Volkswagen tem “um, talvez dois anos” para dar a volta à situação

17/09/2024

A Volkswagen tem “um, talvez dois anos” para inverter as dificuldades financeiras que vive. O alerta foi dado pelo diretor financeiro da marca, perante 25.000 trabalhadores.

 

Arno Antlitz disse aos trabalhadores que a Volkswagen está a gastar mais dinheiro do que ganha e que a situação se tornou insustentável.

Os comentários de Antlitz surgem numa altura em que crescem os receios de que a marca alemã possa encerrar fábricas na Alemanha para cortar custos, o que nunca aconteceu nos 87 anos de história da marca.

A Volkswagen já começou a cancelar os acordos laborais assinados nos 90 e que garantiam a segurança do emprego até 2029.

Em comunicado, o diretor de Recursos Humanos da empresa, Gunnar Kilian, afirmou que “temos de permitir que a Volkswagen AG reduza os custos na Alemanha para um nível competitivo, a fim de investir em novas tecnologias e novos produtos com os nossos próprios recursos.

Crescem assim as perspetivas de despedimentos a partir do próximo ano e de consequente agitação laboral no grupo Volkswagen, tanto mais que a líder do principal sindicato, Daniela Cavallo, já veio culpar a administração do grupo por tomar “muitas decisões erradas” nos últimos anos.

Em causa, segundo os sindicatos, o ter sido lenta na tomada de decisão sobre o desenvolvimento de veículos elétricos acessíveis e o não ter apostado na construção de automóveis híbridos.

Foi neste contexto que Arno Antlitz afirmou perante os trabalhadores que “há já algum tempo que gastamos mais dinheiro na marca do que ganhamos. Isso não pode ser bom a longo prazo. Se continuarmos assim, não teremos sucesso na transformação”

A Volkswagen, foi revelado, está atualmente a braços com um défice de produção de cerca de 500 000 veículos, o que suscita dúvidas quanto ao regresso das vendas aos níveis anteriores à pandemia.

A Volkswagen está a ter grandes dificuldades no mercado chinês, fundamental para um bom desempenho dos construtores ocidentais, bem como no mercado dos veículos elétricos.

O desempenho de vendas da Volkswagen tem sido misto. No segundo trimestre de 2024, as vendas do Grupo VW aumentaram 1,9% na Europa e registaram um crescimento na América do Sul e nos EUA.

Apesar destes resultados encorajadores, o fabricante viu as suas vendas caírem 8,2% na Ásia, em grande parte devido à forte concorrência dos fabricantes chineses.

Para aumentar a pressão, as vendas de veículos elétricos na Europa diminuíram 15,2%, ameaçando os agressivos planos de transição para os veículos elétricos da empresa.

Na sua intervenção perante os trabalhadores, Antlitz sublinhou: “Ainda temos um ano, talvez dois anos, para dar a volta à situação. Mas temos de aproveitar este tempo”.