O Q6 estreia uma nova plataforma para veículos elétricos – que a Porsche já usa no novo Macan -, bateria de 100 kWh com arquitetura de 800v e capacidade para carregar a 270 kW, e autonomias de até 634 km.
Texto: Paulo Tavares
Este é um modelo decisivo para a Audi, sobretudo porque é o ponta de lança de uma enorme ofensiva de produto, que surge ao fim de quase dois anos sem grandes novidades. Aliás, este Q6 e-tron esteve longos meses em espera, com sucessivos atrasos na chegada ao mercado, adiamentos que a Audi atribui a problemas de software.
O Q6 e-tron preenche o espaço entre os dois irmãos SUV, o Q4 e o Q8, recorre à nova plataforma PPE do Grupo VW, estreada na nova geração do Porsche Macan, e está disponível em três iterações: Q6 50 e-tron, que vale 77.349€; Q6 55 e-tron quattro, por 82.949€ e o mais desportivo SQ6 quattro, disponível por 97.818€. As potências vão dos 306 cv da versão Q6 50 aos 490 cv do SQ6, passando pelos 388 cv do Q6 55.
A bateria de iões de lítio é a mesma para todas as versões, com uma capacidade bruta de 100 kWh e capacidade útil de 94,9 kWh. A Audi anuncia uma autonomia de 836 km em ciclo urbano para a versão menos potente, que em ciclo WLTP faz 634 km. Perante o mesmo exercício WLTP, o Q6 55 promete 618 km e o SQ6 596 km.
O peso varia entre 2200 kg da versão 50 e os 2350 kg das outras duas versões, o que não impede performances de respeito. 4,4’’ dos 0 aos 100 km/h e 230 km/h de velocidade de ponta para o SQ6; 5,9’’ para a versão Q6 55 e 6,6’’ para o Q6 50, sendo que ambas as versões atingem os 210 km/h de velocidade de ponta.
Para lá destes números, a Audi garante que o Q6 é capaz de entregar elevados níveis de emoção, com um novo design do eixo dianteiro e da direção, que tornam este SUV mais ágil, e restantes elementos do chassis “afinados de acordo com o ADN Audi”. Nas versões quattro, a distribuição de binário é orientada para o eixo traseiro, que conta ainda com pneus mais largos, ajudando a uma condução mais dinâmica.
Permitindo carregamentos com um máximo de 270 kW – uma potência raríssima na rede de carregadores públicos em Portugal -, é possível carregar o Q6 e-tron dos 10% aos 80% em pouco mais de 20 minutos, ou conseguir 260 km de autonomia com 10 minutos de carga.
No exterior, o Q6 e-tron tem uma frente marcada pelos faróis de olhar rasgado e tecnologia Led Matrix, e uma grelha singleframe tipicamente SUV e agressiva. As laterais apresentam linhas marcadas a reforçar as cavas das rodas e vincos laterais que ajudam, diz a Audi, a diminuir a percepção de altura. A traseira é dominada pelas novas ópticas OLED. A preocupação com a eficiência aerodinâmica nota-se ao primeiro olhar, sendo que o Q6 apresenta um Cx de 0,29, um valor bem simpático para um SUV destas dimensões.
O interior é espaçoso e tipicamente Audi nos detalhes de design e organização do espaço. O painel é marcado por um enorme ecrã direccionado para o condutor, que agrupa todos os comandos e sistemas essenciais à condução, e um ecrã mais pequeno, opcional, destinado ao pendura. A bagageira oferece 526 litros e, com os bancos rebatidos, pode chegar a mais de 1500 litros. Na frente, há uma frunk, com 64 litros e que pode servir para guardar os cabos.
A lista de sistemas de assistência ao condutor é longa, como é atualmente típico em qualquer proposta premium (e não só), com destaque para o Adaptive Driving Assistant Plus que, nas palavras da Audi, “ajuda o condutor a acelerar, a travar, a manter a velocidade e a distância definida em relação ao veículo da frente, bem como a orientação na faixa de rodagem. Isto pode aumentar o conforto de condução, especialmente em viagens longas. O sistema utiliza vários sensores para monitorizar permanentemente as imediações do veículo. Estes incluem o sensor de radar instalado na frente do veículo, a câmara frontal e os sensores ultrassónicos”.
O Q6 estreia ainda uma nova arquitetura eletrónica, que garante “um novo nível de digitalização”, com cinco computadores que controlam todas as funções do veículo, desde os diferentes sistemas de apoio à condução, infortainment, conforto, segurança e conectividade. A Audi fala de um sistema à prova do futuro, disponível para receber atualizações OTA e que, a prazo, será alargada a todo o grupo. Esta nova arquitetura e as exigências ao nível do desenvolvimento do software são responsáveis, em boa parte, pelos sucessivos adiamentos da entrada do Q6 no mercado.
A Audi aposta forte neste Q6 – e nos restantes lançamentos previstos para o segundo semestre de 2024 -, para relançar uma marca sem novidades há demasiado tempo. O Q6 está disponível para encomenda desde abril e as primeiras unidades chegam às mãos de clientes em Portugal até ao final de julho.
À semelhança de outras marcas, a Audi tem prevista uma edição especial do Q6 e-tron, dedicada às empresas e com o preço em cima do limite máximo para os incentivos fiscais à compra de veículos elétricos – 62.490€.