Publicidade Continue a leitura a seguir

Protocolo vai permitir conhecer a realidade (que ainda escapa às estatísticas) dos acidentes com trotinetes

Publicidade Continue a leitura a seguir

Protocolo entre a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária e o Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central permitirá um Raio X à sinistralidade com velocípedes e trotinetes.

A Autoridade Nacional de Segurança (ANSR) e o Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (CHULC) assinaram, esta sexta-feira, um protocolo de cooperação para melhorar a informação relativa aos acidentes envolvendo os utilizadores de velocípedes e equiparados, nomeadamente as trotinetes elétricas.

O Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, E.P.E. (CHULC) é uma unidade de saúde integrada, constituída por seis hospitais localizados na cidade de Lisboa: Hospital São José, Hospital Curry Cabral, Hospital Santa Marta, Hospital Santo António dos Capuchos, Hospital Dona Estefânia e Maternidade Dr. Alfredo da Costa.

No âmbito deste protocolo, o CHULC irá fornecer dados detalhados destes utilizadores, nomeadamente a idade, o género, o grau da gravidade das lesões, os traumas sofridos, o local do acidente, os veículos intervenientes, entre outros, que irão permitir à ANSR, em complemento dos dados recolhidos pelas forças de segurança, aprofundar o conhecimento sobre a sinistralidade associada a estes veículos, de modo a desenvolver as medidas mais adequadas.

“A par dos modos ativos tradicionais, os novos modos de micromobilidade estão a mudar a forma como as pessoas se movem diariamente e isto traz novos e urgentes desafios para todos os que trabalham e têm responsabilidades no setor”, refere a ANSR que tem vindo a desenvolver várias iniciativas nesta matéria, a última das quais no passado dia 17 de janeiro, no seminário “Mobilidade Ativa: Futuro em Segurança” que juntou mais de duas dezenas de especialistas das mais diversas áreas que deram o seu contributo para a promoção da segurança rodoviária, nomeadamente dos utilizadores deste veículos.

Embora a sinistralidade associada a estes utilizadores tenha diminuído ao longo da última década, em 2022 ainda perderam a vida 20 pessoas a andarem de bicicleta, representando 4,3% do total de mortos.

Relativamente aos utilizadores de trotinetes, e embora não exista registo de vítimas mortais, de acordo com os dados compilados pelas forças de segurança, face ao crescente aumento destes utilizadores, o número de feridos tem vindo a aumentar, tendo-se assinalado 14 feridos graves de janeiro até novembro de 2022, que compara com três em 2019, e 399 feridos ligeiros que compara com 81 em 2019.

Em 2022, foram admitidas 995 pessoas na Urgência Geral e Polivalente do CHULC-Hospital de São José devido a acidentes envolvendo trotinetes. No mesmo período, deram entrada 359 pessoas no Centro de Responsabilidade Integrado de Traumatologia Ortopédica (CRITO).

Cabe à ANSR, no âmbito das suas competências, receber e consolidar os dados recolhidos pelas forças de segurança referentes à sinistralidade rodoviária. Contudo, a recolha e registo de dados da sinistralidade associada à circulação de tais velocípedes é escassa uma vez que as entidades fiscalizadoras do trânsito nem sempre são chamadas ao local do acidente.

Assim, em muitos casos são os estabelecimentos hospitalares as únicas entidades que têm acesso aos dados relativos aos acidentes ocorridos com velocípedes em decorrência dos cuidados de saúde prestados aos respetivos intervenientes.

“Com a assinatura deste protocolo estarão criadas as condições para aumentar o conhecimento sobre a sinistralidade deste tipo de veículos e das lesões sofridas pelos seus utilizadores, que é fundamental para que se faça um diagnóstico correto e para que se adotem as melhores medidas para que as nossas cidades sejam cidades modernas, inclusivas, sustentáveis, saudáveis e seguras”, salienta a ANSR.