Alfa Romeo 33 Stradale, a beleza intemporal

17/05/2019

Em 1967, à margem do Grande Prémio de Fórmula 1, no circuito de Monza, as atenções não estão exclusivamente focadas no que se passa na pista. É que desta vez, além do espectáculo oferecido por Jim Clark, Jack Brabham ou Denny Hulme, uma obra-prima de design, realizada por Franco Scaglione, é apresentada ao público: o Alfa Romeo 33 Stradale.

O novo desportivo da casa milanesa conquista imediatamente o público, pelas suas linhas redondas, sem ailerons ou spoilers para perturbar a pureza do desenho. Em vez de agressividade, as curvas do Stradale acabam por ter uma certa sensualidade. O V8 é visível através do óculo traseiro e a abertura de portas em borboleta estende-se até ao tejadilho, de maneira a facilitar o acesso a um veículo que nem chega a um metro de altura.

Derivado do tipo 33 de competição, o Stradale é ligeiramente adaptado pela Autodelta para corresponder a uma utilização mais “civil”. O chassis tubular mantém-se mas a distância entre eixos é aumentada em 10 cm, sendo que o peso é bastante contido: 700 quilos a seco. Lá está, ligeiramente…

Quanto ao V8 do Stradale, não é apenas um belo objecto a contemplar. Trata-se de um motor de 2 litros de cilindrada com 230 cavalos de potência e um máximo de 8800 rotações por minuto (embora consta-se que alguns motores tivessem um “toque especial” oferecendo mais potência)! Com a sua relação peso/potência e a sua aerodinâmica particularmente afinada, o Stradale é capaz de atingir os 260 km/h!

Logo em 1968, o 33 Stradale sofre ligeiras alterações, sobretudo na parte dianteira com ópticas diferentes e a colocação de… retrovisores! Mas também não faz muito sentido elencar as diferenças entre as diferentes versões do Stradale, uma vez que a construção artesanal faz com que as 18 unidades, construídas até 1969, sejam todas diferentes entre elas, sendo que cinco foram utilizadas para a realização de concept cars, como é exemplo disso o Alfa Romeo Carabo da Bertone.

Mas o Stradale acabou por não ser bem sucedido do ponto de vista comercial. Desde já, o preço exorbitante de 10 milhões de liras trava o entusiasmo inicial, colocando o 33 Stradale mais facilmente na garagem dos sonhos do que na garagem real, sendo que a concorrência da altura também propõe desportivos e super desportivos, sem no entanto, atingir os valores pedidos pela Alfa Romeo.

Hoje em dia, tal como em 1967, o 33 Stradale continua a ser um sonho inacessível para a esmagadora maioria dos mortais. Mas isso é prisamente o único “defeito” das obras-primas!

Bruno Machado

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