No dia 1 de junho de 1928 novas regras de circulação vieram revolucionar os hábitos dos condutores portugueses com a obrigatoriedade de circular à direita. Para o efeito, criaram-se dísticos Pela Direita que foram espalhados um pouco por todo o lado, contribuindo para a boa ordem da circulação automóvel.

Como não podia deixar de ser, esta mudança profunda mereceu a atenção da imprensa: “Pela direita, desde manhã, que se anda ao contrário sem prejuízos dignos a registar-se. Agora é que isto se endireitou. Desde as 5 horas da manhã que tudo gira pela direita”, dava conta nesse dia o Diário de Lisboa.

Curiosamente, foram os automobilistas da capital a estrear, de madrugada, a condução à direita com o resto do País a seguir o exemplo a partir da meia noite desse dia. Não tendo esta alteração “graça nenhuma” pelo facto de passar-se a “girar ao contrário”, como noticiava aquele jornal vespertino, reza a história que pelo menos foi acolhida de forma pacífica pelos condutores “que uma vez perdido o receio de desastres que andava nas preocupações do público, girando tudo ao contrário, todos seguem a sua rota como dantes com mais cautela como sempre devera ser, mas também sem embaraços que mereçam registar-se áparte”.

A nova regra de trânsito que alterou os hábitos dos portugueses, sobretudo dos condutores que na época eram mais de 31 mil (para 28.000 veículos existentes), foi alvo de uma grande campanha de sensibilização organizada pelo Diário de Notícias com o patrocínio da Vacuum Oil, através de cartazes e faixas colocados por todo o País.

Portugal abandonava assim a influência britânica de conduzir à esquerda um ano depois de ter sido criada a Junta Autónoma de Estradas, altura em que foram publicados não um, mas dois códigos da estrada, onde se optava pela regra francesa e americana da circulação se fazer pela direita.

Também foi esta a opção tomada pela generalidade dos países europeus e suas colónias ultramarinas, mas Portugal deixou de fora os territórios que confinavam com países onde se conduzia pela esquerda como Macau (porque os carros vinham de Hong Kong), Goa e Moçambique.

Com a censura em vigor, alguma impresa da época aproveitou as novas regras de circulação para comentar a orientação política da Ditadura Militar.

Noticia: Auto Clube ACP