GP Bahrein F1: As notas do AutoSport (Top 5)

09/04/2018

Ouviram-se algumas críticas injustas no final do GP da Austrália em relação à qualidade da corrida. É certo que não tivemos um espectáculo recheado de ultrapassagens mas foi uma corrida interessante de seguir e com vários pontos de interesse.

Enfadonho e aborrecido terão sido adjectivos pouco justos, mas que certamente não serão usados para a última corrida. O Bahrein parece ter consigo os deuses das corridas e tem proporcionado provas intensas e com grandes lutas. A Ferrari voltou a vencer e novamente graças a uma excelente decisão estratégica e… alguma sorte. Afinal ter o carro mais rápido não é suficiente.

Ferrari – A arte de fazer durar os pneus

A qualificação deu motivos para sorrir na box da Scuderia. A pole de Vettel no fim de semana do seu 200º GP já era motivo de festejo até porque o melhor Mercedes estava em terceiro (Bottas) e Hamilton iria cair mais posições devido a uma penalização. Mas o melhor estava reservado para domingo. Vettel fez daquelas exibições que aborreceram muita gente mas que lhe valeram quatro títulos mundiais. Largou melhor e manteve-se na frente. Desta vez lutou sozinho pois Raikkonen ficou fora de prova devido ao problema na paragem que lesionou o mecânico da Scuderia (que já a apareceu engessasdo mas sorridente nas redes sociais). Mais um problema nas boxes, algo que este ano parece estar a ser recorrente. Mas o destaque tem de ir todo para Vettel e para a forma como conseguiu fazer durar os pneus macios além da janela dada pela Pirelli, que era de aproximadamente 25 voltas e na realidade duraram quase 40. Não se atrapalhou quando viu Bottas chegar-se nas últimas voltas e manteve o sangue frio. Uma vitória justa, e conquistada com muita classe. Nota para as paragens da Ferrari. O kit que a Haas usa é fornecido pela Ferrari e a Scuderia teve um problema similar ao da Haas durante o fim de semana. Há motivos para pensar que o hardware tem problema e que os italianos têm de ver com atenção o material usado nas paragens. Outra nota para a capacidade que o carro da Ferrari tem para fazer durar os pneus, um dos pontos fortes nos últimos anos e que este anos.

Sebastian Vettel – nota 10
Kimi Raikkonen – sem nota
Ferrari – nota 9

Mercedes – Tiveram o pássaro na mão mas deixaram-no fugir novamente

Não foi um mau fim de semana para a Mercedes e dois pilotos no pódio é um resultado bem positivo tendo em conta que um deles começou em nono. Mas fica novamente a sensação que a Mercedes jogou mal as cartas e poderia ter vencido a corrida. Talvez tenham acreditado que os pneus de Vettel iriam ceder mais cedo e não quiseram puxar em demasia pelo médios na fase inicial, uma decisão que se revelou errada. Se Bottas tem aumentado mais o ritmo logo no início do stint poderia ter tido mais que uma oportunidade para a atacar Vettel. Claro que depois da corrida acabada é mais fácil chegar a estas conclusões mas não é costume a Mercedes falhar nas estratégias, muito menos em duas corridas consecutivas. A decisão inicial de deixar os Mercedes mais umas voltas em pista e colocar médios estava já definida para Hamilton mas pareceu lógica para Bottas, quando Alonso “calçou” também os médios e começou a fazer bons tempo. Afinal as borrachas mais duras pareciam as mais indicadas, mas depois disso, e ficando a Ferrari à mercê da Mercedes, fica a impressão que se os Flechas de Prata têm colocado mais pressão, que a vitória poderia estar ao alcance. Bottas apresentou o nível que se espera dele e esteve perto de vingar o erro de Melbourne com uma vitória, mas um segundo lugar não é nada mau. Já Hamilton fez uma recuperação notável no primeiro stint, depois da penalização por troca de caixa de velocidade, e conseguiu chegar ao pódio numa corrida muito bem conseguida por parte do britânico, que ainda teve de lidar com problemas de comunicação e escapou ao toque de Verstappen na primeira volta.

Valtteri Bottas – Nota 9
Lewis Hamilton – Nota 10
Mercedes – nota 8

Toro Rosso – Desde os tempos de Vettel que não se sorria assim

Que grande fim de semana de Gasly, um dos melhores pilotos em pista, senão o melhor. Já na qualificação tinha dado nas vistas com um surpreendente sexto lugar que obrigou a McLaren a reunir de emergência. Em corrida aproveitou as desistências e a boa estratégia montada pela STR, para assegurar o seu melhor resultado de sempre na F1, um brilhante quarto lugar. Se uma nuvem de dúvidas pairava sobre a equipa depois da troca de motores em Melbourne, essa nuvem dissipou-se agora e a Honda ganha um novo fôlego. Tendo em conta o que aconteceu com os Red Bull, talvez a marca nipónica venha a ter gente de relevo a bater a porta, se continuarem com o nível apresentado na última corrida. Hartley esteve longe de igualar a prestação do seu colega e voltou a falhar na primeira travagem. Claramente não é mau piloto e os dois títulos de Endurance são a prova disso, mas será que a F1 beneficia o seu estilo de condução? Para já tem desiludido.

Pierre Gasly – Nota 10
Brendon Hartley – Nota 5
Toro Rosso – Nota 9

Haas – Depois do desastre um bom resultado

Muito se falou da oportunidade desperdiçada da Haas na primeira jornada do ano. Mas no Bahrein capitalizaram parte do potencial demonstrado e Magnussen conquistou um muito positivo quinto posto. O dinamarquês suplantou o seu colega de equipa em toda a linha, quer em qualificação, quer na corrida. Magnussen teve lutas bem intensas, como é seu hábito mas deu à equipa um prémio de consolação e o quinto lugar dá um novo alento à equipa. Já Grosjean não teve o fim de semana que queria. Começou mal na qualificação onde foi apenas 16º e a corrida ficou consequentemente prejudicada. Ainda teve um problema com o carro (uma parte lateral soltou-se, algo infelizmente comum para a Haas) mas esteve claramente longe de tirar todo o potencial do carro.

Kevin Magnussen – Nota 8
Romain Grosjean – Nota 5
Haas – Nota 8

Renault – O resultado possivel

Foi pelo menos o que disse Hulkenberg no final da corrida. Sexto lugar para o alemão, ele que ficou em oitavo na qualificação e por isso conseguiu subir duas posições. Esteve durante muitas voltas com Alonso atrás de si a pressionar, mas manteve a compostura e não perdeu o lugar. Já Sainz começou o fim de semana com muitas queixas, insatisfeito com o equilíbrio do carro, e talvez por isso nunca tenha chegado onde se esperava… perto do seu colega de equipa. Ficou fora dos pontos e não esteve ao nível do que nos habituou. A Renault continua a não mostrar o que se esperava. Era a equipa que parecia a maior candidata à quarta força no grid de forma algo destacada mas neste fim de semana a Haas e a Toro Rosso apresentaram um andamento muito melhor.

Nico Hulkenberg – Nota 8
Carlos Sainz – Nota 5
Renault – Nota 7

Percorra a galeria de imagens acima clicando sobre as setas.