Fiat Uno Turbo i.e.: O “pocket rocket” italiano

12/05/2020

Lançado em 1983, o Fiat Uno foi um modelo incontornável do segmento utilitário na década de 80, juntamente com o Peugeot 205, Renault Super 5 ou Opel Corsa. E, tal como os seus concorrentes, contou com uma versão desportiva, imprescindível em plena “era GTi”.

Essa “era GTi” coincidia com a, igualmente famosa, “era Turbo” da Fórmula Um, na qual participavam a Renault e, de certa maneira, a Fiat, através da Ferrari, ligação que a marca de Turim não deixou de realçar na sua publicidade. Marketing ou verdadeira opção técnica, o certo é que a sobrealimentação foi a solução adoptada pela Fiat e pelo rival gaulês, para as respectivas versões desportivas dos seus pequenos utilitários.

Inicialmente sem stickers laterais, o Turbo i.e. (Iniezione Elettronica) não era muito ostensivo: spoilers, faróis anti-nevoeiro, discretas extensões de plástico nos guarda-lamas e pouco mais. Curioso, é o símbolo da Abarth, alheia à concepção do Turbo i.e., no centro das jantes de 13 polegadas…

No habitáculo, relativamente espaçoso para a categoria, a alcatifa vermelha e os bancos específicos lembravam os ocupantes de que estavam sentados num verdadeiro “pocket rocket”.

O motor era um 1.301 cc de 105 cavalos, com turbo IHI e injecção electrónica Bosch Jetronic, que, articulado com a caixa de cinco velocidades do Ritmo 105 TC, permitiam ao Turbo i.e. alcançar os 200 km/h. Infelizmente, se o motor era entusiasmante, o chassis, por seu lado, não estava à altura das referências da época (a começar pelo 205 GTi), com uma tendência para a subviragem que tinha de ser corrigida pelo condutor. O Turbo i.e sempre era mais divertido que os desportivos actuais e os seus “anjos da guarda” electrónicos…mas também não era tão seguro.

É de referir ainda, a presença do dispositivo Antiskid (ABS) a partir de 1988, para complementar o papel dos discos ventilados (à frente).

A grande evolução ocorreu em 1989, quando a gama Uno foi redesenhada, aproximando-se esteticamente do Tipo. Paradoxalmente, o Turbo .i.e., tornou-se exteriormente mais discreto (ao desistir dos stickers), ao mesmo tempo que se tornava ainda mais potente, com um novo motor de 1.372 cc e um novo turbo (Garrett T2), chegando assim aos 118 cavalos (115 com catalisador). O habitáculo do Turbo i.e. beneficiou das mesmas evoluções, acrescentando um volante Momo específico. A evolução mecânica foi bem acolhida, lamentando-se apenas que o chassis não tivesse beneficiado das mesmas atenções.

Com um preço contido, o Fiat Uno Turbo i.e. constituía, na altura, uma excelente alternativa aos 205 e Renault 5 GT Turbo. Hoje em dia, a constatação mantém-se. Tal como os seus rivais, um Fiat Uno Turbo i.e. em bom estado (e sem tuning), é cada vez mais raro de se encontrar. Mas se mesmo assim, preferir uma versão ainda mais exclusiva, poderá sempre ir em busca das versões “Formula” de 1988 ou “Racing” de 1991, ou então com quadrante electrónico. Mas seja lá qual for a versão do Uno Turbo “Yeah!”, diversão é que não vai faltar!