Cadillac Cyclone: O foguetão supersónico sobre rodas

23/08/2018

O Cadillac Cyclone, também conhecido por XP-74, é um protótipo, nunca pensado para a produção, construído em 1959. Foi o último protótipo desenhado pelo famoso designer da General Motors, Harley Earl, com a função de ser um automóvel de testes para o futuro do design e da tecnologia, dando continuidade a um longo período de desenvolvimento de automóveis experimentais, sendo o 38º desde o Buick Y-Job de 1938.

Foi mostrado ao público pela primeira vez na pista de Daytona Beach, a 21 de fevereiro de 1959, para a inauguração da prova Daytona 500, e posteriormente levado ao Motorama da GM. Nessa sua apresentação o automóvel sofreu várias avarias, pois não estava acabado, devido à reforma de Earl.

O Cyclone tem uma carroçaria em aço, construída sob uma plataforma monocoque com 2642mm, equipado com um motor Cadillac V8, de 6.4L e 6382cc, com 16 válvulas à cabeça, que debitava 325cv às 4800rpm e 588Nm de binário às 3100rpm. A alimentação de combustível era feita com um carburador quadruplo Weber. O diferencial tinha duas velocidades, para permitir a escolha de 6 velocidades, através da caixa Hydra-Matic de três velocidades, também ela montada na traseira.

Não é certo que este sistema de duas velocidades tenha sido ligado e que funcionasse, mas no interior tem o manípulo da caixa com seis velocidades. Uma das inovações era o seu sistema de suspensão, em que as 4 rodas eram independentes. Os travões eram de tambor nas mesmas, com assistência a ar, equipado com um servofreio a ar e não de vácuo, utilizando o mesmo sistema da suspensão, também ela a ar. Os tambores de trás estavam montados no interior, ou seja, junto ao diferencial. A direção era também assistida, utilizando uma engrenagem hidráulica de válvula rotativa da Saginaw, com uma relação variável. Todos estes sistemas faziam com que o Cyclone pesasse 2100Kg.

Mas, a grande inovação para a época era o sistema de aviso de colisão através de sensores radar de proximidade da Delco, que se encontravam nos dois cones pretos da frente, que avisa o condutor, tanto com um sinal sonoro, como com uma luz avisadora no painel de instrumentos, quando este se aproximava, perigosamente, de um obstáculo, aplicando os travões em caso de risco eminente de acidente. Nos cones também estavam os sensores de posição, que faziam com que o automóvel virasse sozinho, através de um envio de sinal da estrada. Estava também equipado com Cruise Control.

Havia também speakers no lado de fora do automóvel, para ouvir música quando a capota estava aberta. Já que se fala de conforto, também estava equipado com ar condicionado automático e um sensor de chuva, que acionava o mecanismo de fecho da capota se esta estivesse aberta.

Ao nível do design, bastante futurista, inspirado pela aviação e pelos foguetões, algo que na época estava na “moda”, o Cyclone tinha a capota de plástico em forma de bolha, que abria automaticamente, em conjunto com as portas de correr, acionadas eletricamente. Uma curiosidade acerca das portas, era que estas tinham uma pequena abertura no centro, para o condutor pagar portagens, por exemplo, isto porque as janelas não abriam.

A capota, construída em plástico laminado para dar uma visão de 360º aos passageiros, era pintada de leve em cinzento por dentro com proteção UV para os ocupantes, e esta era guardada no compartimento da bagageira, onde possuía uma zona de proteção com uma almofada. A saída de escape estava localizada logo a seguir aos cones, antes das rodas da frente. Os quatro faróis da frente são retráteis, “escondendo-se” atrás da grelha.

Ao longo dos tempos, o Cadillac Cyclone foi remodelado diversas vezes, como por exemplo, foi originalmente pintado de branco e posteriormente de cinzento. Nas “barbatanas” tinha o logótipo da GM Air Transport, mais uma referência a sua inspiração aeronáutica, mas que depois de pintado em cinzento, este deixou de estar presente e passou a ter o logotipo “Cyclone”. As próprias “barbatanas” diminuíram o seu comprimento, além de um redesenho na traseira, da grelha e nas jantes de 14” em alumínio, tudo isto em 1960. A suspensão a ar, que deu bastantes problemas, foi posteriormente substituída por uma de mola e amortecedor convencional.

Os bancos são em pele e pintados em cinzento também, mas originalmente tinha interior azul. Os mostradores eram inspirados na aviação e havia um sistema de som do interior para o exterior, de modo a que as pessoas pudessem falar de dentro para foram do automóvel, sem abrir a capota.

O Cadillac Cyclone continua na posse da GM e apareceu em vários eventos de clássicos, e por vezes está em exposição no GM Heritage Center.

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