F1: Podia ter sido um ano memorável para a Ferrari

16/12/2017

A Ferrari foi uma das estrelas de 2017 e foi a equipa que mais fez suar a Mercedes na luta pelos títulos. A Scuderia teve um 2016 pouco positivo, mas efetuou mudanças na sua estrutura que resultaram num 2017 bem mais competitivo. James Allison pediu para sair devido à vontade de regressar a Inglaterra e a equipa ficou sem aquele que deveria ser o cérebro principal do departamento técnico. As mudanças foram feitas e ao contrário do que se esperava, a Ferrari apresentou-se mais forte e mais competitiva. Os conceitos usados na máquina deste ano suscitaram surpresa e interesse por parte dos adversários, que a meio da época começaram a copiar algumas soluções italianas. Foi claramente a equipa mais forte na primeira ronda asiática e o carro parecia ser aquele que melhor se adaptava às diversas condições, ao contrário do Mercedes que era um monolugar bem mais difícil de entender.

A segunda metade do ano deitou por terra as esperanças do título, depois da Mercedes ter recuperado o tempo (e os pontos) perdidos no final da primeira metade. O segundo périplo pela Ásia foi um pesadelo para a Scuderia, que perdeu pontos de forma desnecessária, dando à Mercedes uma vantagem que esta não desperdiçou. Podia ter sido o ano do regresso aos títulos, mas por culpa própria, a equipa de Maranello ficou mais um ano a ver os Mercedes abrirem o champanhe da vitória.

No entanto não deixa de ser notória a evolução da equipa que se apresentou muito melhor este ano, mais forte e consolidada. Maurizio Arrivabene esteve perto da saída, mas a sua permanência pode ter sido uma das chaves para o sucesso parcial deste ano. Outro dos fatores importantes foram sem dúvida os pilotos.

Vettel, desde que ingressou na Ferrari, tem assumido o papel de nº1, merecidamente diga-se. A sua postura e a forma como trabalha são exemplos para os mais jovens e pode não ter a velocidade de Hamilton, ou o talento de Alonso, mas tem uma forma de trabalhar notável, e tornou-se num elemento essencial para a caminhada deste ano. Se muito do sucesso se deve a ele, alguns dos dissabores também, especialmente em Baku, onde a sua imagem e a da equipa ficou prejudicada. O incidente de Singapura não merece ser apontado como culpado pois fez exatamente o que qualquer piloto na sua posição faria. Faltou-lhe apenas um pouco de cabeça fria em certos momentos para não ultrapassar os limites, mas essa sede de vitória mostra bem o compromisso que o alemão tem para com a sua atual equipa. Voltamos a ter um Vettel mais próximo do que se viu na Red Bull, e foi a par de Hamilton um dos melhores em pista este ano.

Quanto a Raikkonen, foi mais um ano ao nível que nos habituou nesta segunda passagem pela Ferrari… competente, mas longe do brilhantismo de outros tempos. Foi claramente o nº2 e esteve longe de Vettel na maioria das provas. Vettel conseguiu mais pontos, foi melhor que Raikkonen 14 vezes em corrida (contra apenas 2 do finlandês), 15 vezes em qualificação (contra 5) e rodou mais voltas no top 10. Raikkonen já não é o Iceman de outros tempos, mas mostrou que é ainda útil à equipa e a sua regularidade e velocidade em corrida foram os seus pontos mais fortes.

O futuro da Scuderia ainda vai passar por esta dupla, que tem claramente potencial para vencer os campeonatos em disputa. Dificilmente Raikkonen irá mostrar estofo para tentar outro título, mas será um elemento fulcral na conquista do campeonato de construtores. Vettel terá mais um ano para mostrar que pode ser campeão pela Ferrari e se a equipa continuar com o nível de progresso que evidenciou este ano, a Mercedes que se cuide.

A Ferrari terá de começar a ponderar quem será o substituto de Kimi para o futuro. Leclerc é o talento que está a dar que falar e que provavelmente irá ganhar uma vaga na equipa principal, se confirmar o potencial demonstrado, mas talvez a equipa não queria colocar já em 2019 o monegasco ao volante do Ferrari. Perez foi um dos nomes ventilados para a vaga de Raikkonen e parece que o lugar do finlandês poderá ser dos mais apetecíveis no futuro a curto prazo. Para já a dupla, que já passou por momentos tensos este ano e que manteve a harmonia, parece a ideal para que a Ferrari se foque a 100% na evolução do carro sem se preocupar com querelas internas. Espera-se muito da equipa em 2018.

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