Dez clássicos com formas esculpidas pelo vento

22/09/2022

A aerodinâmica é um factor que assume especial importância no desenvolvimento de um veículo, pois o bom aproveitamento da mesma resulta em bons desempenhos e melhores consumos, algo bastante importante hoje em dia.

A aerodinâmica começou a ser estudada em 1871, quando Francis Herbert Wenham da Aeronautical Society of Great Britain, construiu o primeiro túnel de vento da história. Nesta altura, começou também o desenvolvimento dos primeiros aviões e isto veio ajudar imenso. Só quase um século depois é que a aerodinâmica chegou aos automóveis, pelas mãos de Wunibald Kamm, que começou a desenvolver os automóveis “streamline”. Apresentamos dez automóveis clássicos, nos quais a aerodinâmica foi leva a sério.

A.L.F.A. 40/60 HP Aerodinamica

Este automóvel foi desenhado por Marco Ricotti, que trabalhava na carroceira italiana Carrozzeria Castagna. Este protótipo, equipado com um motor de seis cilindros em linha com 6082 cc e 70 cv, tem uma carroçaria aerodinâmica em forma de lágrima, conseguindo atingir os 139 km/h, isto em 1914.

BMW 328 Mille Miglia

Foi graças à carroçaria com uma aerodinâmica bastante apurada, que o BMW 328 conseguiu chegar a Brescia, no primeiro lugar da sua classe na corrida de resistência italiana. Várias foram as versões a competir, de 1938 a 1940, com modelos descapotáveis e coupés. Estava equipado com o motor M328, de seis cilindros em linha, com 1971 cc e cerca de 135 cv.

Chevrolet Corvette C2

Apesar do Chevrolet Corvette C2 parecer ter uma aerodinâmica fantástica no túnel de vento, isto veio a revelar-se não ser verdade, pois a frente levantava a altas velocidades. Numa entrevista, o designer Zora Arkus-Duntov, disse que o Corvette C2 tinha a aerodinâmica de um avião fraco. Este foi o primeiro Corvette a ser desenvolvido com recurso a túnel de vento, neste caso utilizando o da Caltech, trazendo vantagens, como o espaço interior, a curvatura do pára-brisas. Vários foram os motores V8 que equiparam a segunda geração do Corvette, desde os 5.4L e 250 cv aos 7.0L e 435 cv.

Citroën CX

O Citroen CX tinha a aerodinâmica como uma das suas prioridades, até o próprio nome CX vem do símbolo do coeficiente aerodinâmico. O desenho esteve a cargo de Robert Opron, tendo uma traseira Kamm-tail e rodas traseiras parcialmente cobertas, além de uma série de condutas debaixo do automóvel, levando ar fresco para arrefecer os travões. Esta berlina francesa tem um coeficiente aerodinâmico de 0,29.

Mercedes-Benz 300SL

O Mercedes-Benz 300 SL levou a aerodinâmica muito a sério, tendo um coeficiente de 0,389. Isto foi possível devido ao motor M194 de seis cilindros em linha estar deitado num ângulo superior a 45 graus. Este motor de 3.0L desenvolve 175 cv na versão de competição de 1952. A versão de produção de 1954, tem o motor M198, desenvolvendo 215 cv ou 240 cv, dependendo do tipo de árvores de cames instaladas.

Mercedes-Benz C111

O Mercedes-Benz C111 constituiu uma serie de protótipos desportivos, para testar diferentes tipos de motores e, ao mesmo tempo, o desenvolvimento da aerodinâmica, e foram construídos durante os anos 60 e 70, com um total de 16 exemplares. O primeiro construído em 1969 estava equipado com um motor Wankel de injecção directa de três rotores e uma carroçaria em fibra de vidros desenhada por Bruno Sacco, sendo capaz de chegar aos 257 km/h. A versão seguinte já tinha um motor Wankel de quatro rotores e desenvolvia 350 cv, de modo a atingir os 300 km/h. Após a Mercedes-Benz cancelar o desenvolvimento dos motores Wankel, os C111 passaram a ser equipados com motores diesel. O C111-III tinha um motor diesel de cinco cilindros com turbo, debitando 228 cv, mas tinha um coeficiente aerodinâmico de 0,191. O último protótipo do C111 já conseguia atingir mais de 400 km/h, com um motor V8 e dois turbos KKK, desenvolvendo 500 cv.

Plymouth Road Runner Superbird/Dodge Charger Daytona

O Plymouth Superbird seguiu as linhas do Dodge Charger Daytona, lançado um ano antes, e ambos foram construídos especificamente para competir em NASCAR e, por isso, existem também os modelos de homologação. A frente foi alongada, em forma de cunha, e na traseira foi montado um grande aileron, criando assim uma corrente descendente, aumentado o “downforce”. Os Superbird equipados com o motor de topo de 7.0L e dois carburadores quádruplos debitam 425 cv.

Saab 92

O Saab 92 foi o primeiro veículo de produção da marca sueca e não poderia ter começado da melhor maneira, no que toca à aerodinâmica, devido às suas linhas suaves. Tem um coeficiente aerodinâmico de 0,30, algo muito bom para a época. Duas semanas após o lançamento do Saab 92, Rolf Mellde, engenheiro chefe do projecto, ficou em segundo da sua classe no Rali da Suécia, não pode ser coincidência. O motor que equipa o 92 é a dois tempos, com dois cilindros e arrefecimento a água, produzia 25 cv, passando para 28 cv em 1954.

Shelby Cobra Daytona Coupé

Quando os Shelby Cobra estavam a perder terreno para os seus rivais, o engenheiro da marca, Peter Brock, desenvolveu o Cobra Daytona Coupé, de modo a reduzir o arrasto aerodinâmico, com uma traseira Kamm-tail, com spoiler. Apesar da equipa da Shelby estar céptica, em relação à nova carroçaria, provou ser bastante eficaz, pois venceu a luta contra a Ferrari nas 24h de Le Mans.

Tatra T77, T77A, T87, V570 e T97

O Tatra T77 foi o primeiro automóvel construído em série com a aerodinâmica no topo das prioridades, de acordo com os princípios do designer de aviões Paul Jaray. Foi lançado em 1934 e surpreendeu todo o ramo devido à sua velocidade e conforto, atingindo 145 km/h, equipado com motor de 3.0L V8 na traseira, que debitava 60 cv, aumentado para os 75 cv com o motor de 3.4L no T77A, com um coeficiente de 0,212. Este modelo evoluiu para o Tatra T87, equipado com o motor V8 de 2.9L e 85 cv, atingindo os 160 km/h. Além destes modelos maiores, também havia outros mais pequenos, como o V570 com motores boxer de dois cilindros, 854 cc e 18 cv e o T97, com motores boxer de quatro cilindros de 40 cv. Todos estes modelos foram os que inspiraram Adolf Hitler a querer fazer algo idêntico na Alemanha, pedindo a Ferdinand Porsche para desenvolver um modelo parecido com os Tatra, culminando no Volkswagen Beetle. Hoje em dia, estes modelos checos ainda têm coeficientes aerodinâmicos que impõem respeito a muitos automóveis novos.