BMW 630d Gran Turismo Luxury : Verdadeiramente para desfrutar

10/05/2018

Sucessor do já desaparecido Série 5 GT, o BMW 630d GT é a reinterpretação, por parte da marca germânica de Munique, daquilo que deve ser uma berlina de luxo… diferente – mais concretamente, na forma de um Gran Turismo. E que, mais do que julgada pelas aparências, pede para ser desfrutada.

Exterior

É, talvez, um dos aspetos mais “polémicos”, em particular, para aquela clientela mais conservadora, europeia, e habituada a admirar um executivo de luxo, apenas e só no formato três volumes. Algo que este Série 6 Gran Turismo não é.

Na verdade e especialmente agora, que tem por base o Série 6, e não o Série 5, destaca-se o formato volumoso do conjunto, ainda que mais próximo do solo (-2,1 cm), e mais comprido 8,7 cm. Com a mesma largura a ajudar a um aspeto geral um pouco mais fluído e dinâmico, mas também mais nobre e luxuoso.

No automóvel por nós ensaiado, impulsionado por aquela que é a motorização de entrada (3,0 litros turbodiesel), impressões acentuadas com a inclusão de opcionais como a chave BMW com display digital (243,90€), a pintura Cinza Sophisto metalizada (829,27€), as luzes adaptativas em LED (1.260,16€) e as jantes de 20 polegadas com pneus Runflat, além da Line Luxury (2.609,75€), sinónimo de várias aplicações exteriores metalizadas, painel de instrumentos em Sensatec, frisos em preto Piano BMW Individual, luz ambiente interior e ajuste elétrico dos bancos traseiros. Sem esquecer o inédito spoiler traseiro que se eleva, de forma automática, a partir dos 120 km/h, mas que também pode ser acionado pelo condutor.

Interior

Mas se o exterior procura transmitir distinção e luxo, no interior do BMW 620d Gran Turismo, ao qual se acede facilmente através de portas com vidros sem moldura (tentativa de dar um certo ar mais desportivo?…), estas sensações acabam sendo exponenciadas. Graças a uma qualidade de construção e de materiais elevada, conjugada com linhas inconfundivelmente BMW e funcionais, num ambiente requintado onde não faltam sequer pormenores de identidade do próprio modelo, como é o caso das aplicações em metal no interior das portas, junto aos manípulos, com o “GT” gravado.

Numa proposta concebida também com o propósito de garantir um cuidado acrescido com os ocupantes dos lugares traseiros, onde não falta conforto e espaço para dois adultos (o “lugar do meio” simplesmente não foi imaginado enquanto tal…) ou, no caso do “nosso” carro, ecrãs tipo tablet individuais para cada um dos passageiros (1.934,96€), destaque ainda para uma posição de condução também ela particularmente confortável e a garantir um correto acesso à generalidade dos comandos. Inclusive, ao ecrã do completo sistema de infoentretenimento, agora já tátil, mas mantendo igualmente o já conhecido e funcional botão rotativo.

Desfrutando de volante de excelente pega e multiregulável, tal como o próprio banco, em pele, extremamente confortável e ao qual só falta garantir uma melhor visibilidade em redor (felizmente, existem os sensores e até mesmo um excelente sistema de câmaras 360º, por 550€…), à disposição do condutor é possível colocar ainda um completo Head-Up Display (1.000€), ou até mesmo um assistente de condução Plus (2.357,72€) que inclusivamente permite ao 630d GT “desenrascar-se” sozinho no para arranca do trânsito congestionado. Além de um assistente de estacionamento Plus (439,02€) com estacionamento remoto (422,76€), que nos permite estacionar o carro, estando já do lado de fora, utilizando para tal o ecrã tátil da chave… Mas, atenção: o sistema não permite curvar, apenas andar para a frente ou para trás!

Num executivo de luxo, quiçá talvez menos importante mas ainda assim merecedor de elogios, é a enorme bagageira com capacidade para acomodar 610 litros de carga, isto ainda antes do rebatimento 60/40 das costas dos bancos traseiros, na continuação do piso da mala. Espaço valorizado igualmente com a inclusão de um portão de acionamento elétrico, chapeleira firme mas que se divide em duas como forma de facilitar o acesso, ganchos porta-sacos e até um curioso sistema de iluminação, garantido por duas linhas de luz em LED, ao longo das laterais do espaço.

Equipamento

Numa proposta claramente concebida com o propósito da personalização ao gosto de cada cliente, equipamento de série escasso, ainda que contemplando itens como os frisos exteriores em cromado, luzes de nevoeiro em LED, frisos interiores em madeira ou em alumínio, bancos em pele Dakota, ajuste elétrico dos bancos traseiros, luz ambiente, ar condicionado automático e leitor de CD, além de sistema de navegação Profissional, serviços Remote e Serviços ConnectedDrive.

Já no domínio da segurança e proteção, realce para soluções como a monitorização da pressão dos pneus, assistente de estacionamento, proteção ativa, alarme antirroubo, eCall inteligente, pneus Runflat, sem esquecer o BMW Service inclusive por 5 anos ou 100.000 km.

Tudo o resto, é opcional e a acrescentar ao preço inicial de 90.540€. Sendo que, no caso do “nosso” Série 6 GT, tal significava mais 38 mil euros, só em extras.

Consumos

Apesar da imagem luxuosa e nobre que exibia, o Série 6 Gran Turismo que tivemos oportunidade de ensaiar envergava “apenas” a motorização de entrada, um seis cilindros em linha 3,0 litros com turbocompressor, a anunciar 265 cv e 620 Nm de binário. E que, bem apoiado por uma competente caixa automática de oito velocidades, revela não somente disponibilidade e força para lidar com um conjunto com quase duas toneladas de peso, mas também eficiência suficiente para garantir médias de 7,7 litros. Valor, sem dúvida, atraente, face às dimensões e generosidade do propulsor.

Ao volante

Estatutário na imagem, o BMW 620d Gran Turismo transporta essa mesma postura para o desempenho, com o executivo alemão a assumir-se claramente como uma proposta para longas viagens, preferencialmente por autoestrada, onde se desloca a velocidades elevadas, mas em conforto e tranquilidade absolutos. Isto, tendo sempre por companhia um propulsor discreto no funcionar, mas também sempre disponível para oferecer aquele acréscimo de potência que nos permite fazer qualquer ultrapassagem, em segurança.

Equipado com sistema de Experiência de Condução com quatro modos (Comfort, Eco Pro com função Velejar, Sport e Adaptative), os três últimos configuráveis, a verdade é que é o conforto, o princípio que o executivo alemão tentar permanentemente salvaguardar. Aproveitando, nesse esforço impercetível, as vantagens de uma suspensão pneumática traseira que tem por missão manter, em todas as situações, a distância ao solo, ajudando, ao mesmo tempo, a garantir a total segurança.

Tendo presente o Assistente de Condução Plus, a certeza também de uma condução mais descansada em situações de para arranca, com o Série 6 Gran Turismo a, inclusivamente, libertar o condutor da tarefa de manter o carro em andamento. Já que o sistema assegura, por si só, a distância para o carro da frente, à medida que este vai avançando, além de alertar relativamente a tudo o que vai surgindo em redor do BMW – peões, inclusive.

Também devido ao espírito de um automóvel que faz da facilidade de condução outro dos seus atributos, momentos de condução envolvente, nomeadamente, em trajetos particularmente sinuosos, é algo para o qual este BMW 620d não terá grande vocação. Preferindo, sim e apesar da competência dinâmica, andamentos mais descontraídos, em que condutor e ocupantes possam, efetivamente, desfrutar da viagem.

Concorrentes

  • Audi A7 Sportback 50 TDI quattro Tiptronic, 2967 cm3, 286 cv, 5,7s 0-100 km/h, 250 km/h, 5,8-5,5 l/100 km, 150-142 g/km, 94.951,88€
  • Mercedes-Benz CLS 350 d 4MATIC, 2925 cm3, 286 cv, 5,7s 0-100 km/h, 250 km/h, 5,7 l/100 km, 151 g/km, 101.500€

Balanço final

Com linhas que não serão, à partida, às preferidas daquele que é o cliente alvo, mais conservador, dos executivos de luxo, o BMW 620d Gran Turismo não deixa, ainda assim e graças à qualidade, requinte, conforto e facilidade de condução, de ser um produto à altura das exigências inerentes a este tipo de propostas. Pedindo, apenas, para ser convenientemente desfrutado, antes de ser julgado e sentenciado; até pelo preço, elevado, que ostenta.

Mais: Conforto / Motor / Caixa de Velocidades / Habitabilidade

Menos: Visibilidade em redor / Peso dos opcionais / Preço

Ficha técnica

Motor: seis cilindros em linha, injecção direta, turbocompressor de geometria variável e intercooler

Cilindrada (cm3): 2.998

Diâmetro x curso (mm): 84×90

Taxa compressão: 16,5:1

Potência máxima (cv/rpm): 340/5.500-6.500

Binário máximo (Nm/rpm): 450/1.380-5.200

Transmissão e direção: Traseira, com caixa automática de oito velocidades; direção de pinhão e cremalheira, com assistência elétrica

Suspensão (fr/tr): Duplos triângulos com molas helicoidais; Duplos triângulos com molas helicoidais

Travões (fr/tr): Discos ventilados/Discos ventilados

Prestações e consumos

  • Aceleração: 0-100 km/h (s): 6,1
  • Velocidade máxima (km/h): 250
  • Consumos urbano/extra-urb./misto (l/100 km): 5,6/4,5/4,9
  • Emissões de CO2 (g/km): 129

Dimensões e pesos

Comprimento/Largura/Altura (mm): 5,091/1,902/1,538

Distância entre eixos (mm): 3,070

Largura das vias (fr/tr) (mm): 1.615/1.649

Peso (kg): 1.900

Capacidade da bagageira (l): 610/1.800

Depósito de combustível (l): 66

Pneus (fr/tr): 225/60 R17 / 225/60 R17

Preço da versão ensaiada (Euros): 128519€

Preço da versão base (Euros): 90540€

Texto de Francisco Cruz

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