Soluções digitais para a mobilidade foi o tema do painel que juntou especialistas de empresas de carregamento elétrico. O desafio, mais do que tecnológico, é conquistar a confiança dos consumidores. Esse é o ponto central para mudar mentalidades e virar o mercado para as energias renováveis.

Soluções digitais é o que não vai faltar no futuro. Qualquer que venha a ser o próximo obstáculo, a tecnologiaencontrará uma saída. Essa é uma certeza que Thomas Hoogevenn, diretor-geral de mercado e desenvolvimento de negócios da Allego Group, assume sem hesitar. E, como tal, quando um debate centrado nas respostas digitais para a mobilidade sobe ao palco do Portugal Mobi Summit, o olhar tem também de se virar para para outros tipos de barreiras que pouco têm a ver com avanços no conhecimento e na investigação. “A confiança dos consumidores nessas tecnologias é que será fundamental para garantir que a adesão será em massa”, adverte o gestor da multinacional holandesa de soluções de carregamento elétrico.

E o que quer o consumidor? Em primeiro lugar, quer transparência e controlo no uso dos seus dados e as tecnologias blockchain podem vir a facilitar essa tarefa. Mas também querem sentir segurança nos aspetos mais pragmáticos do dia-a-dia. Isto é, ligar o motor do automóvel e saber logo à partida que não vão ficar pelo caminho sem bateria suficiente para chegar ao destino. Esse é um receio que paira hoje sobre os condutores, reconhece José Mota, engenheiro de hardware da Nuvve: “Mas a verdade é que a maioria das pessoas nem precisa de tanta autonomia porque não percorre distâncias muito grandes nas suas deslocações urbanas.” É medo que fala mais alto e isso é o que trava muitos consumidores na hora de optar entre um veículo elétrico e outro a combustível fóssil.

É certo que, em Portugal, por exemplo, ainda não existe uma rede de carregamentos rápido tão alargada como nos restantes países europeus. Mas e, voltando à questão da tecnologia, é só uma questão de tempo. “De muito pouco tempo”, prevê José Henriques, administrador executivo da EFACEC. Num futuro próximo, o carro será não somente carregado em movimento, como com recurso a wireless, opções aliás que já existem, embora não sejam ainda comuns. “Carregar em movimento – para quem nunca ouviu falar – é colocar o carro num carril e pô-lo a deslizar numa passadeira enquanto a bateria é abastecida.

Em alguns países, aliás, o carregamento já se paga com cartão contactless e, neste momento, até já é possível chegar a casa e carregar a bateria do automóvel nas horas em que as energias renováveis estão disponíveis. “Ou até armazenar essa mesma energia que sobrou para vender mais tarde à rede pública”, explica José Mota. Muitos avanços já se fizeram na mobilidade elétrica e o caminho – explica o administrador executivo da EFACEC – continuará a passar pelas “soluções digitais integradas”, permitindo não só fazer carregamentos, como armazenar e ainda fazer a gestão eficiente dessas mesmas energias.

Está tudo bem encaminhado, mas o passo seguinte é que terá de ser gigante, já que em causa está fazer o mesmo para os veículos pesados. Falamos de frotas comerciais, de camiões a percorrer milhares de quilómetros na estrada ou de navios de carga a atravessar oceanos. “Tecnicamente tudo é possível”, assegura Thomas Hoogeveen. Saber quando é que isso vai acontecer é que já é mais complicado. “Há quem pense que deverá demorar ainda uns 5-10 anos, mas há também os que julgam que pode acontecer dentro de muito menos tempo”, diz o responsável do Allego Group. É uma resposta pouco precisa, mas a boa notícia é que os navios elétricos já são projetos a acontecer em estudos exploratórios e testes-piloto. Voltamos portanto ao início: a tecnologia encontrará sempre uma saída.

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