F1: A vida (quase) perfeita de Fernando Alonso

16/11/2017

Há um ditado popular que diz “ganha fama e deita-te à sombra”. Alonso é um caso peculiar na F1, pois ganhou fama graças ao seu enorme talento e agora tem direito a uma ‘sombra’ bem confortável na McLaren. Zak Brown tem feito de tudo para manter o espanhol satisfeito, ao ponto de autorizar a ida para a Indy500 este ano, que quase resultava num brilharete.

Para 2018, a bússola de Alonso parece agora indicar o rumo dos protótipos, com a estreia nas 24 Horas de Daytona pela United Autosports, equipa de Zak Brown. Há também a possibilidade de Fernando Alonso participar já em 2018 nas 24 Horas de Le Mans, e foram muitos os rumores sobre a sua ida à fábrica da Toyota para fazer o assento, que poderá ser estrado no teste para rookies no Bahrein.

Para qualquer outro chefe de equipa isto seria um cenário impensável, mas Brown tem uma postura muito saudável em relação aos desejos de Alonso… em vez de os impedir, promove-os. É o primeiro a incentivar Alonso a tentar novos mundos e já se mostrou completamente aberto à possibilidade de o espanhol ir a Le Mans. É uma forma de manter o piloto motivado e de dar visibilidade à marca.

O cenário ideal era Alonso vencer tudo pela McLaren e no fundo deverá ser esse o desejo de Brown. São cada vez mais claros os sinais que mostram que a McLaren irá expandir-se para outras competições num futuro próximo, e a F1 deixará de ser o nicho exclusivo da marca. Não admira, portanto, que os riscos de uma participação de Alonso fora da F1 sejam esquecidos pois há uma vontade muito maior… fazer de Alonso a sua casa para que a sua glória seja também a da McLaren.

Alonso mostrou coragem ao arriscar na Indy500, uma competição muito diferente onde teve de se adaptar de forma rápida. Podia ter sido um fracasso, mas conseguiu com sucesso ultrapassar os desafios, os mesmos desafios que irá agora enfrentar nos protótipos.

É louvável ver um piloto sair da sua área de conforto para ir em busca de novas conquistas, sem medo de falhar e com uma confiança inabalável nas suas capacidades. E se os pilotos de F1 são os melhores do mundo, devem ter o direito de poder provar isso mesmo em pista. A forma como os contratos e as equipas impedem os pilotos de competirem noutros campeonatos é por vezes exagerada. A ida de Alonso para a Indy500 foi boa para todas as partes, principalmente a nível de visibilidade. Quem não gosta da IndyCar Series viu a prova pela curiosidade, e a F1 chegou a mais fãs americanos. Este tipo de intercâmbio devia ser totalmente fomentado e não impedido.

Alonso pode estar a criar as bases para um regresso ao passado, em que os grandes pilotos competiam nos mais diversos campeonatos, um caminho que voltou a ser falado com a ida de Hulkenberg a Le Mans, de onde trouxe o troféu de vencedor. A McLaren aproveita isso para lançar as bases para os seus projetos fora da F1.

Quem ganha? Todos, principalmente os fãs. E Alonso é um privilegiado por ter um chefe tão aberto a este tipo de ideias, um privilégio que conquistou com as suas exibições em pista. Não é um título mundial de F1, mas este reconhecimento por parte da equipa das suas capacidades é um “luxo” a que mais ninguém tem direito na F1.

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