F1: As novidades que vão mexer com o futuro

07/04/2018

Sabe-se agora um pouco mais sobre as propostas da Liberty Media para a F1 em 2021. Uma nova visão e uma nova forma de ver a F1 que certamente não agradará a algumas equipas, com a Mercedes e a Ferrari à cabeça. Toto Wolff e Maurizio Arrivabene foram vistos a falar e o ambiente não parecia o melhor.

Michael Schmidt, editor da Motorsport, fez um pouco mais de luz sobre as propostas apresentadas às equipas hoje, no Bahrein. Antes de mais, ficou hoje claro que os motores deverão ser simplificados (remoção do MGU-H e aumento das rotações do motor para aumentar o som), o que vai contra a vontade das duas forças dominantes da F1 actual. A Mercedes e a Ferrari sempre se mostraram contra a simplificação, o que é lógico pois têm esse trunfo do seu lado, sendo as equipas que melhor percebem e dominam a tecnologia.

E como se não bastasse esse ponto de rotura há outro que vai ainda fazer correr muita tinta. A Liberty quer introduzir um tecto orçamental para as equipas, um assunto delicado que já é antigo mas que nunca chegou a avançar. Diz-se que a proposta passa por um tecto de 150 milhões, fora despesas com pilotos, executivos e marketing. A vontade da Liberty é que cada equipa apenas precise de encontrar 30 milhões em patrocínios e apoios para chegar ao limite máximo do orçamento.

Na proposta feita via-se uma alínea que era claramente apontada à Ferrari, em que estava implícito a manutenção de um prémio pelo valor histórico da equipa. Mas pelos vistos esse prémio é de 50 milhões. Substancialmente menos (aproximadamente metade) do que é pago agora.

O processo de decisão também deverá ser simplificado, e a unanimidade (que muitas vezes dificulta a as tomadas de decisão) deixará de ser problema, com a adopção de um sistema de maioria e apenas em assuntos mais delicados será necessária uma maioria de pelo menos 75%.

São mudanças que vão certamente dar muito que falar. A F1 tem um modelo estabelecido há muito tempo em que as equipas grandes foram ganhando cada vez mais poder e dinheiro. Retirar-lhes isso uma pedrada no charco, com consequências ainda por desvendar. Será o melhor rumo para a F1? Só o futuro o dirá mas em teoria as mudanças fazem sentido e vão permitir que equipas mais pequenas consigam aproximar-se dos lugares cimeiros, o que os fãs pretendem. Mas da teoria à prática vai ainda uma certa distância. Este será certamente o tema de conversa durante largos meses.