McLaren e Honda: Divórcio ao virar da esquina… com Mercedes à espreita

21/06/2017

Já parece claro para toda a gente que se a Honda não melhorar significativamente a sua unidade motriz – e não há quaisquer que isso seja possível, pelo menos ao nível esperado pelos homens da McLaren – que estes se estão a preparar para trocar a Honda pela Mercedes, em 2018. Os responsáveis de Brackley já disseram que nada farão até que a McLaren se divorcie da Honda, se é que isso vai realmente a acontecer e Toto Wolff vai mesmo mais longe ao dizer ser melhor para a F1 que a Honda resolva os seus problemas e se mantenha na F1, pois diz sentir ser importante a existência de quatro construtores.

De qualquer forma, já é claro que a McLaren perdeu mesmo a paciência com a Honda e agora só mesmo um ‘milagre’ poderá impedir o divórcio depois de Zak Brown demonstrar ter perdido a fé nos japoneses. Estes continuam sem conseguir fazer bem a correlação entre os dados que obtêm nas ferramentas de simulação e a sua verificação em pista, algo que é admitido por Yusuke Hasegawa. “Não conseguimos criar as condições necessárias no dinamómetro. Temos que criar as condições da pista no dinamómetro. As condições operacionais são diferentes, portanto, temos que perceber o que está a fazer a diferença na fiabilidade. O ano passado, conseguíamos comprovar a fiabilidade do motor no dinamómetro, portanto, temos que perceber por que motivo agora existe uma diferença entre o dinamómetro e o circuito – não é fácil. Temos que melhorar a precisão”, afirmou o responsável máximo pelo programa de Fórmula 1 da Honda.

Este parece ser o grande problema da marca japonesa, não tendo conseguido mudar de paradigma com as restrições a testes que existem atualmente. Nas suas anteriores passagens pela Fórmula 1, anos oitenta, noventa e princípio do século, sem falar na primeira aventura dos anos sessenta, os responsáveis da Honda testavam consistentemente em Suzuka os seus motores e evoluções, adoptando uma postura empírica.

Hoje em dia, com as restrições aos testes em pista, tudo tem que ser avaliado em ferramentas de simulação, mudando completamente a forma como são concebidos e desenvolvidos carros e unidades de potência. Este foi um problema que também foi sentido pela Ferrari que, com um circuito à porta, qualquer novo componente era motivo para ir para a pista, estando agora ultrapassar essa deficiência, podemos ter, portanto, uma ideia do desafio que a Honda enfrenta, que talvez não estivesse pronta para abraçar um actual projecto na Fórmula 1.
Para além disso, a cultura japonesa e a filosofia da Honda, que insiste em manter apenas os seus técnicos no projecto, não contratando pessoas com experiência de Fórmula 1, atrasa a busca de novas soluções, uma vez que dificilmente bebem das dificuldades dos outros construtores através de sangue novo.

“O Éric fala da cultura de Fórmula 1. O local onde o motor está a ser construído, as pessoas envolvidas precisam de mais experiência de Fórmula 1 e para isso, têm que ter uma mente mais aberta. Algo tem que mudar. Se continuarmos a fazer a mesma coisa, vamos ter o mesmo resultado, e é isso que eles estão a fazer há já um par de anos. Têm que fazer mudanças, talvez assumir alguns riscos, talvez fazer algumas coisas que não fariam normalmente. Mas não podem continuar a fazer o mesmo, a alcançar o mesmo resultado, e depois pensar que por milagre as coisas vão mudar na corrida seguinte. Têm que ter uma abordagem distinta”, avisou Zak Brown.

Depois, há uma questão muito importante, quiçá decisiva é que com motores Mercedes a probabilidade de Fernando Alonso se manter em Woking é bem maior.

José Luís Abreu