WTCR: Os nossos Wildcards

06/06/2018

Representar Portugal é uma tarefa com a qual muito sonham, mas são poucos os que têm a oportunidade de o fazer. Além de ser um privilégio, é também uma grande responsabilidade pois é representar uma nação que, por muitos defeitos que tenha, tem valores e características inigualáveis. É também uma nação recheada de talentos nas mais diversas áreas e as vezes torna-se um desafio estatístico explicar como um povo tão pequeno consegue reunir tanto talento.

No automobilismo é também assim e nas competições internacionais estamos representados ao mais alto nível, com piloto de uma qualidade imensa que por onde passam, espalham classe e conquistam o respeito de todos. O WTCR tem um representante nacional de peso. Tiago Monteiro é sem dúvida um dos melhores e está associado de forma indelével ao mundial de turismos. Em 2017 teve o ano mais amargo da sua carreira, quando um grave acidente lhe roubou a hipótese de lutar pelo título quando mostrava estava em excelente forma (talvez um dos melhores momentos de forma da sua carreira). Monteiro continua a sua recuperação e estamos todos à espera que possa anunciar o seu regresso para Vila Real (embora a perspetiva de regressar num traçado citadino, com esta exigência não pareça a ideal para quem vem de uma paragem tão longa). O anúncio ainda não foi feito e vamos aguardar com grande expectativa.

Mas as cores nacionais ganharam dois representantes para a ronda portuguesa do WTCR: Edgar Florindo e José Rodrigues. Serão eles a levar para a pista as cores da nossa bandeira e representar uma nação que continua a produzir excelentes pilotos.

A carreira de Edgar Florindo é curta mas a sua ascensão tem sido rápida. Com 4 anos de carreira automobilística, Florindo começou em 2014 (Taça Nacional de Clássicos Pós-Históricos ao volante do seu Toyota Corolla 1.6 GTI. ) e em 2015 saltou para os Legends onde competiu 2 anos com um Toyota Carina E. Em 2017 subiu para o CNVT, ao volante de um Leon TCR e continuou a sua afirmação no panorama nacional. Fez um excelente final de época e conseguiu vencer corridas (8 pódios, 2 vitórias) no seu ano de estreia. A ponta final de 2017 confirmou-o como um dos nomes a ter em conta para o futuro. Em 2018 estava pronto para continuar no nacional de velocidade mas a oportunidade de competir no WTCR falou mais alto e teve de adequar o seu programa desportivo com vista a essa participação, que se confirmou no mês passado. Tem estado a competir no CER, mas olha para o WTCR como o ponto fulcral desta época. Hoje na apresentação do 49º Circuito Internacional de Vila Real, o piloto realçou a grande oportunidade que tem pela frente, mas afirmou que não se atemoriza com o desafio: Sou ambicioso, gosto de desafios e este é sem dúvida o maior da minha carreira até agora, mas é com humildade que encaro esta prova. Poder medir forças com os melhores pilotos da atualidade é algo que me motiva a fazer cada vez mais e melhor. Não tenho objetivos traçados, e sei que os desafios serão difíceis. Mas tenho uma vontade grande de orgulhar a minha cidade e o meu país.”

José Rodrigues tem também uma carreira relativamente curta. Começou a evidenciar-se no Troféu Abarth 500 AC Portugal (campeão Sub-25 em 2013, 2014 e 2015) e em 2016 iniciou a sua participação no TCR Portugal ao volante de um Honda Civic. Desde cedo evidenciou um andamento igual ao dos melhores a nível nacional e conseguiu subir ao pódio várias vezes (5 pódios, 1 vitória). Em 2017 apostou no TCR Germany para ganhar mais experiência e conseguiu resultados positivos, mostrando capacidade para andar ao nível dos mais rápidos. Foi também em 2017 que se estreou no ETCC, na prova de Vila Real, conquistando mais um pódio. Em 2018 continua com a sua carreira a nível internacional e participa no TCR Italy, competição onde tem também colecionado resultados positivos. Rodrigues encara esta prova com ambição : Estou obviamente muito orgulhoso por estar numa Taça do mundo, especialmente em Vila Real, onde tenho estado sempre presente, desde o regresso das corridas. Vila Real é especial para mim, pois o meu pai correu cá com muito sucesso e pessoalmente também tenho conseguido excelentes resultados nesta pista. Tenho sido muito competitivo aqui e espero poder fazê-lo também no WTCR, andando no meio dos melhores do mundo.”

Ambição e talento não falta a esta dupla, que terá sobre si as atenções do público nacional. Obviamente que a concorrência é de peso e nalguns casos muito mais experiente, mas os dois pilotos encaram esse facto com naturalidade e sem pressão extra. A determinação para fazer o melhor resultado possível é grande, numa competição e numa pista onde tudo pode acontecer. É certamente o maior desafio da carreira de ambos, mas são desafios como este que motivam os pilotos. Correr em Vila Real, no WTCR é uma oportunidade única e certamente que estarão à altura da exigência.