Quem é Hannu Mikkola, o finlandês voador

05/10/2017

Nascido a 24 de maio de 1942, em Joensuu (Finlândia), Hannu Mikkola estreou-se no mundo dos ralis ao volante de um Volvo PV 544, com 21 anos, mas, por estar ainda embrenhado no sue curso de engenharia, apenas três anos mais tarde, começou a “dar cartas” com mais regularidade, no campeonato finlandês de ralis, competição que venceria pela primeira vez em 1968 (com a condução repartida entre um Volvo 122 e um Ford Escort Twin Cam).

Um ano antes, fez a sua estreia no Campeonato Europeu de Ralis (ainda não havia WRC), no Rali de Monte-Carlo de 1967, com um Lancia Fulvia, onde chegou a ser quinto, depois de ganhar um troço e antes de terminar… fora da estrada! Mas, o seu talento começava a ser notado e não foi preciso mais do que um ano para vencer a primeira prova do Europeu de Ralis, precisamente o Rali dos 1000 Lagos, num Ford Escort Twin Cam. As portas para uma grande carreira ficavam abertas…

A Ford Motor Co. é a primeira equipa oficial a estender-lhe a mão e Mikkola corresponde, mostrando uma extraordinária sintonia com o modelo Escort, com que, alcança a vitória no exigente rali-maratona Londres-México (1970) e o primeiro triunfo de um piloto europeu no Rali Safari (1971), entre outros bons resultados.

Este é o começo de um sucesso meteórico, mas, numa altura em que não era fácil ganhar a titularidade numa marca, o finlandês foi dividindo as suas participações por carros tão diferentes como o Ford Escort, o Peugeot 540, o Volvo 142, o Fiat 124 Abarth, o Toyota Corolla Levin e Celica e o Mercedes 450 e 500 SLC. Qualquer que fosse o carro, Mikkola encantava com exibições de luxo, como aquela que protagonizou no Rally de Portugal de 1978, onde só perdeu a vitória na última noite de Sintra, após um memorável duelo com Markku Alen.

Por essa altura, em 1979 e 1980, o finlandês já tinha ganho outra consistência e, por isso, conquistou os seus dois primeiros vice-campeonatos de Pilotos (o primeiro dos quais perdendo o título para Bjorn Waldegaard apenas por um ponto!), ora representando a equipa oficial da Ford, ora defendendo as cores oficiais da Mercedes, e, pontualmente também, da Toyota e Porsche (não oficialmente).

Considerado como dos pilotos mais rápidos de então, não demorou a ser contratado pela Audi, participando assim, desde a primeira hora, no desenvolvimento de um carro que havia de revolucionar os ralis: o Audi Quattro! A sua estreia em 1981, no Rali de Monte Carlo, provou isso mesmo, quando o binómio Mikkola/Quattro chegou a liderar com seis minutos de vantagem sobre o segundo, antes do piloto se despistar e desistir. Mas na prova seguinte, o Rali da Suécia, Mikkola tratou de redimir-se e ofereceu a primeiras das nove vitórias que conquistou com as diversas versões do modelo Quattro, entre 1981 e 1985.

Foi também durante esse período que se sagrou Campeão do Mundo de Pilotos, decorria o ano de 1983, batendo o Walter Röhrl da equipa rival Lancia, com a qual a Audi protagonizou históricos e inesquecíveis duelos de cronómetro e de estratégia. Em 1983, porém, o finlandês voava nos troços, mostrando-se mesmo imbatível, depois vencer quatro provas (Suécia, Portugal, Argentina e 1000 Lagos) e de terminar em segundo três ralis (Safari, Costa do Marfim e RAC).

Foi o maior momento de glória no “Mundial de Ralis” do já veterano piloto, que, no ano seguinte, falhou a reconquista do título devido à ascensão do seu colega de equipa Stig Blomqvist e só conseguiu uma vitória durante toda a época, precisamente no Rali de Portugal.
Com o advento das novas regras do Mundial de Ralis que, a partir de 1987, excluiu os espetaculares mas perigosos carros Grupo B, e deu protagonismo aos mais “civilizados” Grupo A, Hannu Mikkola conquistou, ainda com a Audi, a sua última vitória no WRC, aos comandos do possante 200 Quattro, no Rali Safari.

É que, quando, em 1988, e já com 46 anos, o fleumático finlandês assinou pela equipa oficial Mazda, nunca conseguiu melhor que dois quartos lugares em provas do WRC, em parte, por não ter já a mesma juventude de outrora, mas, sobretudo, pela falta de competitividade do projeto 323 4WD/GTX, que nunca conseguiu alcançar o mesmo protagonismo que o rival Lancia Delta.

Terminava assim uma carreira de sucesso (apesar de, em 1993, Mikkola ainda ter feito dois ralis do WRC, um com a equipa oficial da Toyota e outro com a da Subaru), onde para além do título mundial, deixou registadas 18 vitórias em ralis do WRC (em 277 participações), somando ainda 44 pódios e 654 vitórias em provas especiais, depois de ter representado oito construtores oficialmente: Ford, Peugeot, Toyota, Mercedes, Audi, Mazda, Opel (GM) e Subaru. Afinal, um palmarés de respeito, que poucos pilotos podem ostentar.

José Luis Abreu

Percorra a galeria de imagens acima clicando sobre as setas.