F1: Novos patrocinadores mostram-se

30/11/2018

A F1 é um mundo caro, mas é também provavelmente a maior montra do desporto motorizado e como tal ter um lugar para publicitar uma marca nesta montra torna-se caro… muito caro.

Para empresas que têm muito capital, a aposta na F1 ou noutro desporto motorizado é algo que faz sentido, apesar por vezes dos custos serem elevados. É que os fãs da F1, tendencialmente irão relembrar os carros não pelos pormenores técnicos, mas sim pelos esquemas de cores que são obviamente influenciados pelas marcas que pagam. O Force India dos últimos anos será recordado mais por ser cor de rosa graças ao patrocínio da BWT, a Williams será recordada pela decoração Martini, e são inúmeros os casos de carros que marcaram os fãs, em que as suas cores serão relembradas para sempre… a Phillipp Morris, que patrocinou a McLaren nos anos 80/90 ainda hoje, de forma indireta tem publicidade a uma das suas marcas de cigarros, graças à época de ouro da marca. E o leitor certamente se recordará de muitos outros carros com decorações míticas, que no fundo são ainda uma forma de publicidade. É assim por vezes difícil entender porque um desporto que ainda atrai milhões em todo o mundo tem tanta dificuldade em encontrar patrocinadores.

Mas as boas notícias é que existem ainda interessados na F1 e que algumas equipas vão beneficiar disso. O primeiro caso é o da Haas. A equipa conseguiu chegar a acordo com a Rich Energy, marca de bebidas energéticas que andou a sondar durante algum tempo as suas possibilidades na F1 e que até chegou a ser falada para comprar a Force India. Não querendo imitar a Red Bull, ou não querendo gastar tanto dinheiro, ficou-se pela vontade de patrocinar uma equipa que se chegou a pensar poderia ser a Williams. Afinal a escolha recaiu sobre a Haas, equipa americana que muito evoluiu este ano. Para a Haas é uma excelente notícia e quem sabe uma porta que se abre para a continuação do crescimento da equipa. A marca lançou um esboço do que poderão ser as cores do carro em 2019 e.… à primeira vista tem tudo para criar impacto.

A Williams andou algum tempo a namorar a Rich Energy, uma vez que iria perder o patrocínio da Williams que colocou as suas cores nos carros da equipa de Grove desde 2014. Tendo em conta o mau momento da equipa e a saída de patrocinadores importantes, chegou-se a recear pelo futuro da equipa, mas a Williams não conhece a palavra “desistir” e a entrada de Kubica faz agora ainda mais sentido… a equipa chegou a acordo com uma petrolífera polaca, uma das marcas mais fortes da Polónia, a PKN ORLEN. A chegada de Kubica começa assim a dar frutos e a equipa conseguiu de forma mais fácil do que se pensava, substituir o patrocinador principal.

E se olharmos para as equipas todas da F1, tirando uma exceção, todas parecem bem encaminhadas. A Mercedes por exemplo, usa o prateado como sempre usou (e é uma equipa de fábrica) e mostra as cores da Petronas, parceiro técnico. Apesar disso o fato de Lewis Hamilton “custa” 125 milhões de euros, aos vários patrocinadores, ou seja, a Mercedes conseguiu aliar-se a marcas fortes que trazem um retorno interessante. De todas as equipas, apenas a McLaren continua a ser a única equipa privada sem um grande patrocinador, mas tornou-se numa marca tão forte que tal ainda não é problemático para a operação da equipa de F1, embora os recursos não sejam tão abundantes (ainda assim superiores à grande maioria das equipas de F1).

Mas o cenário dos patrocinadores mudou muito na F1. Hoje em dia algumas marcas que aparecem associadas às equipas fornecem mais ajuda técnica do que dinheiro. As petrolíferas que patrocinam as diversas marcas apostam no desenvolvimento técnico conjunto ao invés de colocarem grandes quantidades de dinheiro na equipa, assim como acontece com as marcas de tecnologia que ajudam as equipas a tratar das quantidades faraónicas de dados recolhidos. No fundo as equipas poupam e por vezes saem mais beneficiadas por usarem soluções de outras marcas que assim ficam no seu CV com a prova de que o seu produto funciona (no exigente mundo da F1 tudo de de funcionar ao milímetro). É uma forma diferente de patrocínio mas talvez mais interessante, quando bem feita.

Apesar disso o mercado ainda pode dar muito mais. A F1 tem sido desaproveitada, ou não tem suscitado o interesse suficiente das grandes marcas. Veremos se o cenário melhora, mas a tendência é melhorar e vemos equipas a conseguirem acordos interessantes.