À medida que os consumidores urbanos adotam cada vez mais novas soluções de mobilidade, incluindo opções multimodais autónomas, conectadas, elétricas e partilhadas, as seguradoras terão de evoluir as suas ofertas tradicionais de seguro automóvel para a “proteção da mobilidade”.
A ideia consta do World Property and Casualty Insurance Report do Capgemini Research Institute, publicado em colaboração com a Qorus.
De acordo com esta análise, a sustentabilidade está na vanguarda das principais preocupações dos consumidores e dos reguladores: em todo o mundo os segurados estão a demonstrar um forte interesse por veículos conectados e movidos a energias alternativas (66%), bem como por veículos autónomos (49%).
“Ainda que os consumidores não estejam dispostos a substituir para já os seus veículos pessoais, existe um desejo crescente de adicionar novas opções de mobilidade”, analisa a Capgemini Research Institute.O estudo revela que a adoção de soluções de micro mobilidade, de veículos partilhados e de soluções de transporte multimodal entre os clientes urbanos irão passar dos atuais 29% para 58% em 2025”. O relatório também conclui que esta mudança de comportamento dos clientes deverá fazer com que os prémios dos veículos autónomos, conectados, elétricos e partilhados aumentem oito vezes, passando de 70 mil milhões de dólares para 570 mil milhões de dólares até 2030.
“O setor da mobilidade está à beira de uma profunda transformação. Para uma transição bem-sucedida para esta nova era da mobilidade, as seguradoras devem aproveitar a sua experiência em gestão de riscos e fazer parcerias com especialistas dentro de seu ecossistema, como os InsurTechs e as BigTechs, de modo a conseguirem proteger toda a jornada do consumidor. As organizações que testam propostas de valor de mobilidade de alto potencial e escalam soluções de mobilidade através de plataformas de seguros conectadas estão mais bem posicionadas para poderem continuar a ser relevantes no mercado e manterem níveis de crescimento sustentados,” afirma Kiran Boosam, Global Insurance Industry Leader da Capgemini.
PROTEÇÃO DA MOBILIDADE EXIGE NOVOS MODELOS DE NEGÓCIO.
“Esta nova era de mobilidade exigirá que as seguradoras alterem os atuais modelos e evoluam de segurar ativos para protegerem as viagens multimodais, adotando novos modelos de negócio baseados na personalização”, sublinham os analistas.
Porém, observa a Capgemini, atualmente, as seguradoras não estão preparadas para satisfazer as expectativas dos segurados. Menos de um terço das seguradoras (29%) referiram que detêm as capacidades necessárias para o desenvolvimento de novos produtos, e ainda menos (26%) afirmaram que possuem os talentos necessários para poderem oferecer soluções de mobilidade centradas no cliente.
Segundo o estudo, com a mobilidade autónoma, conectada, elétrica e partilhada a ganhar escala, os modelos integrados de seguros estão a ganhar popularidade, o que preocupa as seguradoras sobre a desintermediação em toda a cadeia de valor, desde a distribuição à subscrição e gestão de sinistros. “Para responder a esta tendência, uma das soluções passa por criar um ecossistema de mobilidade que ofereça seguros de subscrição modulares capazes de satisfazerem as expectativas dos clientes em termos de coberturas de mobilidade únicas, enquanto oferecem serviços diferenciados e de elevado valor acrescentado. No entanto, apenas 21% das seguradoras afirmam ter operacionalizado parcerias com o ecossistema de mobilidade que lhes permitam responder às necessidades dos consumidores”, referem estes analistas.
O estudo realça que, para 67% das seguradoras, um roteiro tecnológico bem definido e orientado para a mobilidade é fundamental para terem sucesso neste contexto. No entanto, apenas uma seguradora em cada três (33%) afirma possuir um. Para responder a estas expectativas, “as seguradoras devem aproveitar a sua experiência em matéria de risco e fazer parcerias com especialistas do ecossistema de mobilidade que lhes permitam passar da venda de produtos para o fornecimento de soluções de mobilidade que vão de encontro às exigências do cliente”, defendem os consultores.