Bugatti Type 57S Atalante pode chegar aos onze milhões de euros em leilão

06/09/2022

O Bugatti Type 57 foi uma linha de automóveis desportivos, produzidos pela marca francesa de 1934 a 1940, com um total de 710 exemplares construídos, com o desenho a cargo de Jean Bugatti, filho do fundador da marca, Ettore Bugatti.

Todos eles utilizam o famoso motor de oito cilindros em linha, com 3,3 litros de cilindrada, duas árvores de cames à cabeça, que tinha por base o mesmo motor utilizado nos Type 49, mas com bastantes alterações efectuadas por Jean.

O Type 57S era a versão mais baixa do modelo, com o S a significar Surbaissé, ou seja, “rebaixado”. Para produzir estes modelos, a Bugatti teve de redesenhar por completo o Type 57, como é exemplo a aplicação de sistema de lubrificação por cárter seco, para diminuir a altura do motor, assim como o eixo traseiro teve de ser recolocado para o meio da secção traseira, ao invés de estar por baixo desta. A suspensão da frente também foi alterada, adoptando um formado independente, algo que não era do agrado de Ettore. O motor de oito cilindros no Type 57S debitava uma potência de 175cv.

Com base nos chassis do Type 57S e inspirando-se nos icónicos Type 57 Atlantic, a Bugatti produziu o Type 57 Atalante, com um desenho mais subtil, adicionando um para-brisas de uma única peça e foi retirada a barbatana traseira. Dos 43 Type 57S produzidos, apenas 17 são do modelo Atalante, fazendo com que sejam muito procurados por coleccionadores, tal como acontece com toda a linhagem Type 57.

Presente neste artigo está um Bugatti Type 57S Atalante ainda mais especial, pois foi o primeiro modelo Atalante a sair da fábrica Molsheim, a 26 de Agosto de 1936 pintado de azul e branco. Além disso foi um dos poucos que competiu na época, entrando na Concours International de Tourisme Automobile Femenin Paris-Vichy-St Raphael de 1937, uma competição reservada apenas a senhoras.

Foi vendido pelo piloto oficial e representante da marca Gaston Descollas, a Marcel-Louis Bertrand, para substituir um outro Type 57 que foi danificado num acidente. Seis meses após ser entregue a Bertrand, este emprestou o automóvel à mulher de Descollas, Claire, para efectuar o rali mencionado no parágrafo anterior. Pouco tempo depois do rali, o automóvel foi pintado na cor que mantém hoje, preto e vermelho e os seus faróis foram substituídos por uns mais modernos. Durante a Segunda Guerra Mundial, este Type 57 esteve escondido numa quinta de um tio de Bertrand.

Poucos anos após a Guerra terminar, o Bugatti seria colocado à venda no concessionário de Paris, Dominique Lamberjack, sendo vendido a Antoine Triper. No início dos anos 50 iria para os EUA, através da Bill Frick Motors, conhecida por aplicar os potentes motores Cadillac em modelos da Ford e Studebaker. Voltaria para a Europa em 1971 quando foi adquirido por Michel Poberejsky. Seria submetido a um restauro, pois o automóvel encontrava-se parcialmente desmontado, onde iriam ser aplicadas várias peças do Type 58C, incluindo o motor e o compressor Roots, para debitar 200cv de potência, mantendo a sua rara carroçaria com tecto de abrir intacta, que se pensa ser o único em que este sistema ainda funciona, ainda que durante um período da sua vida, tenha sido equipado com um tejadilho de plástico.

Após estar com o mesmo proprietário quase 30 anos, irá ser levado a leilão no próximo dia 9 de Setembro, através de um evento da RM Sotheby’s em St. Moritz, na Suíça, tendo um valor de venda esperado situado entre os nove e os onze milhões de euros.