Os primeiros verdadeiros carros autónomos só deverão aparecer no mercado lá para 2025. No nosso país, a aposta na inovação é uma realidade, mas alguns agentes dos setor automóvel acreditam que Portugal não vai conseguir acompanhar o movimento por culpa do Estado. Outros são mais otimistas e acreditam num futuro risonho.

Carros elétricos e carros autónomos. Os primeiros já andam nas estradas portuguesas, os segundos estão ainda numa fase experimental. Mas o que estão a fazer as empresas das várias fases do processo do setor automóvel a laboral em Portugal a fazer nesta área. Foi este um dos temas do painel “Conversas com a Indústria by CeiiA – O Carro do Futuro, de Portugal para o Mundo”, no segundo dia do Portugal Mobi Summit.

Estamos a apostar muito na condução autónoma. Hoje ainda não existe uma condução autónoma de nível 5 – chegar ao carro e dizer leva-me para casa. E avalia-se que será mais difícil do que se pensava”, afirmou Carlos Ribas, CEO da Bosch Car Multimedia Portugal. “Para isso temos de criar parcerias entre empresas, um ecossistema. Acredita-se que em 2025, 2026 poderão aparecer os primeiros carros autónomos”.

Na Autoeuropa, empresa do grupo Volkswagen e que é o maior investimento em Portugal, a produção está centrada nos Volkswagen T-Roc e Sharan e o Seat Alhambra. “Ainda não vamos passar para a produção de elétricos na Autoeuropa. Mas o grupo está a apostar na mobilidade elétrica e isso irá continuar a acontecer nos próximos cinco a seis anos”, adiantou Miguel Sanches, diretor-geral da Volkswagen Autoeuropa.

A aposta no setor elétrico é uma história já com 11 anos na EFACEC e “nos últimos cinco anos teve uma desenvoltura acentuada”. “A mobilidade elétrica é algo em que acreditamos. Acreditamos na sustentabilidade e na descarbonização e na eletrificação. Não olhando só para o veículo elétrico, mas para tudo, desde a rede elétrica ao utilizador”, sublinhou Nuno Silva, diretor de Inovação da EFACEC.

Não existem automóveis sem interiores e é esse o negócio da Simoldes. “É uma empresa familiar que nos últimos anos progrediu bastante na área da inovação. Antes apostávamos só no industrial. Temos construtores automóveis que nos procuram pelos serviços de inovação”, revelou Júlio Grilo, diretor de Inovação da Simoldes. “As empresas em Portugal têm de introduzir inovação no seu processo de produção”, alertou.

Fundição de metais e ligas leves é o negócio da Sakthi, uma multinacional asiática que tem a sua presença na Europa sediada em Portugal. “Travões, caixas de velocidade… Quando pensamos no carro do futuro, o ferro fundido não é a primeira coisa que nos vem à cabeça. Por isso, a procura de novos materiais é algo que temos ciente na nossa cultura. Como ligas de alumínio, por exemplo”, notou Vítor Anjos, COO da Sakthi Portugal SP21. “Há outro desafio adicional que é a questão do veículo elétrico ter um terço de materiais do tipo do que nós fornecemos em relação aos carros normais. E é aí que nós estamos focados. Acreditamos que daqui a 30/40 anos haverá um mix de automóveis e que teremos de fornecer os vários tipos de ligas de metais.”

O carro do futuro

Mas a verdadeira questão é se Portugal está preparado para produzir o carro do futuro? “As empresas estão prontas para mudar tudo quando for preciso. Vai depender mais do governo e das autorizações”, afirmou sem hesitações Carlos Ribas, CEO da Bosch Car Multimedia Portugal. “A preparação das multinacionais para o elétrico é muito rápida. A vontade existe. Mas a dramatização em torno da gasolina e do gasóleo deve ser mais moderada, pois esses motores agora são limpos. As empresas, de uma forma geral, pensam da mesma forma, estamos prontos a avançar”.

Também estamos a investir no habitáculo, como vai ser o interior do veículo. Acredito que o carro do futuro vai ser muito divertido”, aventou ainda o responsável da Bosch.

Miguel Sanches, diretor-geral da Volkswagen Autoeuropa, é menos otimista. “A indústria portuguesa é todo um ecossistema que começa nas universidades, nos centros de desenvolvimento… Não, não estamos preparados. Os apoios para que as PME se transformem para os desafios que aí vêm são muito lentos para dar resposta. Se demorarmos demasiado tempo a dar respostas não vamos conseguir”. “Se tivermos de esperar um ano, um ano e meio, por uma aprovação, a inovação já passou”, concordou o responsável da Bosch.

Podemos não estar inteiramente preparados, mas acho que cada um de nós fará a sua parte”, defendeu, mais otimista, Nuno Silva, diretor de Inovação da EFACEC. “Na eletrificação do setor da mobilidade, Portugal começou cedo, começou bem e tem condições para continuar. O futuro é imensamente risonho. Acabámos o ano de 2018 com mais de dois milhões de carros elétricos na estrada”, rematou.

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