Joanna Drake, diretora adjunta de ambiente da Comissão Europeia, José Mendes, secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade, António Coutinho, administrador da EDP Comercial, e Vanessa Loureiro, administradora não-executiva da Efacec, debateram o preço e a urgência da transiçao energética.

Domingos Andrade, diretor do Jornal de Notícias, revelou o elefante na sala, no arranque do debate da Portugal Mobi Summit sobre a transição energética e o ambiente: a fatura a pagar por esse processo. “Tem um custo, um preço, como tudo. O que importa é comparar o custo com o benefício”, respondeu José Mendes, secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade. “Queremos que a Europa sobreviva e continue a ser um sucesso e uma inspiração. Não temos outra alternativa para a salvação do planeta e futuro dos nosso filhos”, resumiu Joanna Drake, diretora adjunta de ambiente da Comissão Europeia.
Nenhum dos intervenientes esteve com rodeios quanto à urgência deste processo, mas o ainda secretário de Estado da Mobilidade (a partir de amanhã será secretário de estado do Planeamento), foi o mais incisivo: “Não podemos mudar de planeta. É uma questão de vida ou de morte”.
António Coutinho, administrador da EDP Portugal, lembrou que a eletricidade representa apenas 20% do consumo energético e que as energias renováveis são a forma mais barata de produzir energia sem CO2. “Se descarbonizarmos toda a produção de eletricidade ficam a faltar 80% da energia consumida. É preciso descarbonizar a energia, não só a eletricidade”.
Como disse, a eletrificação do transporte é uma realidade que está a acontecer. E a Efacec apresentou-se como exemplo disso referindo ter eletrificado toda a frota automóvel, por exemplo. Confrontado com estudos que concluem que a eletrificação da mobilidade é prejudicial para o ambiente, José Mendes garantiu conhecer bem os argumentos dos construtores automóveis e desvalorizou-os. “É normal que digam que esta transição tem custos. Não há um estudo credível que diga que com eletrificação da mobilidade as emissões de CO2 vão aumentar”, comentou.
Para a questão do armazenamento é que “ainda não há grandes soluções”, admitiu Vanessa Loureiro, da Efacec. “Precisamos de abordagens equilibradas e inteligentes e que se resolva o problema do armazenamento”, concordou José Mendes, dirigindo-se à plateia e concluindo que 100% dos presentes teria um telemóvel e, portanto, uma bateria do tão controverso lítio.
José Mendes salientou o papel de liderança da Europa que considerou fundamental que se mantenha. “Apesar de tudo, o bloco regional que consegue abordagem mais equilibrada nesta matéria é o europeu. Manter a liderança é ser capaz de canalizar recursos financeiros para esta questão”, defendeu.
“Há uma dinâmica, um ímpeto e a nova Comissão, que esperamos que até 1 de dezembro assuma funções… o green deal europeu é crucial. O que vai ser novo neste green deal? O mais importante é a sua centralidade. Temos de estar mais integrados entre o que somos agora e o que vamos ser em 2050. Não podemos fazer as coisas em silos”, afirmou Joanna Drake, diretora adjunta de ambiente da Comissão Europeia.
Mas como “esta matéria não conhece fronteiras”, como referiu José Mendes, há que ajudar as economias num estado menos avançado nestas questões. “Não adianta hoje vir de bicicleta se os quatro milhões de pessoas que estão ao meu lado não o fizerem”, comentou.
Mas António Coutinho, da EDP, lembrou que a Índia está a seguir o exemplo da China, que “durante 20 anos fez uma central semelhante a Sines diariamente”. José Mendes defendeu que até 2030 pode ser possível fechar as centrais de Sines e Pego para que as metas de neutralidade carbónica sejam cumpridas. E referiu o conceito leap-fogging, usado em economia e que se pode adaptar a esta realidade e que consiste em ajudar os mais atrasados a dar saltos de várias gerações tecnológicas. “Aconteceu com as telecomunicações em África”, lembrou.
Para António Coutinho, administrador da EDP Portugal, a transição energética vai exigir grande investimento de empresas e particulares”. Joanna Drake, da Comissão Europeia, sugeriu que as empresas de eletricidade invistam no carregamento rápido para incentivar os consumidores, mas acrescentou a ideia de um sistema de pagamento europeu.

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