Em novembro de 2021, os automóveis elétricos superaram as vendas dos veículos a gasóleo pela primeira vez em Portugal. Mas, mesmo numa fase de clara aceleração na mudança do paradigma da mobilidade, são vários os fatores que ainda travam a democratização da tecnologia. Entre estes, os mitos sobre as baterias e a sua longevidade.
De acordo com a DECO, na atual geração de carros elétricos, é pouco provável que precise de substituir as baterias. “O mais previsível é que as baterias consigam durar tanto como o veículo no seu todo. E, depois do período de garantia, é expectável que o consumidor conte com autonomia e capacidade de carga suficientes para as viagens”, pode ler-se no estudo publicado na edição de janeiro da revista Proteste.
De acordo com a associação de defesa do consumidor, a maioria das marcas aplica uma garantia de oito anos ou 160 mil quilómetros a uma bateria com capacidade mínima de 70 por cento. “A Tesla sobe a fasquia para 192 mil quilómetros, no Model 3 Long Range, e 240 mil, nos Model S e X. A Lexus é um caso notável. Para o modelo UX 300e, propõe uma extensão de dez anos, ou um milhão de quilómetros, face a defeitos funcionais da bateria e degradação da capacidade abaixo dos 70%: basta ao cliente seguir o plano recomendado”, explica a DECO.
Afinal, quantos quilómetros aguenta a bateria?
Este dado é crucial sobretudo para quem compra um carro elétrico em segunda ou terceira mão, o que será cada vez mais frequente. Neste sentido, os estudos mais fiáveis sobre a degradação das baterias revelam que um veículo elétrico da primeira geração pode garantir 150 mil quilómetros com uma capacidade de carga superior a 80 por cento.Para a DECO, as baterias já duram e vão durar todo o período de vida do veículo com uma degradação de 20 a 30 por cento. Ou seja, um nível de degradação que não inviabiliza o uso do carro, considerando “indispensável que os fabricantes materializem esta confiança, aumentando o período de garantia das baterias para 200 mil quilómetros com uma capacidade de carga mínima de 80 por cento”.
Como exemplo, o desempenho da Tesla, sobretudo com as maiores baterias, num estudo com 1500 proprietários da marca de Elon Musk, que revelou uma capacidade residual média de 90% depois de viajarem mais de 400 mil quilómetros.
Trocar a bateria é opção?
Substituir a bateria do carro elétrico representa um custo adicional significativo. Contudo, a DECO considera que o custo total em todo o período de vida do carro elétrico continua a ser inferior ao dos veículos a combustão. “Nestes, os custos de manutenção aumentam de forma significativa com os quilómetros e a idade do veículo, o que não sucede nos carros elétricos, onde o aumento é mais leve. Após o final do período de garantia, os custos de manutenção não programada disparam nos automóveis a combustão. Nos elétricos, há menos componentes de desgaste e menos complexidade mecânica”, explica.
“As despesas avultadas por avaria em fim de vida sucedem em todas as tecnologias. Quando o custo da reparação é superior ao valor residual do veículo, já não compensa avançar e o veículo é considerado em fim de vida, seja qual for a tecnologia”, sublinha a DECO.