Um dos maiores desafios da mobilidade sustentável é o transporte de mercadorias e pessoas através de veículos pesados já que as frotas das empresas ainda são maioritariamente constituídas por veículos movidos a combustíveis fósseis.
Esta realidade está a mudar por exigência da diversificação dos modelos de negócio mas não só, e foi tema do debate “Eletrificação das Frotas Pesadas” no Portugal Mobi Summit a decorrer na Nova SBE até domingo.
“Para uma empresa que constrói veículos pesados de transporte de passageiros não há alternativa a não ser contribuir para a emergência climática, até porque é esse o desejo dos clientes”, começou por reconhecer Jorge Pinto, CEO da CaetanoBus, na abertura do painel.
A decisão de eletrificar os veículos pesados que teve a ver com a “orientação da empresa para o futuro” aliado ao objetivo de “contribuir para a descarbonização”.“A eletrificação das frotas pareceu-nos inevitável”, afirmou Jorge Pinto.
O futuro será elétrico e não exclusivamente para os veículos, sejam pesados ou ligeiros. Herbert Seelmann, Head of Business Unit eMobility da Siemens, destacou a importância de capacitar e estender as competências da sua empresa a toda a cadeia de valor a produção de energia elétrica.
A Siemens acumula 170 anos de experiência na eletrificação e a produtora de componentes “não quer produzir apenas o motor ou o carregador mas contribuir para a própria rede” – que pode eletrificar autocarros, comboios ou veículos ligeiros.
“Somos parceiros da CaetanoBus e também estamos a trabalhar com outras empresas nesta área”, explicou Herbert Seelmann destacando que “Portugal tem um centro de competências da Siemens na área dos carregamentos elétricos em que é muito importante para a empresa.”
“O grande desafio é substituir o diesel e a gasolina – que atualmente ainda representam a maior parte da frotas – por alternativas com a mesma densidade energética e facilidade de carregamento”, reconheceu Jorge Pinto, CEO da CaetanoBus.
“Um veículo pesado é mais difícil de eletrificar mas é uma questão de se repensar a mobilidade”, defendeu Herbert Seelmann, Head of Business Unit eMobility da Siemens.
“Claro que um autocarro elétrico não pode fazer 300 quilómetros nas cidades”, e por isso, “é preciso repensar toda a cadeia da operação de transporte”.
“Um veículo que faz uma linha urbana poderá ser carregado no final da carreira num posto de carregamento ultra rápido”, exemplificou.
“Depende da vontade dos decisores”, começou por responder Herbert Seelmann. Atualmente, o maior desafio da eletrificação dos veículos pesados de transporte não está na tecnologia mas nas infraestrutura.
“Tem de existir compromisso das entidades públicas para investir na infraestrutura”, e o muito do que é preciso fazer tem a ver com as condições para que a mobilidade elétrica seja acessível.
“Às vezes falta investimento dos governos nas infraestruturas necessárias”, apontou o gestor da Siemens.
Jorge Pinto também falou sobre a necessidade de investimento público nesta área para os autocarros elétricos passem a ser em maior número em todas as cidades.
E para que a eletrificação das frotas pesadas possa descolar, o líder da empresa de autocarros não tem dúvidas: “tem que ser acarinhada e apoiada numa fase inicial porque há também uma nova geração a fazer pressão e há uma consciencialização cada vez maior”.
Novidades na mobilidade mais sustentável com veículos pesados
Ambos os intervenientes no painel de debate apontaram para as novidades que estão a desenvolver nesta área.
A CaetanoBus caminha “em direção a soluções de zero emissões” e para além da eletrificação, está também investir na mobilidade a hidrogénio.
“O hidrogénio tem eficiência superior ao diesel e não tem o problema do peso das baterias, mas ainda não sabemos se esta tecnologia vai descolar depende da evolução tecnológica das baterias”, explicou o CEO Jorge Pinto.
A empresa construiu um autocarro a hidrogénio em parceria com a Toyota – o H2. City Gold – cujo protótipo saiu em junho da linha de produção e está em fase de testes e que já com “potenciais clientes estão interessados”.
Por seu lado, a Siemens está envolvida em projetos de eletrificação de autoestradas na Suécia e na Alemanha.
Através de catenárias que permitem carregar os veículos pesados em movimento – um processo semelhante ao que já acontece com os comboios – dedicadas no caso sueco a autocarros e no caso alemão a camiões.
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