e novas abordagens para o mercado elétrico nacional -, o projeto desenvolvido nos Açores testou várias aplicações distintas desta tecnologia”, informa a Galp.

Reduções de até 50 euros

A poupança tarifária “Behind-the-Meter”, por exemplo, permitiu identificar que, por cada veículo, serão possíveis reduções até 50 euros mensais na fatura da eletricidade, através do carregamento em horas de super vazio, quando a eletricidade é mais barata, e fornecimento dessa energia em horas de ponta (eletricidade mais cara).

A transferência de consumos para períodos de super vazio também procurou ajudar a integrar mais produção renovável na rede.

“Tendo em conta que na ilha de São Miguel nos períodos noturnos existe a necessidade de fazer curtailment de eólicas – reduzir a produção de energia eólica para se ajustar à procura de energia – o carregamento dos veículos entre as 2h e as 5h da manhã visou utilizar essa energia, que não seria aproveitada, para recarregar as baterias dos veículos”, explica a empresa.

Outro dado interessante: as medições do estado de saúde da bateria (State of Health – SoH) permitiram quantificar o desgaste que a tecnologia V2G provoca, “não se tendo verificado grandes diferenças do SoH das baterias dos veículos utilizados no projeto em comparação com viaturas com quilometragem similar que nunca realizaram V2G”, salienta a Galp.