Mercedes fez 5604 quilómetros com um único motor de F1

22/06/2018

Foi Valteri Bottas quem ao volante de um Mercedes W09 com um motor ‘velho’ chegou ao final do GP do Canadá com o conta quilómetros a mostrar 5604 quilómetros! Um recorde muito interessante, mas conquistado á custa de muitos cv perdidos pela idade da unidade de potência, e uma corrida ‘fraquinha’.

Recordo que as equipas de Fórmula 1 têm disponíveis, apenas, três motores de combustão interna (os V6 de 1.6 litros), três turbocompressores e três MGU-H (gerador de energia através dos gases de escape) Baterias, gestão eletrónica do motor e MGU-K, estão limitados a duas unidades por ano.

Assumindo como boa a estimativa de 780 quilómetros cumpridos por fim de semana de Grande Prémio, quer isto dizer que cada unidade tem de cumprir qualquer coisa como 5460 quilómetros. Sabemos que os construtores de motores têm como objetivo nos testes em banco de ensaio uma duração das unidades de potência entre os sete e os oito mil quilómetros, este ano, já que em 2017 esse limite estava nos cinco mil quilómetros. Para evitar penalizações, cada unidade terá de cumprir sete fim de semana de provas antes de ser substituída.

Ora, o Grande Prémio do Canadá foi, exatamente, a sétima prova do calendário, ainda por cima, numa pista dura para os motores – talvez a mais dura pois 73% do tempo andam de acelerador a fundo – e por isso todos desejaram ter motores frescos para a prova canadiana. A ideia de todos era simples: estrear uma unidade nova num traçado exigente e escolher a sétima prova do propulsor mais antigo numa pista menos complicada para as unidades de potência. Por exemplo, o Hungaroring.

Infelizmente para a Mercedes conheceu alguns problemas e a segunda evolução do propulsor feito em Brixworth acabou mesmo por partir, no banco de ensaio, após 3700 quilómetros, impedindo a Mercedes e os seus clientes de usar o novo motor, tendo de desempacotar o antigo motor para resolver o problema.

Fica explicado porque razão a Mercedes usou os motores já com seis provas em cima, perdendo a evolução que estava prevista para o GP do Canadá e que, diz quem sabe, ofereceria mais 10 cv, o que daria muito jeito na pista da Ilha de Nôtre Dâme. Assim, Lewis Hamilton e Valteri Bottas não puderam defender-se da melhor forma com motores cansados e sem os 10 cv extra de bónus.

Os motores Mercedes que terminaram o Grande Prémio do Canadá, na casa alemã, ultrapassaram alegremente os limites impostos pelos regulamentos, sem danos e por isso podem ser usados em alguns treinos de sexta feira para poupar os motores novos e prolongar-lhes a vida útil.

Ferrari e Renault não chegaram a tanto, mas todos ficaram próximo dos cinco mil quilómetros e podem, agora, usar os blocos utilizados até ao Mónaco em outra corrida onde a exigência seja menor. Veremos se este problema não dará dores de cabeça á Mercedes e aos seus clientes.

No meio de tudo isto, há que dar destaque aos 3728 quilómetros que o motor Honda do Toro Rosso de Pierre Gasly cumpriu, ou seja, cinco fim de semana. Um sinal claro que a fiabilidade está a chegar, mesmo que no carro de Brendon Hartley, logo na segunda corrida no Bahrain, tenha sido trocado o MGU-H e utilizado, logo, o segundo motor da temporada. Dizer, também, que Gasly acabou penalizado pois teve de usar, já, o quarto motor em Montreal pois limite ficou nos 3728 km.

Quilometragem dos motores (após 7 corridas)

Mercedes
Valteri Bottas – 5604 km (7 GP)
Lewis Hamilton – 5428 km (7 GP)
Sergio Perez – 5349 km (7 GP)
Esteban Ocon – 5079 km (7 GP)

Renault
Carlos Sainz – 4661 km (6 GP)

Ferrari
Sebastien Vettel – 4639 km (6 GP)

Renault
Stofel Vandoorne – 4395 km (6 GP)
Fernando Alonso – 4376 km (6 GP)
Nico Hulkenberg – 3933 km (6 GP)
Max Verstappen – 3769 km (6 GP)

Honda
Pierre Gasly – 3728 km (5 GP)