Liberty Media quer criar “melhor espetáculo do planeta”

28/09/2017

A Liberty Media deu novo sinal de estar mesmo apostada em mudar a face da Fórmula 1, mas apesar da vontade e do entusiasmo de Sean Bratches, o caminho para lá chegar é duro e tortuoso.

A ideia dos novos donos da F1, que cumprem por esta altura cerca de um ano de trabalho, é criar condições para a existência de um ‘Leicester’ na Fórmula 1. E o que significa isso? Qualquer coisa como ter uma equipa portuguesa a vencer a Liga dos Campeões, ou reduzindo isso à nossa Liga de Futebol, ter o Paços de Ferreira campeão. Aconteceu em Inglaterra há dois anos, o Leicester era dado como possível despromovido, mas acabou por vencer o campeonato, contra todas as expetativas, ‘abatendo’ pelo caminho os ‘monstros’ do futebol inglês. Chelsea, Manchester United e City, Arsenal, Liverpool…

Levando a mesma ideia para a Fórmula 1, será qualquer coisa como ter a Sauber campeã, por exemplo. E como se pode criar condições para isto suceder? Equilibrando o plantel, criando um teto orçamental em que as equipas com mais meios não possam fazer a diferença através do dinheiro. Se o valor total a gastar for igual para todos, inevitavelmente vai notar-se mais equilíbrio em pista, pois as equipas grandes não podem reservar para si os ‘todos’ os melhores, porque o teto orçamental não o permitirá.

Por exemplo, como a NBA equilibra a sua competição? Fazendo algo muito simples, criando uma lista de jogadores transferíveis, dá-lhes uma ordem, e a última classificada de uma época tem a primazia de escolha, podendo escolher dessa lista o jogador que mais interesse tiver embora não forçosamente o número 1.

A questão é mais complexa, mas para que fique a ideia, se uma equipa tem um teto orçamental de 100 milhões, pode gastar 50 milhões num piloto, por exemplo, mas depois tem que fazer ‘caber’ tudo nos restantes 50 milhões. E desta forma não vai conseguir os melhores engenheiros, mecânicos, etc.

A história da Fórmula 1 diz que só há 34 construtores a vencer Grandes Prémios, 15 com títulos mundiais, e se apagarmos a história da F1 até 2000 só cinco teriam conseguido ser Campeões, a Ferrari, Red Bull, Mercedes, Renault e Brawn GP, nas condições que se conhecem. Portanto, o trabalho da Liberty Media vai ser ciclópico, sendo bem possível que perca construtores que se impuseram pela força do dinheiro.

Segundo declarações de Bratches ao Motorsport, o norte-americano revela que a Liberty Media tem uma cartilha com cinco pontos com que se vai reger no futuro: “Neste momento não há forma de parecer um Leicester na F1, mas queremos criar melhor competição, mas neste momento o fundo da grelha está demasiado longe da frente. Com um teto orçamental, redistribuição de dinheiro vamos criar um espetáculo melhor, corridas melhores e mais competitivas para os adeptos” disse Bratches, cujas ideias, revela, surgiram de um estudo nunca antes feito na F1: “fomos a quatro continentes onde falámos com 10 adeptos fanáticos, durante dois dias. A nossa missão como empresa saiu destas conversas, o que pretendemos é criar o melhor espetáculo de corridas do planeta.”

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