O dilema de Ricciardo para 2019: Red Bull, Mercedes ou Ferrari?

11/11/2017

A Red Bull não lhe tem proporcionado o material necessário para isso e como tal, parece inclinado para uma mudança de ares, mais especificamente para a Mercedes, que o poderá receber de braços abertos em 2019.

Se ficar, terá de enfrentar Verstappen, se mudar terá de enfrentar Hamilton ou, quem sabe, outra vez Vettel, Daniel Ricciardo é um caso sério de popularidade na F1. A sua postura bem-disposta é a sua imagem de marca e a descontração é a palavra de ordem. Mas aquela ideia de que para ser bom piloto é preciso ser mau fora de pista não se adequa ao australiano que é um dos melhores do grelha. Quando coloca o capacete o sorriso desaparece e as coisas tornam-se muito sérias.

Começou a competir nos karts, e passado poucos anos mudou-se para a Formula Ford, onde competiu sempre com carros ultrapassados, sem resultados vistosos, mas com desempenhos respeitáveis. No ano seguinte conseguiu uma bolsa para competir na Formula BMW Asiática, de onde saiu com 10 pódios e duas vitórias. No final desse ano participou na BMW World Final onde foi 5º (Vietoris foi o vencedor).
Em 2007 o australiano mudou-se para o campeonato europeu e italiano de Formula Renault mas apenas conseguiu um pódio na série italiana, num ano não muito positivo para o piloto. Em 2008 manteve a aposta e foi campeão de Formula Renault na taça” Western European” (que veio substituir o campeonato francês de Formula 2.0) e segundo na Eurocup, atrás de Valtteri Bottas.

Em 2008 também fez a estreia na Formula 3, competindo em Nurburgring e foi na Formula 3 britânica que competiu em 2009, onde se sagrou campeão. Estreou-se na Formula Renault 3.5 nesse ano com duas corridas para preparar o ano seguinte. Voltou a ser competitivo e ficou em 2º lugar, atrás de Aleshin por apenas 2 pontos.

2009 marcou o início do sonho. Estreou-se ao volante de um F1 em Jérez, com a Red Bull, num teste para jovens pilotos e foi o mais rápido nos 3 dias. Nesse ano passou a ser piloto de testes e de reserva, juntamente com Brandon Hartley, ficando com esse papel novamente em 2011 pela Toro Rosso, fazendo a 2ª metade da época pela HRT (pago pela Red Bull), ocupando o lugar de Karthikeyan até ao final da época.

Em 2012 passou a ser piloto Toro Rosso, juntamente com Jean Eric Vergne. A dupla da STR era de qualidade, com ambos os jovens a mostrarem muito potencial. Em 2014, Webber saiu da F1 e a equipa teve de tomar uma decisão e Ricciardo foi o escolhido. Muitos pensaram que Ricciardo iria ser um simples nº2 que garantiria bons pontos à equipa, sem fazer demasiada concorrência a Vettel.

Foi nesse ano que estrearam as novas regras da F1 com os motores híbridos e a Red Bull teve um início titubeante, com falta de potência do motor e um chassis não tão bom quanto o que se tinha visto no passado, mas Ricciardo mostrou-se ao mundo com 3 vitórias e exibições que deixaram todos de boca aberta. Encostou Vettel a um canto (o que já foi um enorme feito) e passou a ser a estrela da companhia. As lutas no Bahrein e em Monza são apenas alguns dos momentos altos do australiano, que conquistou uma equipa completamente focada em Vettel, conseguindo algo que Webber nunca alcançou. Mark saiu da F1 com 9 vitórias e 42 pódios (41 deles na Red Bull) enquanto que Ricciardo tem até agora 5 vitórias e 27 pódios.

2015 foi um ano recheado de azares e falhas técnicas com a Red Bull a penar. Ficou atrás de Kvyat mas o seu estatuto e prestações em pista mostravam que era ele o nº1. Em 2016 passou a ter a companhia de Verstappen e teve de subir o nível. Foi o melhor da equipa (Max entrou apenas na 4ª prova) e voltou a ficar em 3º, tal como tinha feito em 2014. Este ano está em 4º lugar e aproveitou os azares consecutivos de Verstappen para cimentar a sua posição, embora tenha ultimamente provado do mesmo azar do holandês.

É um piloto não muito forte em qualificação, mas que compensa isso nas corridas, onde mostra boa gestão de pneus, grande regularidade no ritmo e acima disso, uma capacidade extraordinária para atacar e ultrapassar. A Red Bull terá os dois melhores pilotos a ultrapassar, e embora Verstappen seja um prodígio, ainda exagera um pouco. Daniel sabe quando arriscar e quando esperar mais um pouco, sendo daqueles pilotos muito leais na luta roda com roda, embora não seja tímido quando chega a hora de ser mais duro. É claramente um piloto com qualidade e capacidade para ser campeão do mundo, algo reconhecido por Alonso no ano passado.

A Red Bull não lhe tem proporcionado o material necessário para isso e como tal, parece inclinado para uma mudança de ares, mais especificamente para a Mercedes, que o poderá receber de braços abertos em 2019. Se ficar, terá de enfrentar Verstappen, se mudar terá de enfrentar Hamilton ou, quem sabe, outra vez Vettel, uma vez que Kimi não deverá ficar para sempre e a Scuderia é também uma hipótese. O que parece certo é que qualquer que seja a equipa escolhida, será um piloto para lutar de igual para igual e não ficar com o rótulo de nº2. Já conseguiu superar Vettel e tem Verstappen “sob controlo”. Será que aceita o desafio de destronar Hamilton no seu reino prateado? A nova F1, com mais abertura, é claramente o palco ideal para ele e se à sua boa disposição juntar um título, não haverá um fã de F1 que não fique como ele… com um sorriso nos lábios.

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