Mark Webber lança alfinetada a Vettel

19/07/2018

Mark Webber foi colega de equipa de Sebastian Vettel de 2009 a 2013. A relação entre ambos nem sempre foi a melhor, embora o machado de guerra esteja completamente enterrado, mas Webber conviveu com tetracampeão durante 94 GP e conhece bem os pontos fortes e fracos de Vettel.

Numa entrevista para o Podcast da F1, Webber aponto o principal ponto fraco do germânico… a falta de calma quando as coisas fogem do plano:

“Sebastian teve e continua a ter [surtos de nervosismo]. Acho que ele tem um plano e muitas vezes esses colapsos surgem fora da rotina normal de um grande prémio. Em Abu Dhabi [2012] ele está atrás do Safety Car, e atinge as placas do DRS. No Azerbaijão também vimos o que aconteceu. É incrível como ele tem esta capacidade de concentração máxima. Largar da pole, sair do DRS, e vencer… nisso era imbatível. Mas assim que havia outra complicação, tornava-se mais difícil para ele.”

Os ataques de raiva de Vettel são já famosos e têm vindo a crescer de intensidade ao longo dos anos. Desde que está na Ferrari que essa faceta tem aparecido mais vezes e basta ver e ouvir as comunicações quando algo está a correr menos bem para entender que o alemão perde a compostura. Basta lembrar quando Vettel mandou Charlie Whiting “dar uma volta”, de forma mais explicita, no final do GP do México em que a luta com Verstappen e Ricciardo foi ao rubro. O episódio do Azerbaijão também é um bom exemplo.

Quando larga da pole ou se apanha na frente da corrida, Vettel é imparável. É talvez o melhor a gerir uma corrida na frente e aí está no seu elemento. Pode gerir tudo à sua maneira, ditar ritmos, controlar andamentos dos adversários… Faz isso com grande mestria e são muito raras as vezes em que não aproveita essa posição. Como alemão que é, gosta de ter também tudo sob controlo e vai até ao mais ínfimo pormenor, para extrair o máximo do carro (só por isso conseguiu ser tão dominador com os “blown diffusers”). Mas quando há outros factores que ele não controla, pode perder as estribeiras.

A época 2017 poderia ter sido de glória para a Ferrari mas tanto a equipa como Vettel não souberam gerir as situações de maior pressão. Resta saber se a lição foi entendida. O facto de Vettel ser assim, traz-lhe algumas complicações mas também traz algo de bom à F1… traz alma e algo mais genuíno. Mostra que os pilotos não autómatos que cumprem escrupulosamente um tempo por volta pré-definido. Que cada um reage à sua maneira às adversidades… uns aparentam ser frios como o gelo (Ricciardo no Mónaco este ano) e outros explodem (como Vettel no México). É também por isso que gostamos de F1.