SUV. Como os elétricos vão matar o formato automóvel da moda

15/01/2023

Vincent Cobée, CEO da Citroën, acredita que o segmento SUV tem os dias contados, por incompatibilidade com a proposta de mobilidade sem emissões de escape.

O formato da carroçaria e a tecnologia da moda, SUV e EV, não são compatíveis afinal. Ainda que a esmagadora maioria dos catálogos dos construtores apontem em sentido contrário, Vincent Cobée, CEO da Citroën, acredita que o segmento que vale atualmente mais de metade das vendas no Velho Continente já estará em desaceleração, por incompatibilidade com a proposta de mobilidade sem emissões de escape.

Em entrevista concedida aos ingleses do Auto Express, o executivo francês admitiu que realmente não há números que apoiem esta sua teoria, mas explica porque acredita que os SUV têm os dias contados. E tudo se resume à aerodinâmica.

“Num EV com bateria, se a sua aerodinâmica estiver errada, a penalização em termos de autonomia é enorme”, afirmou. “Você pode perder 50 quilómetros entre uma aerodinâmica boa e má, e entre um SUV e uma berlina estamos a falar de 60/70/80 quilómetros com muita facilidade.”, acrescentou.

Cobée também acha que a solução atual para SUVs e crossovers exclusivamente elétricos, que passa por recorrer a baterias cada vez maiores, nem sempre será possível. Aliás, considera que o aumento do peso médio dos automóveis nos últimos tempos “não é aceitável”.

“As pessoas começarão a limitar o peso e os tamanhos das baterias, seja por meio de impostos, incentivos, regulamentação, nomeação e vergonha”, disse o CEO. Neste ponto, é importante observar que a França começará a tributar os veículos por peso. “[O] segmento D [SUV] será morto por aerodinâmica e peso.”

Cobée recorda que, na década de 1970, um carro pesava cerca de 700 kg. Agora, o peso médio do veículo é de 1.300 kg. E não se surpreenderia se “amanhã” um carro pesasse em média 2,2 toneladas…

Outro princípio que não jogará a favor dos formatos automóveis mais ‘insuflados’ no futuro está relacionado com mudança de perceção. À medida que a crise climática global continua a revelar-se com mais intensidade, os SUV vão provavelmente ser os novos alvos da causa ambientalista.

“Se mora numa cidade grande, há cinco anos, se levava os filhos à escola num grane SUV, você era um homem”, explica. “Agora, se fizer isso, você é um ‘terrorista’”, concluiu.