A curiosa e bem-sucedida história da Renault no Dakar

01/01/2021

A ligação da Renault ao Dakar remonta aos primórdios da prova… Os irmãos Marreau foram a grande surpresa da edição de 1979, já que, ao volante de um Renault 4, cometeram a proeza de – imagine-se! – terminarem na 2ª posição. Mas, três anos mais tarde, subiram ao lugar mais alto do pódio, depois de uma actuação notável aos comandos de um Renault 20 Turbo 4×4.

O Dakar sempre foi marcado pela dureza e por algumas participações bastante excêntricas. Mas, nas primeiras edições, do então Paris-Dakar, isso ainda era mais evidente. Na realidade, as listas de inscritos eram preenchidas por uma autêntica miscelânea de veículos: desde os vulgares 4×4, a buggies, a side-cars, a Rolls-Royce e até um Renault KZ de 1927!

E desafiar o Dakar aos comandos de um Renault 4? Mais do que uma excentricidade, provavelmente até era uma loucura. Mas os irmãos Claude e Bernard Marreau aceitaram o desafio, em 1979. Na partida, em Paris, o Renault 4 suscitou a curiosidade e a admiração de todos. Um “vulgar” modelo que tinha recebido uma transmissão 4×4, um depósito extra de combustível, amortecedores específicos e componentes diversos do Renault 5 Alpine, nomeadamente um motor preparado segundo as regras do então Grupo A, que debitava 140 cavalos de potência.

E, a verdade, é que um Renault 4 preparado para a extrema dureza da prova, não só chegou a Dakar, como esteve perto de conquistar a vitória entre os automóveis. Sim, na época, a classificação era conjunta para automóveis e motos. As três primeiras posições foram ocupadas por pilotos das duas rodas e o quarto lugar por um Range Rover tripulado por Genestier, Terblaut e Lemordant, logo seguido… pelo Renault 4 dos irmãos Marreau!

Em 1980, os franceses voltaram a apostar no Renault 4 e, para além de terem chegado a Dakar, ainda subiram ao derradeiro lugar do pódio.

Em 1981, os irmãos Marreau regressaram ao Dakar e sempre fiéis à Renault. Desta vez, a aposta recaiu no Renault 20, equipado com um motor turbo e transmissão 4×4. Nesta edição, a mecânica traiu-os, mas, em 1982, o modelo revelou uma notável fiabilidade e rapidez. E, para surpresa de todos, bateu equipas que, à partida, eram consideradas como as grandes favoritas, como os Mercedes oficiais de Ickx e Jaussaud ou mesmo os Lada Niva oficiais de Briavoine e Deliaire.

Entre 1983 e 1985, o Renault 18 Break 4×4 foi a aposta dos irmãos Marreau, que lhes permitiu chegar a Dakar classificados, respectivamente, no 9º, 5º e novamente 5º lugar.

No final da década de 1990, a Renault voltou a estar associada à história do Dakar, ao fornecer motores à equipa de Jean-Louis Schellesser, o polivalente e polémico piloto francês. O seu buggy-Renault foi o brilhante vencedor das edições de 1999 e 2000, contrariando o poderio da equipa oficial da Mitsubishi.

A história mais recente da Renault no Dakar está associada ao modelo Duster. Desenvolvido pela Renault Sport Argentina, o modelo estreou-se na edição de 2013 com um 29º lugar. Em 2014 conquistou a 14ª posição (4º da classe). Em 2015 voltou a chegar a Dakar e terminou duas etapas no Top3 e uma no Top5. Este ano, os Duster voltaram a demonstrar a sua fiabilidade e, talvez na mais competitiva edição da história, chegaram ao fim classificados no Top20.

Estórias de uma história de sucesso no automobilismo. Afinal, quantas marcas se podem orgulhar de já terem tido sucesso em disciplinas tão diferentes como a F1, o Mundial de Ralis, as 24 Horas de Le Mans, Velocidade Turismo, Fórmula E e o Dakar?