A Renault acaba de dar um passo significativo para a sua afirmação como marca líder na venda de automóveis eléctricos na Europa – um em cada quatro tem o emblema do losango. O ZOE, também ele o campeão de vendas no Velho Continente, vai passar a propor, a partir do final de Janeiro, uma bateria com quase o dobro da capacidade, 400 quilómetros segundo a norma NEDC (Novo ciclo de Condução Europeu – com base em consumos e emissões), o que se traduz, na prática, na possibilidade de percorrer 300 quilómetros apenas com uma carga de energia.
Uma viagem entre Lisboa e a região de Óbidos confirmou que os 300 quilómetros podem não ser miragem ao volante deste ZOE R90 ZE40 (é essa a designação do modelo), desde que haja estrito respeito pelas balizas que a condução de um veículo elétrico impõe – para muitos um exercício de paciência e resignação – e, a par disso, que se cumpram todos os limites de velocidade.
Circulando pelas velhas estradas nacionais e não fazendo mais do que meia dúzia de quilómetros de via rápida, e ainda assim estipulando os 100 km/h como limite nesta situação, o ZOE atingiu o objetivo, após mais de 130 quilómetros, com autonomia para outros 180. A média andou um pouco acima dos 50 km/h.
No regresso, maioritariamente por auto-estrada, as coisas mudaram de figura. Depois de uma carga rápida que nos dava autonomia para 295 quilómetros, num trajeto mais curto (cerca de 90 quilómetros), cumprido, primeiro com o cruise-control nos 120 km/h regulamentares, depois apenas controlando a mesma velocidade máxima com o acelerador, numa tentativa de potenciar a autonomia, o consumo foi claramente superior e, à chegada, “sobrava” carga na bateria para mais 120 quilómetros.
Novos horizontesO balanço da experiência tem, no mínimo, de considerar-se razoável. Os ganhos na autonomia abrem outros horizontes à mobilidade elétrica, possibilitam um quotidiano bem mais descontraído àqueles que pretendam fazer a viagem entre casa e o emprego e menos stress aos que se abalançam ao passeio de fim de semana.
A condução deste ZOE é agradável. A suspensão continua a privilegiar o conforto de marcha, sempre de nível superior porque também há outro silêncio a bordo. A capacidade de aceleração impressiona no arranque (4,1 s de 0 a 50) mas é vulgar nos 0-100 (13,2 s) – o carro pesa quase tonelada e meia; confortável é dispor de um binário de 225 Nm para 92 cv , um compromisso muito interessante e que garante a desenvoltura necessária para uma condução descansada e segura. No que respeita ao comportamento em curva, uma resposta que satisfaz sem surpreender. Mas o cliente de um elétrico deste tipo não vai à procura de grandes performances nem de um carro desportivo. Importante é registar uma habitabilidade em bom plano e que até existe uma bagageira digna do nome: 338 litros!
Como foi possível
Aquilo que a Renault fez com a LG Chem, a empresa coreana parceira no “negócio” foi aumentar a capacidade de armazenamento da bateria de 22 para 41 kWh úteis, conseguindo manter as dimensões e aumentando ligeiramente o seu peso. Para isso, melhorou-se a química das células e aumentou-se a quantidade de substância ativa otimizando o design e a espessura das 192 células divididas pelos mesmos 12 módulos.
Estas baterias são montadas na fábrica de Flins, nos arredores de Paris, a mesma onde é produzido o ZOE (utiliza a linha do Clio). O motor é também Renault, integralmente concebido pela marca e produzido na Normandia.
O carregamento pode durar ate 30 horas numa tomada doméstica, mas com um carregador caseiro de 7 kw bastarão sete horas. Num carregador rápido 80 a 90 por cento da carga podem ser obtidos entre 65 e 100 minutos.
Escolha alargada
A Renault vai continuar a oferecer a possibilidade de escolher entre as duas baterias, o que significará uma poupança de 2500 euros para quem opte pela autonomia de 240 quilómetros. Os níveis de oferta são dois com preços de 22 150 a 29 650 euros, para o ZOE já conhecido. A nova versão, com a bateria ZE 40 tem seis ofertas distintas, com preços entre os 24 650 e os 36 950 euros, custo da versão topo de gama, designada Bose, a qual, entre outros argumentos, conta com uma cor exclusiva em tom de cinzento, estofos em couro, outro acabamento para o tablier e, claro, um sistema de som da conceituada marca norte-americana que integra sete altifalantes.
O que aí vem
Em 2017 os proprietários dos ZOE em vários países europeus vão poder usar o ZE Trip e o ZE Pass duas aplicações que permitem planear os seus trajetos, ter acesso à listagem dos postos de carregamento disponíveis e ao seu tipo, rápido ou não, e fazer o pagamento das cargas através do smartphone, dispondo mesmo dos preços praticados por cada fornecedor.
As funcionalidades serão também enriquecidas com a navegação porta a porta, já no primeiro semestre de 2017. Graças a esta navegação, explica a Renault, o condutor pode programar e seguir um itinerário completo tanto no smartphone, quando se desloca a pé, como no sistema de navegação do ZOE, quando está ao volante.
Basta selecionar o destino na sua aplicação e, em seguida, enviá-lo para o Renault R-LINK. Ao entrar no automóvel, beneficia de imediato, de um itinerário automaticamente pré-programado.
Características | |
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Motor | elétrico, síncrono |
Baterias | Iões de lítio, 41 kWh |
Transmissão | Tração dianteira, velocidade única |
Potência | 92 CV/3.000-5.000 rpm |
Binário | 225 Nm/3.000 rpm |
0-100 km/h | 13,2 s |
Velocidade máxima | 132 km/h (limitada) |
Consumo | 13.3 kW/100 km |
Bagageira | 338/1.225 litros |
Peso | 1.480 kg |
Preço | 24.500 euros (versão ensaiada: 29.500 euros) |
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