Fórmula 1: Será Kubica a opção certa para a Williams?

08/12/2017

É a vaga que falta definir para termos a grelha de 2018 completa. Será que Robert Kubica vai fazer o regresso à F1, depois do pesadelo que viveu e das dificuldades que tem de enfrentar diariamente?

O discurso de Kubica na gala de entrega de prémios Autosport deu algumas indicações sobre o positivismo do polaco nesta fase. O piloto admitiu que enfrenta mais dificuldades no dia a dia do que especificamente no carro e que tanto o corpo como a mente se adaptam com facilidade a novas situações. Kubica deu a entender que está preparado para o regresso à F1. Mas será que pode ser competitivo?

2017 foi um ano em recheado de testes para Kubica, tendo começado na Renault, primeiro com carros anteriores a 2014 e por fim testando os novos turbo-hibridos. A equipa guardou os resultados em segredo e ficamos sem saber se o polaco passou o teste ou não. A verdade é que a hipótese Sainz materializou-se e não se ouviu falar mais de Kubica na Renault.

Veio depois o interesse da Williams, que precisava de um piloto para o lugar de Massa. Di Resta, que teve uma prestação interessante na Hungria quando chamado a substituir Felipe Massa, Sirotkin e Kubica foram os homens falados para a vaga. Di Resta não rodou no último teste do ano (esteve na Hungria com um carro de 2014) e apenas Kubica e Sirotkin tiveram lugar, juntando-se a Lance Stroll.

É aqui que as coisas se complicam. A melhor volta de Kubica com menos combustível foi 1:39:4, enquanto que a melhor volta de Massa foi 1:38:5 na qualificação do seu último GP. Mas agora é preciso tentar entender as diferenças pois Kubica testou com os pneus de 2018 e não há termo de comparação com as borrachas que Massa usou. Além disso a temperatura da pista também tem influência e Kubica testou com temperaturas mais altas o que torna a pista mais lenta, sem referir que o polaco usou um motor já em fim de vida e obviamente com um modo de potência mais baixo.

Nos stints longos, Kubica foi 0.6 segundos mais rápido que Massa em média, mas surge o problema de comparação pois não é publico ainda o quão mais rápidos são os pneus do próximo ano, embora os ultra-macios usados no teste sejam mais macios ainda que os homónimos de 2017.

Nos stints curtos, equivalentes a qualificação, Kubica não conseguiu mostrar o mesmo nível competitivo e fez um segundo acima de Massa, com os híper-macios, que tecnicamente serão mais rápidos que os ultra-macios usados na qualificação. É preciso notar, no entanto, que Stroll fez o mesmo tempo que tinha feito na qualificação, o que pode ser indicativo que a pista estava de facto mais lenta (não podemos acreditar que o piloto não encontrou mais umas décimas em relação à qualificação).

A conclusão que se pode tirar a olho nu é que Kubica tem andamento para a corridas, mas que lhe falta ainda alguma velocidade de ponta para a qualificação. Será do carro? Será dos novos pneus que têm de ser tratados de forma muito diferente ao que estava habituado (não esquecer que o traçado de Abu Dhabi é complicado e que se o piloto abusar das borrachas nos dois primeiros sectores, vai invariavelmente perder tempo no 3º). Será que as suas limitações não permitem apresentar mais? No teste da Hungria Di Resta foi mais rápido que o polaco em simulação de qualificação.

Há ainda muitas dúvidas que precisam ser esclarecidas, mas os engenheiros da Williams têm certamente a informação necessária para tomar a decisão correta.