GP Grã-Bretanha F1: Ferrari ‘baralha’ contas da Mercedes

07/07/2018

Ora aqui está mais um belo exemplo de como a Fórmula 1 está imprevisível! Numa pista claramente favorável à Mercedes, a Ferrari mostrou que está ao nível dos “flechas de prata” em formato de qualificação, sendo a Mercedes ligeiramente melhor no que toca ao ritmo de corrida. Certo é que a corrida de domingo não vai ser o passeio que se antevia para a Mercedes.

Os tempos registados nas duas sessões de treinos livres já realizadas deixam claro que o GP de Inglaterra será palco para uma luta entre Lewis Hamilton e Sebastien Vettel. No primeiro treino, aproveitando uma pista mais fria e rápida, o piloto da Mercedes rubricou o melhor tempo (1m27,487s), no segundo foi Sebastien Vettel a ser o mais rápido (1m27,552s). O alemão não conseguiu bater o britânico, mas fez o seu tempo numa pista muito mais quente – de manhã não foi além dos 37 graus, à tarde estava nos 51 graus! – e a diferença entre os dois cronos foi de apenas 0,187 segundos. Não espanta por isso que fontes da Mercedes e da Ferrari afirmem que a qualificação será “uma bela luta”.

Se nos debruçarmos sobre os tempos registados nas simulações de corrida, a vantagem pende para o lado da Mercedes até porque, curiosamente, a Ferrari conheceu algumas dificuldades com a degradação dos pneus. Se compararmos os tempos feitos por Lewis Hamilton e Sebastien Vettel, o piloto da Mercedes foi mais rápido pouco mais de um décimo de segundo que o homem da Ferrari. É verdade que Hamilton e Vettel andaram com misturas diferentes (o britânico com pneus macios, o alemão com pneus médios), mas em ritmo de corrida não há, praticamente, diferença entre as duas misturas. Por isso, o tempo médio das 10 voltas de Hamilton foi de 1m33,222s, o tempo médio das 17 voltas de Vettel foi de 1m33,369s. Lá está, uma ligeira vantagem da Mercedes. E se olharmos para os tempos de Bottas e Raikkonen, espelham exatamente a mesma situação: o piloto da Mercedes fez 9 voltas com os macios com o tempo médio de 1m33,490s, o finlandês da Ferrari fez 15 voltas com os pneus macios e averbou um tempo médio de 1m33,701s.

No lado da RedBull, Verstappen não esteve em pista devido a um despiste e Ricciardo não foi além de 1m34,242s na média das suas 8 voltas com pneus macios, ficando mesmo atrás do Renault de Nico Hulkenberg. Contas feitas, cerca de um segundo de diferença para o Mercedes, com o cenário a não ser pior porque as oito voltas do australiano já foram no final do treino. Logo com menos gasolina…

Como disse acima, o maior desgaste dos pneus nos Ferrari foi uma surpresa. Porém, não se deve a um problema dos carros vermelhos, mas sim à vontade dos comandados por Maurizio Arrivabene de colocar Vettel na “pole position”. E porquê?

Primeiro porque estar na frente é uma enorme vantagem em Silverstone, devido ao perfil rápido da pista britânica. Depois, porque a Ferrari sabe que o Mercedes W09 não é dos melhores carros no tráfego e no ar sujo. Finalmente, quando os Mercedes não ficam sozinhos na frente , o ar sujo leva o chassis a estragar mais os pneus. Portanto, percebe-se porque a Ferrari quer ficar com a “pole position” e mostrou que tem argumentos para derrotar a Mercedes, mesmo que à custa de uma maior degradação dos pneus.

Conforme tinha referido anteriormente, a RedBull não está, este fim de semana, na luta pela vitória a não ser que chegue a chuva ou a corrida seja muito atribulada. E mesmo assim não há muitas garantias, pois como se lamentava no final do segundo treino livre, Helmut Marko, “somos consistentemente lentos com ou sem DRS, com os pneus mais duros ou mais macios.” Porém, dizer definitivamente que a RedBull está fora da luta é arriscado, pois a imprevisibilidade tem sido a palavra em destaque em 2018.

Quanto à estratégia de paragem na corrida para trocar de pneus, a Pirelli está satisfeita com o controlo da granulação dos pneus, apesar das curvas de alta velocidade, com muito apoio e os mais de 50 graus que se esperam na pista. Por isso, a casa italiana de pneus assume que a corrida será de uma paragem se forem utilizados os Pirelli PZero ultra duros, duas paragens caso optem pelos médios ou os macios.

Pelotão mais longe, mas mais compacto

Numa pista onde as diferenças entre as três principais equipas e o resto do pelotão se alargou, destacou-se a Renault. Nico Hulkenberg e Carlos Sainz uniram esforços na luta com a Haas, a McLaren, Sauber e Force India. Se no ritmo de qualificação, Alonso conseguiu bater Hulkenberg, em ritmo de corrida os Renault foram melhores com Kevin Magnussen a intrometer o seu Haas entre os dois carros franceses. Mas a verdade é que o resto do pelotão está muito junto, pois nas simulações de corrida, cabem, quase todos, em meio segundo, com Sauber e Force India a fazerem funcionar as melhorias que trouxeram para Inglaterra.

DRS na curva 1?

Uma das novidades deste GP de Inglaterra foi a utilização do DRS na primeira curva. No primeiro treino, foram quatro os pilotos que experimentaram abrir a asa traseira: Max Verstappen, Sebastien vettel, Esteban Ocon e Romain Grosjean. O francês da Haas acabou por se despistar depois de ter acionado, inadvertidamente, o botão que ativa o DRS. A pancada foi de tal ordem que o chassis foi para o lixo. Para Verstappen, o teste de coragem serviu para nada já que o RedBull com a asa aberta chegou aos 295 km/h, o Mercedes de Hamiltom, com a asa fechada, passou a 300 km/h.

Afinal, é mais proveitoso fazer a primeira curva com a asa fechada e abrir o DRS para a curva dois. É mais rápido e causa menos pressão sobre os pneus.