F1: Daniil Kvyat falhou! E se Marko tem escolhido Félix da Costa?

25/10/2017

“Não acreditamos que possa dar a volta!” Foi com esta seca declaração que poderá ter terminado a ‘vida’ de Daniil Kvyat na Fórmula 1. O piloto russo já não volta a pilotar para a Toro Rosso, e está autorizado pelos homens da Red Bull a procurar equipa. Isto não significa que Kvyat está fora da F1 – pois há lugares, e bons, em aberto – mas o seu tempo de Red Bull acabou. A Williams é agora, realisticamente, a sua única hipótese para 2018. De acordo com o que diz Helmut Marko, Gasly e Hartley vão terminar a época com a Toro Rosso.

Quatro anos

Outubro de 2013. Uma data que ficará na memória de dois pilotos de alta competição. O mês em que António Félix da Costa soube que o sonho da F1 seria adiado (um adiamento que se tornaria permanente) e o mês em que um jovem russo de nome Daniil Kvyat soube que ia ver o seu sonho de se tornar piloto de F1, realidade.

Fazendo um breve enquadramento do que se passava nessa altura, Mark Webber resolveu sair da F1, por achar que era o tempo certo e talvez por não sentir o apoio desejado pela equipa, completamente focada no recém- coroado tetra campeão Vettel. Vergne e Ricciardo estavam na lista para a sucessão do carismático australiano e foi o seu sorridente compatriota que levou a melhor, deixando o francês na Toro Rosso.

Quem seria o seu companheiro de equipa? A lógica dizia que o português seria a escolha, depois de já ter testado com a Red Bull e pelos resultados obtidos nas categorias de iniciação, mas Kvyat estava a dar nas vistas na GP3, depois de dois anos de excelentes resultados. Helmut Marko disse que a decisão foi tomada em 10 minutos e que o russo tinha uma velocidade notável, assim como um excelente controlo do carro (ndr, e porque o mercado russo é enorme e bem mais apelativo que Portugal). O sonho português caiu por terra… outra vez.

A ascensão de Kvyat foi meteórica, com um ano na Toro Rosso, onde foi premiado com o prémio de melhor estreante em 2014.

Em 2014 a notícia surgiu como uma bomba… Vettel anunciava o final do seu reinado na Red Bull para rumar à Ferrari. O menino-prodígio que fez o programa todo da Red Bull e se tornou tetra campeão na Red Bull teve um ano para esquecer e foi suplantado por Ricciardo também do mesmo programa. Para o substituir, a aposta foi Kvyat e para o seu lugar subiria Max Verstappen, que tal como o russo saltava directamente da Formula 3 para a F1.

2015 foi um ano relativamente positivo para Daniil Kvyat, que acabou a época à frente de Ricciardo com um pódio (um ano claramente mau para a equipa) mas 2016 foi o início do pesadelo para o russo. Depois duma excelente corrida na China, o russo acusou a pressão de jogar em casa no GP da Rússia e atirou com Vettel para fora da corrida nas primeiras curvas. Não tinha sido o primeiro erro do russo mas ao contrário das restantes ocasiões, não foi defendido e foi atirado para a Toro Rosso para dar lugar a Verstappen, cujo talento despertava a cobiça de outras equipas. Uma jogada de antecipação para convencer o holandês a ficar, não olhando àquele que era o elo mais fraco.

A despromoção foi dura e os efeitos da mesma fizeram-se sentir durante o resto da época, sendo que o ponto mais baixo foi o Mónaco, onde Daniil chorou no rádio quando obrigado a desistir no início da prova. O resto do ano não teve nenhuma nota de destaque a não ser a boa luta em Singapura onde ainda atrapalhou Verstappen.

Esperava-se que 2017 fosse o ano da recuperação, mas os resultados e exibições mantiveram-se, a tal ponto que a equipa abdicou dos seus serviços para dar lugar a Gasly, novo prodígio do programa, e agora já sabe que vai ficar a ver a F1 pela TV pois Brendon Hartley (curiosamente outro ex- junior da Red Bull) vai manter-se aos comandos do Toro Rosso para a ronda mexicana.

Esta situação é o resultado de uma aposta feita – provavelmente – demasiado cedo. Kvyat não demonstrou ter a força mental (curiosamente algo em que era bem forte na GP3, há muitas histórias que o provam) para aguentar a situação e não foi devidamente protegido por quem o lançou. A sua ascensão foi tão rápida quanto a sua queda e a alcunha de “Torpedo” ficará infelizmente para sempre. O que teria acontecido se ele tivesse ficado mais um ou dois anos nas categorias inferiores? Terá sido vítima da nova moda de lançar jovens pilotos sem estarem totalmente preparados para as exigências da F1 (veja-se o caso de Lance Stroll este ano, que demorou até começar a virar o ‘disco’)? Teria Félix da Costa mostrado mais capacidade para aguentar as exigências do grande circo? Tudo questões que nunca serão respondidas.

Uma coisa parece certa… O programa da Red Bull é uma excelente oportunidade mas é também muitas vezes ingrato e são vários os talentos que tiveram de procurar outros campeonatos e Félix da Costa é o melhor exemplo disso, sendo ainda considerado por muitos um dos maiores talentos desperdiçados pelo programa. Quanto a Kvyat, a sua história na F1 parece estar a chegar ao fim e já se diz que procura um lugar no Endurance. Foi vítima das circunstâncias e da sua incapacidade para se reerguer de uma situação ingrata e muito difícil.

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