Citroën C4 Cactus 1.2 PureTech 110: Caiu-nos no goto!

02/12/2017

Embora com sucessor já anunciado, e, ao que tudo indica, bem mais conservador, o irreverente Citroën C4 Cactus continua, apesar dos anos que já leva, a alegrar as nossas estradas. Infelizmente, não tanto na motorização a gasolina 1.2 PureTech de 110 cv e caixa automática de seis velocidades que, decididamente, nos caiu no goto. Ainda que, bem mais pelo desempenho, do que propriamente pelos “tristes” consumos…

Modelo que veio inaugurar uma nova imagem na marca do double chevron, marcada, entre outros aspectos, pelos emblemáticos Airbumps, mas também por um posicionamento supostamente mais aventureiro e irreverente, o Citroën C4 Cactus continua a conquistar adeptos, naquele seu jeito de “ou se ama, ou se odeia”. Mas também fruto de argumentos inquestionavelmente válidos e que vão muito para além das questões estéticas ou de beleza.

Concorrente directo de modelos como o Renault Captur ou o Peugeot 2008, a verdade é que ao C4 Cactus nem sequer faltam motores à altura, a gasóleo e a gasolina, a somar a níveis de equipamento bastante completos. E que, decididamente, ajudam a tornar o modelo francês, uma óptima e competente opção, num segmento em que alternativas, claramente, não faltam.

Exterior

Aliás e se há aspecto que claramente diferencia o C4 Cactus, da grande maioria dos concorrentes, é, sem dúvida, o seu aspecto exterior único e personalizado. E, ainda mais, quando falamos daquela que foi a versão por nós testada, a mais composta Shine. Sinónimo, entre outros argumentos, de jantes em liga leve de 17”, dos emblemáticos Airbumps, faróis de nevoeiro com função estática de intercepção, além de vidros da 2.ª fila e óculo traseiro escurecidos.

Interior

Já no interior do habitáculo, ao qual se acede de forma fácil, mantêm-se as linhas simples e funcionais, num ambiente em que a qualidade dos materiais não será propriamente o melhor argumento. Mas onde também o número de botões foi reduzido ao mínimo, restando pouco mais que os do ecrã táctil de 7″ do sistema de informação e entretenimento. Não apenas correctamente posicionado, mas também simples e intuitivo no funcionar.

Igualmente em óptimo plano, a quantidade de espaços de arrumação, a grande maioria sem tampa, assim como a habitabilidade, mais vocacionada para quatro adultos, aos quais não faltará sequer espaço para pernas. Sendo que, a chegada de um quinto, para o lugar do meio, obriga não só a alguma boa-vontade da parte dos restantes, em termos de largura, como também algum cuidado em altura.

Ainda assim, bem menos convincentes, soluções como os vidros traseiros de abertura tipo borboleta (será que um sistema de abertura eléctrico é assim tão caro?…), algo totalmente obsoleto e de aceitação bem mais difícil do que, por exemplo, as pegas das portas tipo alça. As quais não deixam, de resto, de contribuir para um ambiente fortemente personalizado, tal como, de resto, acontece com o porta-luvas. Na verdade, tão funcional quanto emblemático.

E já que falamos de espaços de arrumação, uma palavra igualmente para a bagageira, cuja capacidade inicial surge fixada nos 358 litros. E que, sendo basicamente o que está à vista, ainda que de acesso alto face ao piso, além de com fraca iluminação, não deixa de poder ser aumentada na capacidade, mediante o rebatimento 60/40 das costas dos bancos traseiros. Embora com estas a ficarem sempre um pouco na perpendicular, além de partindo de um plano mais elevado do que o piso. O que, reconheça-se, não favorece o aproveitamento.

Equipamento

Mas se, ainda assim, espaço não falta, o mesmo se pode dizer relativamente ao equipamento. Que, em particular no nível Shine, engloba praticamente tudo o que é expectável. Com especial destaque para elementos já referidos, como é o caso das jantes em liga leve de 17”, dos vidros das portas traseiras e óculo traseiro escurecidos e dos faróis de nevoeiro com função estática, mas também das barras de tejadilho em preto brilhantes, ajuda ao estacionamento traseiro, os retrovisores exteriores aquecidos e de regulação eléctrica, além do pack de Navegação – sinónimo de navegação no ecrã táctil de 7 polegadas, sistema áudio Arkamys, rádio MP3 com tomada Jack e 6 altifalantes, função Jukebox e 2 entradas USB.

Presentes estão ainda o volante em cabedal biton, bancos traseiros rebatíveis 1/3 e 2/3, ar condicionado automático, além de, no capitulo da segurança e ajuda à condução, sistema de ajuda ao arranque em plano inclinado, regulador/imitador de velocidade, sinalética de não colocação dos cintos de segurança, Controlo Electrónico de Estabilidade (ESP) e de Tracção (ASR), ABS, Assistência à Travagem de Emergência, airbags frontais (no tejadilho), de tórax, laterais e de cortina.

Motores

Disponível entre nós também com um competente e poupado quatro cilindros a diesel 1.6 BlueHDi de 100 cv (preços a partir de 20.387,79€, já com IVA), o Cactus que tivemos oportunidade de ensaiar estava, no entanto, equipado com um bem menos vulgar 1.2 PureTech de 110 cv, já com sistema Stop&Start e acoplado a caixa automática de 6 velocidades. Casamento que, refira-se, acaba por garantir ritmos despachados, com o pequeno tricilindrico a mostrar-se disponível bem cedo, logo a partir das 1500 rpm. Evoluindo, a partir daí, de forma célere, além de com boa insonorização.

Para tal contribui, no entanto, também uma caixa automática de seis velocidades que sabe valorizar tudo aquilo que pequeno bloco tem para dar, ao mesmo tempo que oferece mais valias como é o caso dos dois modos de utilização específicos. Um dos quais, para andamentos mais rápidos (desportivos, é dizer muito…), ao passo que, o outro, para alturas de menor tracção, como em estradas molhadas ou um pouco mais soltas. Seja qual for a situação, basta, tão só, pressionar o respectivo botão.

Anunciando ainda uma velocidade máxima de 188 km/h e uma capacidade de aceleração dos 0 aos 100 km/h em 9,3 segundos, pouco convincente, na verdade, só mesmo os consumos. Os quais, mesmo com o apoio de um sistema Stop&Start, mostraram-se sempre, ao longo deste ensaio, excessivamente elevados. Principalmente, tratando-se uma proposta que pretende ser acessível, mas que, depois, exibe médias a roçar os 8 litros!

Ao volante

Espécie de familiar compacto que procura também piscar o olho aos apaixonados de crossovers com menores posses, principalmente, devido ao visual mais aventureiro, o C4 Cactus 1.2 PureTech com caixa automática reflete, de resto, este mesmo posicionamento, também no comportamento. Com o modelo francês a apostar, claramente, no conforto e qualidades familiares, em detrimento de uma maior eficácia na condução.

Fácil de conduzir e com uma vocação natural para uma utilização descontraída e familiar, a verdade é que, a este C4 Cactus, não parece sequer importar o facto da direcção continuar sem grande feedback e ligeiramente pesada, para oferecer desempenho agradável em qualquer ambiente. Preferindo aproveitar, sim, uma suspensão que, hoje em dia, já denota um pouco mais de firmeza, além de um tudo-nada mais de capacidade informativa.

Porém e mesmo com estes avanços, mantém a não muita aptidão para trajectos mais sinuosos, onde a carroçaria continua a “balançar”, e onde, quando tocados os limites, o modelo francês também não esconde a tendência para, especialmente nas curvas feitas a velocidades mais elevadas, abrir as trajectórias. Facto que, ainda assim, não retira ao C4 Cactus a garantia de um desempenho global agradável, até porque, basta levantar o pé do acelerador, para tudo voltar ao normal…

Resumindo…

Marcado por uma estética exterior do tipo “ou se ama, ou se odeia”, mas também por uma habitabilidade, funcionalidade e equipamento – nesta versão Shine, bem entendido… – que facilmente convence qualquer família portuguesa de orçamento mais contido, o Citroën C4 Cactus 1.2 PureTech 110 S&S EAT6 Shine é, claramente, um dos daqueles automóveis que, mesmo sem deslumbrar em nenhum parâmetro, consegue agradar em praticamente todos eles. Inclusive, na opção pela motorização a gasolina, que só nos consumos, altos, encontra justificação para perder terreno face ao diesel. O que é pena, porque, decididamente, este francês caiu-nos no goto!

FICHA TÉCNICA

Motor

Tipo: três cilindros em linha, injecção directa, turbo e intercooler

Cilindrada (cm3): 1199

Diâmetro x curso (mm): 75×90.5

Taxa compressão: 10.5:1

Potência máxima (cv/rpm): 110/5.750

Binário máximo (Nm/rpm): 205/1.500

Transmissão, direcção, suspensão e travões

Transmissão e direcção: Dianteira, com caixa automática de seis velocidades; direção de pinhão e cremalheira, com assistência eléctrica

Suspensão (fr/tr): Tipo McPherson; Eixo de torção

Travões (fr/tr): Discos ventilados/Discos

Prestações e consumos

Aceleração: 0-100 km/h (s): 9,7

Velocidade máxima (km/h): 188

Consumos Extra-urb./urbano/misto (l/100 km): 3,9/5,6/4,6

Emissões de CO2 (g/km): 108

Dimensões e pesos

Comprimento/Largura/Altura (mm): 4,157/1,729/1,480

Distância entre eixos (mm): 2,595

Largura das vias (fr/tr) (mm): 1.477/1.477

Peso (kg): 1.125

Capacidade da bagageira (l): 358/1.170

Depósito de combustível (l): 50

Pneus (fr/tr): 205/50 R17/205/50 R17

Preço da versão ensaiada (Euros): 22.687,79€ (já com pintura metalizada, pack cabedal Habana e desconto de campanha de 2.900,00€)

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