Renting escapa às restrições no fornecimento de veículos

30/07/2022

No primeiro semestre de 2022, o renting cresceu 11,4% em número de viaturas novas, comparado com período homólogo do ano passado.

O desempenho do leasing, factoring e renting no primeiro semestre do ano alinhou-se pelo crescimento da economia nacional, registando progressos nos três setores, face ao período homólogo do ano passado. “Aparentemente imune aos efeitos da guerra no início do semestre, o financiamento especializado superou mesmo, em alguns segmentos, números relativos a 2019”, revelam os dados semestrais da Associação Portuguesa de Leasing, Factoring e Renting (ALF).

Os maiores ganhos verificam-se no factoring, com uma expressiva subida da produção, 27,1% além do período homólogo de 2021, e cerca de 20% acima do ano pré-pandémico, num total de 20,1 mil milhões de euros.

Os segmentos do factoring doméstico e do factoring internacional demonstraram igualmente um forte crescimento dos créditos tomados, com crescimentos de 21,8% e 21,7%, respetivamente.

O setor do leasing denota um crescimento pouco expressivo, mantendo-se nos 1,1 mil milhões de euros, em relação ao primeiro semestre de 2021. Observando os dados da ALF, a Locação Financeira Mobiliária apresenta-se como o fator de pressão em baixa, com uma queda de 4,4%, para uma produção de 697,2 milhões de euros entre janeiro e junho. Pelo contrário, o financiamento imobiliário por via do Leasing aumentou 10,1%, para 408 milhões de euros (ainda aquém dos 430 milhões do ano pré-pandemia).

No leasing Mobiliário, o investimento em equipamentos fixou-se em 235,2 milhões de euros, num total de 3 685 contratos, aquém dos 279,8 milhões do período homólogo de 2021. Para esta queda de produção estará também a contribuir a restrição crescente no fornecimento de viaturas automóveis ligeiras novas. Na locação financeira, a leitura do total de ligeiros e pesados revela uma redução de quase 900 veículos financiados, num total de 12 279 viaturas.

Este desempenho na locação financeira mobiliária acompanha a tendência do mercado total de viaturas em Portugal neste período. Dados da ACAP apontam para uma redução na matriculação de ligeiros e pesados de 9,4% no 1o semestre de 2022.

“A escassez de automóveis revelou-se menos penalizadora para o setor do renting. No primeiro semestre deste ano, o renting cresceu 11,4% em número de viaturas novas, para 13 569 unidades. Estas viaturas ascenderam a 326,4 milhões de euros, crescendo 19,9% em relação ao valor do período homólogo de 2021. Analisando valores de 2019, último ano sem pandemia ou falta de automóveis novos, o setor mostra uma resiliência acrescida ao registar, até ao final de junho, um crescimento no valor das viaturas adquiridas na ordem dos 9,1%”, diz a ALF.

A frota gerida pelas empresas de renting ascendeu a perto de 124 mil viaturas, um crescimento de 4,1% e 7,2%, em relação ao 1o semestre de 2021 e 2019, respetivamente. O desempenho em contraciclo com o mercado automóvel nacional comprova a crescente adesão de empresas e particulares ao modelo do renting.

“A guerra na Ucrânia, a persistente subida da inflação e os previsíveis riscos da rutura do fornecimento de gás à indústria e às famílias nas maiores economias europeias, não tiveram no primeiro semestre um efeito retardador da recuperação do financiamento especializado no seu todo. Ainda que o leasing denote aparentes efeitos adversos na aquisição de viaturas, devido à crise dos semicondutores, o renting tem conseguido, através de uma boa gestão e da adaptabilidade do setor, manter o crescimento”, destaca Luís Augusto, presidente da ALF. “As associadas da ALF têm acompanhado a melhoria da economia nacional, reforçando o seu contributo para a boa gestão da tesouraria das empresas através do factoring e para a formação do PIB português no cômputo dos três produtos”.