E se esperassem pelas corridas do jovem Lance Stroll?

18/03/2017

Desde que se começou a perceber que Lance Stroll mais cedo ou mais tarde iria chegar à F1, num percurso acelerado pelas possibilidades que o pai Lawrence lhe permite, que boa parte da imprensa não tem perdido oportunidades para ‘cascar’ no jovem canadiano, isto, sem que sequer tenha feito uma única corrida na F1. Isto não é nada de novo. Por exemplo, a pressão mediática que existiu quando Bruno Senna, sobrinho do tricampeão do Mundo, Ayrton Senna, começou a trilhar o seu caminho nos desportos motorizados foi algo semelhante, e a frase “só lá chegou porque tem Senna no nome” é semelhante ao que se ouve agora “só lá chegou por causa do dinheiro do pai”. E isso é extremamente injusto. Em primeiro lugar, porque qualquer um que tivesse as mesmas hipóteses, faria exatamente a mesma coisa, utilizar o dinheiro do pai, ou de qualquer outro parceiro que apoiasse. É hipócrita quem disser o contrário. Se não for apenas hipócrita é invejoso! Em segundo lugar, a ‘verdade’ é como o azeite em água e vem sempre ao cimo. E é dessa forma que olhamos para o que está a fazer Lance Stroll. Contextualizar e esperar.

Quando o jovem chegou a Barcelona para o primeiro teste de fogo, em que se iria comparar com os restantes, não faltou quem atribuísse uma importância muito maior aos piões e saídas de pista que o jovem Lance Stroll teve. Para nós foi algo absolutamente normal, e apenas sinal de que se está a esforçar muito, e só vamos tecer juízos de valor quando for disputando Grandes Prémios de F1, aumentando o grau de ‘exigência’ (na análise) com o passar do tempo. É assim que temos de olhar para um rookie na F1, sendo certo que é bem mais fácil para nós que estamos aqui atrás de um ecrã de computador, do que para ele que tem de lidar com os restantes ‘lobos’ em pista. Embarcar na onda dos que já “fizeram o filme todo” não embarcamos…

Quanto ao jovem Stroll, insiste que não se importa com qualquer crítica que tenha recebido antes de sua estreia na Fórmula 1. O rookie teve um início complicado no teste de Barcelona – incluindo uma colisão que custou um dia de testes à Williams – antes de uma tranquila segunda semana na pista espanhola: “Não me importo com as críticas, não são da minha conta”, disse Stroll. “Nós somos todos profissionais, as coisas acontecem no automobilismo e só temos que superar isso. Foi muito tranquilo para todos e para nós, foi apenas uma frustrante [primeira] semana, mas pensámos logo no segundo teste em que fiz um bom trabalho. Cumpri toda a programação com séries longas, curtas, com todos os compostos de pneus, por isso foi uma boa semana”.

Stroll insiste que não tem nenhum objetivo particular para sua primeira corrida de F1, nas ruas do Albert Park em Melbourne no próximo fim de semana.

“Tenho que ficar calmo e não acho que tenha de definir um objetivo”, disse. “Obviamente, é um novo circuito para mim, é uma pista diferente – não é como um final de semana normal de corrida. É um circuito de rua, tenho muito para aprender, mas vou passo a passo, dia a dia”, terminou o canadiano.

Logicamente que vai ter um ano difícil, não nos esquecemos do que foi a primeira fase do seu primeiro ano na F3, com todos aqueles acidentes, mas também soubemos olhar para o que fez no ano e meio a seguir. Testou muito para entrar na F1? Sim, e depois? Qualquer piloto da história da F1 não teria feito o mesmo se pudesse? Deixem-se de tretas e esperem pelas corridas. Aí sim, depois poderão tirar conclusões. Mas nunca agora.

José Luís Abreu/AutoSport