Os anos 30 do século passado foram para muitos a época dourada da Bugatti, desde logo pelo palmarés de luxo nos grandes palcos da competição, mas também pelo sucesso incrível do Type 57, produzido em requintada e rapidíssimas versões de estrada. Da fábrica da marca de Molsheim terão saído cerca de 700 unidades deste modelo brilhante, das quais apenas 42 correspondiam à versão S, e nenhuma como a que irá na próxima semana a leilão, depois de 50 anos em ‘hibernação’.
Datado de 1937, este exemplar foi encomendado à Bugatti por Robert Ropner, da família dona da Ropner Shipping Line, com uma carroçaria desenhada pelo preparador Corsica de Londres. E se a particularidade de ser dos poucos Bugatti Type 57S produzidos, é um de apenas três fabricados sobre o chassis de baixo peso criado para o Type 57G Tank de competição.
Relativamente aos Type 57 ‘convencionais’, o 57S contava com afinação específica da suspensão, mais próximo do asfalto (o S era precisamente a sigla de ‘Surbaissé’, rebaixado em português), e motor de 3,3 litros com oito cilindros em linha a debitar 175 CV de potência.
De acordo com os registos oficiais, o segundo dono desta raridade foi Rodney Clarke, fundador da equipa British Connaught Grand Prix, que o conservou até 1969, ano em que seria comprado por Bill Turnbull, engenheiro que se dedicou ao seu restauro. E, desde essa data, há precisamente 52 anos, que o bólide não viu mais a luz do dia.
De acordo com a Bonhams, o processo de arranjo estava praticamente terminado aquando da morte do seu proprietário, em 2020. O clássico precisa de um “retoques finais”, especifica a reputada leiloeira, que sublinha que o veículo se encontra muito bem conservado e praticamente original, o que faz disparar o interesse dos colecionadores.
O ‘Dulcie’, como ficou conhecido devido ao registo ‘DUL 351’ na documentação, será leiloado no próximo dia 19 de fevereiro, em Londres, onde se espera que alcance um valor de entre os 5 e os 7 milhões de euros.
Sholto Gilbertson, diretor da Bonhams Motor Cars no Reino Unidos, explica: “Outros Bugatti 57S conhecidos estão em museus ou coleções famosas… Este pode bem ser o último Bugatti pré-guerra escondido.”
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