Faltam apenas 11 dias para a realização do Grande Prémio de abertura do Mundial de Fórmula 1 na Austrália, e depois duma pré-época intensa, as equipas fazem neste momento as modificações que entendem tendo em conta o que aprenderam em Barcelona. Há, como se calcula, grande expetativa quanto à correlação de forças, mas não tenham grandes dúvidas, as coisas não vão mudar muito, e curiosamente é na frente da tabela que estão as grandes dúvidas. Já se disse em relação a todas as três grandes equipas, Mercedes, Ferrari e Red Bull, que todas elas podem não estar a mostrar tudo o que valem, esconder o jogo, ora isso é algo que sucede há muito, e nos últimos três anos, isso só não se passou quando a Mercedes mostrou um andamento e uma fiabilidade em pista que os seus adversários tiveram mesmo de mostrar tudo o que valiam para não se irem abaixo psicologicamente, tal a diferença percetível…
Isto este ano não aconteceu, todos identificam a Ferrari como estando cerca de três décimos à frente da Mercedes, mas a experiência leva-nos a duvidar totalmente deste detalhe, embora se aceite que ambas podem estar mesmo muito equilibradas a todos os níveis. A Mercedes é o que é, a equipa que venceu 51 dos últimos 59 Grandes Prémios e a Ferrari depois de um ano muito mau, trabalhou bem no inverno e pode ter acertado na mouche. De resto, o que é engraçado de ver é como diz um grande amigo nosso, a “conversa para entreter” que alguns deitam cá para fora…
Por exemplo, as dúvidas sobre qual será a verdadeira Red Bull em Melbourne. Com base nos ensaios da pista catalã, a Ferrari e a Mercedes estão lado a luta no topo a lista de favoritos, seguidas de perto pela Red Bull. Mas aqui reside uma dúvida quanto ao verdadeiro andamento da equipa de Milton-Keynes. “Eles só colocaram pneus largos no carro de 2016?”, interrogou-se Sebastian Vettel em declarações à publicação Auto Motor un Sport, lançando a suspeita de que a Red Bull talvez tenha estado a ‘esconder o jogo’ em Barcelona. No que Toto Wolff, da Mercedes, concordou ao dizer: “Vamos ver a verdadeira Re Bull em Melbourne”.
Para ajudar a perceber esta incógnita, ou complicar se quisermos, temos a reação enigmática de Christian Horner à questão se a sua equipa será a surpresa na primeira corrida do ano. “Podem contar com isso, apesar de talvez sermos uma surpresa diferente do que imaginam”, afirmou o diretor da Red Bull Racing. Outra teoria é de que o programa de desenvolvimento do RB13 foi até auxiliado por problemas em termos de fiabilidade e utilização do novo motor Renault. E Lewis Hamilton, que classificou a Ferrari como favorita, pensa que a Red Bull vai estar na luta pelas posições cimeiras na Austrália. “Habitualmente eles trazem uma grande atualização do conjunto para a primeira corrida”, considerou o vice-campeão do mundo. Algo em que pelo menos Helmut Marko concorda.
“A Mercedes parece ter problemas com o fundo do carro, por isso acho que a sua vantagem não vai ser a mesma que tinha antes, e a Ferrari vai ser uma grande candidata à liderança”, opinou o austríaco que admite que a fiabilidade do motor Renault vai ser o maior problema com que a Red Bull vai ter de lidar”, afirmou o austríaco. Para além das dificuldades com o sistema MGU-K, o conselheiro da equipa de Milton-Keynes também diz que o RB13 não é perfeito. “Às vezes não conseguimos ter os pneus numa janela de temperatura correta e não percebemos bem porquê”, sublinhou Marko. Já Dietrich Mateschitz considera que a Mercedes é ainda a força a bater e que a Ferrari está lá perto, enquanto a Red Bull só estará ao mesmo nível lá para o verão.E onde pode estar o segredo? Adrian Newey pode estar a preparar uma “brilhante atualização” para o Red Bull RB13. Marc Surer afirma isso apoiando-se no facto de normalmente o projetista britânico ser brilhante na interpretação dos novos regulamentos, mas o Ferrari e o Mercedes foram claramente mais rápidos em Barcelona. “O Red Bull é projeto surpreendentemente simples. Isto pode indicar que o Red Bull, com o motor Renault, podem estar a preparar uma estratégia sabendo que não podem igualar a força da Mercedes. Por outro lado, pode querer dizer que Newey pode apresentar em Melbourne um brilhante melhoramento para o RB13”, disse considera o agora comentador suíço.
Para ajudar à festa deste conjunto de declarações, Helmut Marko veio dizer que a sua equipa estava preocupada com o andamento da Ferrari: “A Ferrari está muito forte e fiável também, é a diferença para o ano passado”, disse o austríaco à Red Bull Servus TV. “O que me preocupa é conhecer muito bem o Vettel, ele levantou o pé na sua volta mais rápida para provocar. Todos viram! Se fazes isso é porque a tua confiança e conhecimento do monolugar é enorme”, afirmou Marko. O austríaco acha que o verdadeiro ritmo dos monolugares ainda não foi visto, por vários fatores. “Ninguém mostrou ainda todas as cartas. Se tens mais 10kg de combustível ganhas mais 0.35s, além disso o mapeamento dos motores diferem, pode fazer uma diferença de 1s, ou mais”, acrescentou.
Ironicamente, tão preocupado que está com a sua equipa, Niki Lauda diz esperar um ano difícil. Lewis Hamilton afirmou em Barcelona, durante a segunda semana de testes, que a Ferrari está a fazer ‘bluff’ e podem estar ainda mais rápidos. “O nosso monolugar é certamente melhor que o de 2016, mas a Mercedes, tradicionalmente, tem desacelerado durante os treinos e depois voa nas corridas. Eles continuam a equipa a bater”, afirmou Sebastian Vettel. Na verdade, muitos concordam que a Mercedes está também a fazer ‘bluff’ e que em Melbourne vai aparecer com um monolugar capaz de vencer o quarto campeonato consecutivo. “Todos dizem que se olharmos para o passado a Mercedes ganhará novamente, mas estas pessoas são ingénuas. Penso que será um ano difícil para nós”, disse Lauda à RTL. “Neste momento ninguém pode dizer quem vai estar à frente na Austrália. Mas agora será tudo mais apertado”, acrescentou Lauda.
Quem leu isto, ficou ainda mais confuso. Certo é que há quem não esteja a dizer tudo o que sabe, por isso o o melhor mesmo é esperar por Melbourne…
