Quantas baterias de smartphone são necessárias para alimentar um carro elétrico?

10/07/2021

Pode um carro elétrico usar baterias de telemóveis para mover-se na estrada? Quantas teríamos de juntar para as mesmas performances e autonomia? A Kia fez as contas:

Num mundo digital, conectado e eletrificado, as baterias converteram-se no componente-chave da indústria moderna. A sua tecnologia evoluiu a toda a velocidade na última década, impulsionada pelo aumento exponencial da procura e dos progressos enormes das prestações e capacidades dos computadores, smartphones, tablets e outros gadgets. As baterias dos automóveis elétricos beneficiaram inicialmente com as inovações chegadas da eletrónica de consumo, até que por fim os papéis acabaram por inverter-se. Mas os dois universos perseguem objetivos comuns: mais capacidade e mais velocidade de carga, com menor tamanho e peso possíveis.

Mas as baterias de um automóvel e de um smartphone apenas diferem apenas no tamanho e no número de células, ou há mais diferenças entre elas? É possível alimentar um carro elétrico com as baterias de muitos telemóveis?

A Kia, com o apoio dos especialistas, responde: “Se quiséssemos desenvolver um elétrico com as mesmas prestações do e-Niro, a partir de baterias convencionai de telefones móveis (de 4.000 mAh e 3,6 volts), precisaríamos de agrupar nada menos do que 4.444 baterias!

Mas não é só o número que assusta. Havia ainda que empregar-se a topologia 45p98s, isto é agrupar 45 baterias em paralelo, com 98 packs em série. E, muito importante, todas compactadas num compartimento blindado e dotado de um sistema de refrigeração eficaz.

O que dizem os especialistas

Álvaro Caballero, professor do Departamento de Química Inorgânica e Engenharia Química e investigador na Universidade de Córdoba, especialista na tecnologia de baterias explica que “as diferencias entre ambas provém da necessidade de energia tão distinta que requer mover um carro elétrico ou fazer funcionar um telemóvel. Mas a tecnologia da bateria é a mesma: a célula recarregável de iões de lítio baseada num ânodo de grafito e um cátodo principalmente formado por um óxido que contém lítio, cobalto, magnésio e níquel”.

Ainda assim, com diferenças na utilização de células prismáticas de configuração plana nos telefones, que permite que sejam tão finas como um cartão de crédito, por exemplo. A bateria o Kia e-Niro emprega 294 células de polímero de lítio de tipo “pouch”, com um ciclo de vida mais elevado. Também existem diferenças evidentes no tamanho e na autonomia, condicionadas tanto pelas dimensões do producto como pelo uso que se vai fazer do mesmo, respetivamente.

Uma bateria para um smartphone tem 3 mm de espessura e um peso de apenas 80 gramas, enquanto a bateria do e-Niro pesa 445 kg na sua versão de 64 kWh. A composição e a densidade energética das suas células interiores são, contudo, semelhantes: 250 Wh/kg no Kia e 246 Wh/kg num telemóvel.

Por outro lado, num smartphone, as baterias têm entre 3,7 V e 3,85 V; no e-Niro, a voltagem é de 356 V, cifra que aumenta até aos 800 V no novo Kia EV6, por exemplo.

Por último, a potência de carga também é diferente. Um Kia e-Niro pode recarregar até 80% da sua capacidade com um carregador de 100 kW em 42 minutos. Nesse tempo, a bateria do e-Niro é capaz de acumular 51,2 kWh, enquanto o smartphone só tem capacidade de recargar 11,84 Wh, ou seja 0,01184 kWh.