“Queremos providenciar uma boa experiência de utilização dos pontos de carregamento”, diz fundador da Powerdot

02/05/2023

José Maria Sacadura, fundador e general manager da Powerdot adianta, em entrevista ao Motor 24, que a empresa pretende alcançar os 19.000 pontos de carregamento de veículos elétricos, nos países europeus onde estão presentes, dentro de dois anos.

 

Com uma presença cada vez maior no mercado, a Powerdot dispõe de 1.000 postos de carregamento de veículos elétricos em Portugal e outros tantos na Europa. E o objetivo é continuar a crescer, segundo explica José Maria Sacadura, fundador e general manager ao Motor 24. Até 2025, a empresa espera ter alcançado os 19.000 postos nos países europeus onde se encontram presentes, graças a uma estratégia de parcerias com vários parques de estacionamento.

Segundo afirma o responsável da Powerdot, nesta entrevista, é possível – e desejável – tornar o momento de carregar o veículo mais “atraente” e, sobretudo, “útil”, razão pela qual a empresa investirá forte (18 milhões de euros em 2023) em infraestruturas inovadoras e designadas Destination Charging.

Quantos carregadores tem a Powerdot ativos em Portugal? E na Europa?

Em Portugal, temos cerca 1000 pontos de carregamento e na Europa temos também 1000 pontos de carregamento em operação. No que toca às nossas instalações, a decorrer, temos no total em pipeline cerca de 10.000 pontos de carregamento. Tudo isto fruto do investimento, trabalho da equipa e confiança nos nossos parceiros proprietários de parques de estacionamento.

E quantos espera ter em 2025?

Pretendemos atingir a meta de 19.000 pontos de carregamento até essa data, em todos os mercados onde estamos a operar na Europa.

Nos próximos dois anos, a empresa pretende investir 300 milhões de euros neste mercado — 18 milhões ainda em 2023. Atendendo ao tempo de adaptação da sociedade aos veículos elétricos, quando espera a Powerdot ter retorno deste investimento?

Temos as nossas previsões, mas não poderei revelar por questões de concorrência e confidenciais, mas as perspetivas são animadoras e garantimos que iremos prestar o melhor serviço de mobilidade elétrica na Europa, quer na oferta em número de carregadores quer na qualidade da operação.

Destination Charging: a ideia é tornar mais “atraente” ou útil o momento de carregar o veículo elétrico? Considera que isso implica ainda uma mudança considerável no comportamento do condutor português?

Diria que, essencialmente, um dos maiores entraves é a mudança de hábito como refere. Com o carro a combustão, estamos habituados a ter depósito cheio ou vazio, quase como uma questão binária. No elétrico a mentalidade é diferente. Vamos carregando à medida do tempo, mesmo que tenha 50% na bateria, se paro num supermercado para fazer compras, num restaurante para almoçar ou num ginásio para fazer exercício, aproveito e carrego, não sendo necessário chegar até aos 100%, posso confortavelmente ficar ali com 70%. Com o carro elétrico vamos carregando à medida que o carro vai estando parado em parques de estacionamento.

Que medidas complementares pode a empresa implementar para acelerar este processo?

O que podemos fazer é investir em mais infraestrutura de carregadores para veículos elétricos em locais estratégicos onde as pessoas naturalmente vão, como os centros comerciais, supermercados, restaurantes, hotéis, ginásios entre outros. Queremos também providenciar, cada vez mais, uma boa experiência de utilização dos pontos de carregamento, quer com um nível operacional de excelência quer também com uma experiência cómoda quando se carrega o veículo, diminuindo as barreiras no acesso ao carregamento.

 

De que forma está a Powerdot a contribuir, já hoje, para acabar com a range anxiety?

Ao investirmos em mais e mais carregadores, estamos a dar a possibilidade de as pessoas carregarem de forma mais fácil em qualquer parque. É essencial existir redundância de oferta de carregadores no mesmo parque, permitindo que, quando algum carregador estiver ocupado, existir outra possibilidade de carregador. Outra forma de diminuir o range anxiety é colocar carregadores mais rápidos e que se adaptem ao use case de utilização do parque de estacionamento.

Esta mudança comportamental a nível da mobilidade poderá mudar também o rosto da paisagem urbana? De que forma?

No carregamento em espaço público pode existir (e já existe) uma mudança na paisagem urbana, visto que há mais carregadores nos passeios. Existem formas de mitigar este impacto na paisagem urbana como a integração de candeeiros urbanos com carregadores elétricos.

A existência de um posto de carregamento pode ser um fator de decisão para um hotel ou restaurante, por exemplo?

Se fizermos a analogia com outras infraestruturas, é fácil perceber o quão rapidamente as expetativas dos consumidores se alteram. Num passado não tão distante, ter wi-fi num espaço comercial era algo novo e exclusivo. E o suficiente para uma pessoa mudar os hábitos de consumo e preferir ir a determinados cafés e restaurantes em vez de outros que não apresentavam estas soluções. O princípio é semelhante. No momento de escolha, os locais que apostam em infraestruturas de suporte tendem a diferenciar-se dos restantes. No caso do carregamento de carros elétricos existe ainda um fator que não pode ser ignorado — o impacto ambiental.

Quais as mais-valias da parceria com o grupo Accor? E qual o balanço até ao momento?

As mais-valias são providenciar aos clientes do grupo Accor um novo serviço quando frequentam o hotel e também atrair novos clientes. É uma parceria vantajosa para ambas as partes e feita a nível Europeu. Já temos os primeiros postos de carregamento em operação em França e em breve também teremos em Portugal, onde acreditamos que será um sucesso.