Se nos princípios, pela mão de W.O. Bentley, a primazia era pela desportividade — seis vitórias em Le Mans (Ettore Bugatti chamava-lhes as locomotivas mais rápidas do mundo, uma alusão ao tamanho, muito maiores que os Bugatti de então —, quando foi adquirida pela Rolls-Royce foi dado um certo ênfase ao luxo/conforto.
Ainda assim, os modelos da Bentley, que após a II Guerra Mundial, eram versões dos modelos da Rolls-Royce, mas mais desportivos, com suspensões mais firmes e, consequentemente melhor comportamento a velocidades mais elevadas.
A Bentley hoje é uma marca autónoma, no entanto propriedade do Grupo Volkswagen. Com a politica de expansão de gama da marca, o Bentayga (Bentley+Taiga) deriva do projecto EXP9F apresentado em 2012.
Utiliza a mesma plataforma do Porsche Cayene, Audi Q7 e do Lamborghini Urus e o motor é o já conhecido W12 biturbo, com seis litros de capacidade, nesta versão com alguns retoques técnicos. Como motorizações opcionais, existem ainda as variantes V8, uma 4,0 litros Tdi (o primeiro diesel da Bentley) e a mais recente 4,0 litros a gasolina.
Dotado de dimensões generosas (mais de cinco metros de comprimento e quase dois de largura), o Bentayga é imponente e não passa despercebido no trânsito citadino.É o tipo de automóvel que impõe a sua presença. Apesar do peso — 2440 quilos em ordem de marcha — o fantástico W12, com 600 cavalos e 900Nm de binário confere-lhe uma ligeireza bastante fora do comum. A sensação que temos, ao volante, é que vamos a conduzir algo bastante mais leve.
Uma importante ajuda é a direcção, muito directa e com um grau de assistência…muito adequado, para ser modesto. Nota-se o tempo e cuidado posto nestes detalhes. Muito bem pensado…
Com uma posição de condução elevada e boa visibilidade, a experiencia é tudo menos intimidante. Conduz-se como qualquer utilitário, tal a facilidade com que a manobramos.
Quando conseguimos escapar ao trânsito citadino, já em estrada aberta, dou ao Bentayga a possibilidade de libertar os 600 cavalos…
A transformação é de uma suavidade quase desconcertante, muito Bentley refira-se, e em linha com o que vai acontecendo a bordo. Mesmo a um ritmo elevado, o que se passa no interior é quase perturbador. A palavra que me ocorre é… civilidade.
A cortesia na indução de sensações, como que a obedeceram às regras básicas de etiqueta e boas-maneiras, fazem do Bentayga um verdadeiro gentleman´s car.
Tanto que nem vou maçar o leitor com detalhes corriqueiros e vulgares como velocidade máxima e acelerações de 0-100km/h… deixo isso para outros, que não serão difíceis de encontrar….
Digamos só que todos os números gerados nas medições de performance do Bentayga são… bastante adequados. Só!
O acelerador, perfeitamente calibrado, permite, no retomar da aceleração, puxá-lo para a saída da curva e catapultá-lo para a próxima. O Bentayga é um SUV que gosta de curvar… e muito depressa. As rectas ficam extremamente curtas e na curva que temos à frente o processo repete-se, vezes e vezes sem conta. Dá a sensação de ser capaz de o fazer o dia todo, impunemente.
Quem me conhece sabe que não sou grande apologista deste tipo de veículos. Os SUV, até agora, sempre me pareceram um grande desperdício de espaço, pesados, desajeitados… ou seja, não valem o espaço que ocupam. Até agora….
O Bentayga é muito diferente!
Hélio Valente de Oliveira
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