Seat usa arroz para fabricar peças de automóveis

26/10/2020

O arroz é o alimento mais popular do planeta. Todos os anos, são colhidas mais de 700 milhões de toneladas de arroz no mundo; cerca de 140 milhões são cascas. Desperdício que a Seat quer aproveitar para produzir componentes para o interior dos seus automóveis.

Num projeto piloto de inovação baseado na economia circular, a marca espanhola está a testar a utilização de Orizita como substituto de produtos plásticos. Esta nova matéria-prima já está a ser utilizada nos revestimentos do Leon, na porta do porta-bagagens, no duplo piso de carga da bagageira e no revestimento do tejadilho. De acordo com o construtor, à primeira vista, estes não diferem em nada dos fabricados com tecnologia convencional, com a vantagem de serem bastante mais leves, faltando apenas confirmar que quantidade de casca pode ser utilizada para que sejam cumpridos a 100% os requisitos técnicos e de qualidade.

“Na Seat estamos sempre a trabalhar na procura de novos materiais para melhorar os nossos produtos e, neste sentido, a casca de arroz permite-nos uma redução de plásticos e materiais derivados do petróleo”, explicou Joan Colet, engenheiro de desenvolvimento de acabamentos interiores na Seat. “As peças são mais leves, o que diminui o peso do veículo, reduzindo assim a pegada de carbono”, afirmou, acrescentando que “também estamos a utilizar um material renovável, promovendo a economia circular e produzindo um produto mais verde”.

O duplo piso do porta-bagagens, por exemplo, passa por testes de carga em que deve suportar até 100 quilos de peso concentrados num mesmo ponto para comprovar a sua rigidez e resistência. Também passa por testes térmicos, que são realizados na câmara climática, para analisar a sua resistência ao calor, frio e humidade.

Já Iban Ganduxé, CEO da Oryzite, parceira no projeto, explica que na “Câmara de Arroz de Montsià, com uma produção de 60.000 toneladas de arroz por ano, procuramos uma alternativa para aproveitar toda a quantidade de casca que é queimada, cerca de 12.000 toneladas, e para a converter em Orizita, um material que, misturado com compostos termoplásticos e termofixos, pode ser modelado”.