156 GTA e 147 GTA: A despedida do Alfa Romeo V6 Busso

10/01/2020

Desde 1979, que o V6 Busso da Alfa Romeo, nas suas várias cilindradas, do Alfa 6 até ao 166, passando pelo GTV6 2.5, deliciava alfistis e não só. As normas ambientais Euro 4 determinaram o seu fim, mas antes de sair de cena, ainda inicia uma “digressão de despedida”.

Depois de um 155 que afastara alguns entusiastas, as linhas do 156 souberam tocar o coração alfista, permitindo o relançamento da marca. Ao juntar-lhe a histórica sigla GTA (Gran Turismo Alleggerita), a “operação reconquista” tinha tudo para correr bem…

O 156 GTA é lançado em 2002, simultâneamente, em versão sedan e Sportwagon, com um kit carroçaria claramente desportivo, mas sem cair num tuning de mau gosto, que poderia desfigurar as linhas desenhadas por Walter de Silva. As jantes de 17 polegadas, deixando transparecer os travões Brembo de 305 mm, completam o estilo desportivo.

O interior mereceu igualmente alguns cuidados, com um equipamento completo, bancos específicos e acabamentos em alumínio no tabliê redesenhado. Com isto tudo o 156 GTA ultrapassa os 1400 kg, tornando-o mais Gran Turismo do que Alleggerita…

O motor, já sabemos que se trata de um V6, mas agora com uma cilindrada de 3.179 cm3, com uma caixa de seis velocidades. Este V6 3.2 24v chega assim aos 250 cv, o que em 2002, é uma potência respeitável (um BMW 330i contava então com 231 cv, 265 para um Audi S4). O já muito elogiado comportamento do 156, é agora optimizado, de modo a canalisar os 250 cavalos, unicamente, pelas rodas dianteiras: chassis rebaixado, suspensão reforçada, vias alargadas e um sistema ASR para moderar alguns excessos.

Não obstante a sua base mais familiar, o 156 GTA é perfeito para os papás mais hedonistas, seduzidos pelas suas linhas e encantados pelas suas performances na estrada, ao som do “violino de Arese”.

No ano seguinte, a mesma receita é aplicada ao 147 GTA, com um kit carroçaria específico, equipamento completo e suspensão revista, para desfrutar do V6 3.2 com os mesmos 250 cv, quando um Audi S3 conta com 210 cv e um Golf R32 com 241 cv, fazendo do 147 GTA o mais potente da categoria.

Apesar desta avalanche de potência num veículo tão compacto, o eixo dianteiro do 147 GTA consegue “aguentar os cavalos” graças a um eixo dianteiro particularmente trabalhado (à semelhança do 156), sendo que a colocação do diferencial Q2 será sempre uma mais valia para o comportamento.

Os 156 e 147 GTA são as versões mais desportivas do V6 3.2 e, certamente, as mais procuradas, mas existem alternativas para desfrutar deste mesmo motor. Assim, encontramo-lo igualmente nos últimos exemplares do coupé GTV e do Spider, bem como no coupé GT, mas agora com 240 cv e sem grandes alterações estéticas em relação às outras motorizações. Num modo mais senatorial (e com 230 cavalos), pode ainda apreciá-lo ao volante de um Lancia Thesis, modelo injustamente subvalorizado, mas que reúne o melhor de dois mundos: o prazer do V6 Busso com o luxo da Lancia (e até com alguns elementos do Maserati Quattroporte!).

Se a versão GTA 3.2 do 156 não for suficiente para si, poderá sempre tentar adquirir o 156 GTA… 3.7, construído pela Autodelta! Não, não tem nada a ver com a Autodelta de Carlo Chiti, trata-se antes de uma oficina inglesa, bem mais recente (Autodelta London Ltd), especializada na preparação de modelos Alfa Romeo.

No dia 1 de Janeiro de 2006, as normas ambientais oficializam o fim do V6 Busso (Giuseppe Busso, morre dois dias depois), substituído por um V6 Holden que nunca mereceu o entusiasmo dos alfistis. Assim, embora sejam automóveis lançados depois do ano 2000, os modelos equipados com o V6 3.2, com destaque para os 156 e 147 GTA, marcaram o fim de um capítulo e são por isso, garantidamente, futuros clássicos!