10 razões para o mercado dos eléctricos ainda não ter disparado

29/04/2017

Há algum tempo que os veículos de zero emissões rolam sobre as estradas. Porém, o fervor elétrico ainda não corre nas veias dos consumidores. A tecnologia já existe, é amiga do ambiente e o design no segmento está cada vez mais cativante. Por que razão continuamos a conduzir carros tradicionais dependentes de combustíveis fósseis altamente poluentes quando já dispomos de alternativas com zero impacto para o ambiente? Algumas respostas podem surpreendê-lo.

10 – Infraestruturas

As marcas de automóveis têm protagonizado avanços prodigiosos no desenvolvimento de carros eléctricos, mas a maior parte das cidades ainda não têm as infraestruturas necessárias para suportá-los. Ninguém quer ficar parado no meio da auto-estrada sem poder abastecer e se encontramos facilmente estações de serviço convencionais, são ainda escassas as que permitem que carreguemos o nosso carro elétrico. A batalha da indústria automóvel no sentido de criar infraestruturas capazes de viabilizar a utilização dos veículos eléctricos perspectiva-se longa e árdua. É óbvio que carro eléctrico não tem nenhum préstimo se não tiver a bateria carregada: o que nos leva ao próximo ponto…

9-Tempo de carregamento

Abastecer um carro convencional não demora mais do que alguns minutos. Abastecer um automóvel eléctrico ainda demora pelo menos meia hora num posto de carregamento rápido… se não tivermos que esperar pela nossa vez… Portanto, mesmo com estações de serviço preparadas para receber veículos elétricos, o tempo de carregamento continua a ser um grande obstáculo.

A solução para este problema passa por desenvolver baterias com uma capacidade de carregamento rápido – ou praticamente instantâneo. A Tesla está a desenvolver os SuperChargers que vão ter uma capacidade de carregamento 16 vezes superior aos pontos convencionais.

8 – Amigos do ambiente até certo ponto

Para a maior parte das pessoas o selo “verde” e “amigo do ambiente” destes carros é inquestionável, mas em países como os Estados Unidos o carimbo é ambíguo. Do outro lado do Atlântico ainda se usa muito o carvão para gerar electricidade. Isto significa que à medida a que a circulação dos eléctricos aumenta, a dependência em relação ao carvão segue o mesmo caminho. Muitas associações ambientais alertam para esta questão que tantas vezes passa despercebida. Em países europeus como a Escócia e Portugal o tema não é tão relevante, dada a aposta no sector das energias renováveis. Entre nós, por exemplo, em média mais de metade da energia consumida é proveniente de fontes renováveis (hídrica e eólica, sobretudo).

7 – Autonomia

A autonomia dos eléctricos ainda é um problema, mas – vamos ser justos – é também aquele que está mais próximo de ter solução. As marcas têm feito grandes progressos neste capítulo e já há modelos no mercado, como o Tesla Model S, capazes de percorrer 500 km com uma carga. Ainda assim, e tendo em conta a generalidade da oferta, um carro eléctrico é bom para quem vive no centro da cidade e não percorre grandes distâncias… Por enquanto não é opção para levar a família de férias.

Se quisermos, sejamos ainda mais justos ou racionais: a esmagadora das pessoas nas cidades europeias cumpre em média menos de 60 km/dia.

6 – Performance

Há muita gente que não acha divertido conduzir um carro eléctrico e a performance ainda está entre as características mais valorizadas. Basta pensarmos nos anúncios televisivos das marcas de automóveis. Se for um SUV “devora” lindíssimas paisagens, um desportivo, exibe-se em curvas apertadas e enche-nos o olho com acelerações vertiginosas. Lembra-se de algum anúncio assim tão entusiasmante de um carro eléctrico?

5- Substituição da bateria

Actualmente, a substituição da bateria pode ulptrapassar os 4000€. Reconhecemos que não é a preocupação principal, até porque a tecnologia das baterias tem evoluído de maneira muito significativa, o que fez com que desaparecessem muitos dos anteriores problemas que faziam com que, numa utilização intensiva a capacidade de retenção de energia se deteriorasse muito rapidamente. A tecnologia baseada nos iões de lítio foi a grande responsável. Ainda assim, vale a pena reconhecer que esta questão (com cada vez menos razão) permanece na cabeça de muita gente

4 Custos extra

Comprar e instalar o equipamento necessário para carregar o automóvel pode custar 2500€ ou mais, sendo que é preciso manter a “estação de serviço” operacional. No entanto, também aqui o caminho percorrido é encorajador. Muitas marcas já oferecem ou comercializam as “power box” ou “wallbox” a preços muito interessantes

3-Estilo

Numa época em que a tecnologia está a evoluir a um ritmo vertiginoso, não deixa de ser estranho que algumas marcas ainda entendam o automóvel elétrico como algo “hi-tech”, tendo uma necessidade quase incompreensível de sublinhar essa “característica”. Felizmente a Tesla foi capaz de contrariar essa tendência, algo que a Renault, sobretudo com o Zoe, está também a fazer. A verdade é que são poucos aqueles que apreciam andar com um automóvel para o qual todos olham como se fosse algo acabado de chegar do espaço.

2-Preço da gasolina

É certo que ninguém vai desatar a comprar carros eléctricos sem um pequeno empurrão e, para muitos analistas da indústria automóvel, o preço dos combustíveis convencionais pode ter um papel importantíssimo. Longe vão os tempos em que assistimos a filas intermináveis nas bombas de gasolina quando anunciavam aumentos de preços. Hoje em dia ninguém pestaneja perante as permanentes subidas e descidas, mas há quem defenda que o “click” vai acontecer quando os preços não voltarem a descer. Ou seja, é muito provável que as pessoas façam a mudança por si próprias assim que a situação se tornar insustentável.

1-Preço do automóvel

Os eléctricos continuam a ser caros. Genericamente falando. Um Tesla Model S custa cerca de 100 000 euros e o Model 3 deverá rondar os 35 mil euros. mas os preços estão a descer. E vão descer tão mais depressa quanto mais baratas ficarem as baterias, com o grande impulso a surgir em 2019 quando a Gigafábrica da Tesla nos EUA alcançar uma produção anual de baterias da ordem das 500 000 unidades. Mas já hoje temos propostas como o Nissan Leaf ou o Renault Zoe com preços muito alinhados com os praticados por modelos equivalentes a combustão.

Mas, sim, comprar um elétrico é ainda um ato de fé!

Diogo Borges/Turbo

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