Apesar de não sermos fãs do ‘design’ da anterior geração do Model 3, não podemos ignorar o seu incontestável sucesso. Entre 2018 e 2020 foi o automóvel elétrico mais vendido no mundo.
No exterior, damos as boas vindas à nova frente e assinatura luminosa. A traseira também viu os farolins serem redesenhados com um design que melhorou a aerodinâmica, e apesar de não ser revolucionário, é aquele que, na nossa opinião, o Model 3 deveria ter tido desde o início.
Na nova geração, os problemas referidos foram alvo da atenção da Tesla, que melhorou a qualidade dos materiais e respetiva montagem, resolvendo ainda a questão do ruído proveniente do exterior com para-brisa e vidros duplos na frente.
Para entrar no Model 3 basta aproximar a chave semelhante a um cartão de crédito do pilar central, ou ter a aplicação da Tesla instalada no smartphone, que pode ficar no bolso. No interior reina o minimalismo com a eliminação praticamente total de botões físicos, que foram digitalizados para o monolítico ecrã de infoentretenimento com 15,4 polegadas. Até o sentido de marcha é escolhido ao deslizar o dedo no painel, bem como o travão de parqueamento.
Sentimos falta de um painel de instrumentos – que muitos donos do modelo acabam por comprar de fabricantes terceiros e montar -, para verificar informação básica como a velocidade, mas não foi o que nos causou maior transtorno durante a condução.
Também as hastes na coluna de direção foram vítimas do minimalismo da Tesla que colocou botões para os piscas no volante e reinventou uma funcionalidade aperfeiçoada há décadas: sempre que pretendemos sair numa rotunda não fomos capazes de assinalar a intenção, pois o braço do volante com o botão passa para o lado oposto. Algo que não é só uma questão de hábito, ao contrário do que nos tentam convencer.
Não há quem tenha um amigo, ou conhecido, dono de um Tesla, que não glorifique tudo o que é possível fazer através da aplicação. Orgulhosos, mostram como a partir do smartphone veem a localização do carro, acionam a buzina, abrem a bagageira, programam o carregamento da bateria, recebem atualizações de software. De facto, o ecossistema da marca é possivelmente o melhor do mercado, ao integrar a rede de carregamento no sistema de navegação e permitir programar uma viagem sem percalços.
Para lidar com a potência acrescida, o chassis foi melhorado, os travões foram sobredimensionados e a suspensão é agora adaptativa. Para aceder à entrega total da performance deste Model 3, é preciso ativar o novo modo exclusivo Pista V3. Foi uma agradável surpresa verificar que esta versão já não impressiona apenas a andar em frente.
É agora possível escolher uma boa estrada de montanha e “castigar” o sistema de travagem sem que este ceda no final das primeiras curvas. As afinações do chassis juntamente com a suspensão adaptativa controlam com eficácia a transferência de massas em curva e nem parece que estamos a conduzir um automóvel com duas toneladas.
Além disso, ainda é possível transportar até cinco pessoas que têm um ecrã dedicado para a fila de trás com 8 polegadas – onde até é possível ver Netflix ou YouTube -, com amplo espaço na bagageira.
Apesar de questionarmos se o nome Autopilot não será enganador, o sistema de assistência ao condutor tem um dos melhores conjuntos de funcionalidades da indústria, com um funcionamento suave e capacidades impressionantes, como a mudança automática de faixa.
Durante o nosso teste obtivemos uma média de consumo de 16,8kWh, que com a bateria de 75kWh daria para uma autonomia de 446km, abaixo dos 528 anunciados pela marca. Com um preço a partir de 57 490 euros, não é possível comprar um automóvel novo, elétrico ou não, com esta performance, por este valor.
AVALIAÇÃO | |
Qualidade geral 9 | |
Prestações 10 | |
Espaço 9,5 | |
Segurança 9 | |
Condução 9,5 | |
Consumos 8,5 | |
Preço/Equipamento 9 | |
Ergonomia 8 | |
8.9 PONTUAÇÃO GERAL |