Citroën 2CV Sahara 4×4, a resposta da marca francesa aos todo-o-terreno

21/06/2019

O Citroën 2CV foi um dos automóveis mais marcantes da época, inclusivamente para a marca francesa. Começou a ser desenvolvido no final dos anos 30, com a designação TPV, como um automóvel destinado à população rural francesa com poucas possibilidades. O Citroën TPV estava pronto para iniciar a produção em 1939, mas com o começo da Segunda Guerra Mundial a produção foi adiada. Durante esse período, muitos dos protótipos do TPV foram destruídos, incendiados e escondidos, para não serem descobertos pelos Nazis.

Após o final da Guerra, o projecto foi recomeçado e todo redesenhado. A carroçaria em alumínio foi substituída por uma de aço e várias outras alterações foram efectuadas, para tornar o automóvel mais fiável, prático e barato. Aquando o lançamento, a recepção não foi a melhor, mas o público alvo acolheu-o muito bem. O Citroën 2CV tinha espaço para quatro ocupantes, podendo atingir os 60 km/h, com uma suspensão que resistia às más estradas rurais e a pequenas incursões fora de estrada. A produção teve de ser constantemente aumentada, de modo a responder às encomendas, pois chegou ao ponto de haver cinco anos de espera e os modelos usados estavam a ser vendidos mais caros que novos.

O Citroën 2CV tinha uma boa altura ao solo, suspensão independente na frente e traseira, um consumo de combustível bastante baixo e um motor de dois cilindros opostos, de 375 cc e 9 cv refrigerado a ar, com uma manutenção muito fácil. A capota era feita de materiais à prova de água, podendo ser recolhida para transportar objectos maiores. A produção do 2CV manteve-se de 1948 a 1990, com mais de cinco milhões de unidades construídas, em diferentes configurações.

Uma das versões mais peculiares construída pela Citroën é o 2CV Sahara 4×4, um modelo pensado para os montes franceses e para as colónias francesas, uma certa resposta aos Land Rover e Jeep. Ao contrário de desenvolver toda uma nova mecânica para este modelo, a Citroën montou um motor e caixa de velocidades na traseira, exactamente igual ao da frente, com ambos a trabalharem separadamente, podendo ter tracção frontal, traseira ou integral. Atingia os 65 km/h com um motor ou 105 km/h com os dois motores a trabalhar. Além disso havia dois depósitos de combustível, debaixo dos bancos da frente. De resto, a condução era igual à de um 2CV tradicional, com uma só alavanca das velocidades e um pedal de acelerador e embraiagem.

Os dois motores de 12 cv cada, ou seja, 24 cv no total, faziam do 2CV Sahara 4×4 um modelo bastante capaz para o todo o terreno, ajudando também pelo facto de ter um baixo peso, suspensão independente reforçada e um chassis especial. Mesmo se um dos motores falhasse, havia o outro para poder continuar a andar, um automóvel fantástico para se deslocar nas zonas mais remotas, mesmo em África. Um dos elementos que mais se destaca é o pneu suplente no capot na frente, muito ao estilo dos Land Rover. A Citroën só produziu 694 exemplares do 2CV Sahara de 1958 a 1971, pois o preço era mais alto que o 2CV tradicional. A partir de 1962, este modelo perdeu a designação Sahara, devido à independência da Argélia, e passou a ser vendido como 2CV 4×4.

O exemplar presente neste artigo está totalmente original, inclusivamente os motores são os mesmos que foram montados no automóvel quando saiu da fábrica. Tem um historial completamente conhecido desde novo, com somente um dono registado e um esquema de cores pouco visto, o azul claro no exterior e estofos vermelhos no interior. Tem ainda os manuais e o catálogo de peças extra originais. Este modelo foi levado a leilão pela RM Sotheby’s no passado mês de Maio, em Villa Erba, sendo vendido por 74.750€.

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