Saímos de Lisboa com a bateria a transbordar de eletrões e o painel a sossegar-nos com 420 km de autonomia. Bem-comportados, colocamos o cruise control nos 120 km/h precisos e, Porto, aqui vamos nós!
Aqui vamos com uma paciência infinita. Deixar o Tesla rolar a 120 km/h, com um conforto que faz com que pareça parado, o silêncio quase total apenas quebrado pelo rolamento dos pneus 245/45 R19 – há jantes de 21’’ em opção mas baixam a autonomia… –, é um desafio à nossa resistência, quando sabemos do potencial que temos sob o pé direito. O Model S P85 D tem um motor no eixo traseiro com 476 CV e outro no dianteiro com 224 CV. Ao todo são 700 CV e um binário de 931 Nm disponível assim que se “esmaga” o acelerador.
A sensação de uma aceleração a fundo é indescritível – são 1,7 s até aos 60 km/h e 4 s até aos 100 km/h numa berlina de cinco metros e 2240 kg! Para isso temos de alterar, no enorme ecrã central onde tudo se controla, o tipo de aceleração do modo normal que é o Sport para o modo… Insane (Demente). E para os exagerados a Tesla tem ainda o modo opcional… Ludicrous (Absurdo) que, por 11 439 €, corta mais 0,3 s à aceleração 0-100 km/h! Há histórias de clientes que compram estas luxuosas berlinas… para achincalharem amigos que têm maquinões da Ferrari, Porsche e Lamborghini!
Estamos, de facto, num outro mundo quando entramos neste Tesla Model S P85 D. O espaço no habitáculo é mais que generoso, a mala traseira – porque ainda há um bom vão de 150 litros na frente – é gigantesca, o equipamento é cativante e todo o conjunto é de uma utilização extremamente amigável, simples e com notável atenção ao detalhe. Depois, voltamos sempre à dinâmica soberba, com acelerações fulgurantes e um excelente comportamento, graças ao centro de gravidade baixo e às vias largas.
Feitas as “apresentações”, refeitos de uma certa surpresa inicial, começamos a perceber que os números da autonomia baixam muito mais depressa do que sobem os do conta-quilómetros! A autoestrada não é o terreno de eleição dos elétricos… O consumo ronda os 25 kWh/100 km, o que nos deixa de sobreaviso, sabendo que há 300 km para fazer e que os 85 kWh da bateria não são usados na sua totalidade.Chega o momento de enfrentar outro problema “crónico” para os carros eléctricos: as longas subidas da serra dos Candeeiros que quase que o “mata”: em poucos quilómetros a autonomia cai quase três dezenas. Chegamos à área de Pombal, ao km 164 da A1 e já só temos 160 km de autonomia. Teoricamente daria para chegar ao Porto, estamos a menos de 140 km. Mas da teoria à prática vai uma enorme distância e o chamado «coeficiente de cagaço»: a autonomia exibida não equivale aos quilómetros que vamos percorrer!
O posto lá está e a conclusão é que a viagem ao Porto é perfeitamente possível desde que seja programada para fazer coincidir a hora da refeição com a da passagem pela área de serviço. São 45 minutos para reconfortar o estômago e para voltar a ver no computador de bordo a indicação da autonomia: 445 km de autonomia.
Seguimos viagem e, agora, exageramos passando àquele limite que é público e notório ser o extremo que nos permite salvaguardar a carta… Cruise control nos 140 km/h, o consumo sobe para os 31 kWh/100 km e o Autopilot continua a encantar-nos. Passamos Gaia, chegamos ao Porto. Primeira parte da missão cumprida, tanto mais que a autonomia indicada continuar a permitir-nos chegar, de novo à área de Pombal para nova carga.
No total, foram 684 km, com consumo de 26,4 kWh/100 km. Pondo em perspetiva, se toda a energia consumida tivesse sido paga ao preço do horário em vazio da EDP, a viagem teria ficado em 16 € para combustível!
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